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quarta-feira, 22 de junho de 2011

Safra grande e demanda fraca derrubam algodão - 22/06

Safra grande e demanda fraca derrubam algodão O arrefecimento da demanda por algodão no Brasil e a entrada da safra trouxeram os preços do produto no mercado interno para os menores níveis desde 22 de setembro do ano passado. Pelo segundo dia consecutivo, a pluma fechou a R$ 2,05 por libra-peso, de acordo com levantamento da Safras & Mercado. Desde que os preços atingiram níveis recordes no mercado doméstico - puxados pela guinada das cotações internacionais -, as fiações e tecelagens vêm tendo dificuldades de repassar a alta de seus custos e, por isso, vêm reduzindo o ritmo de atividade. Por conta desse cenário, as indústrias desse segmento já preveem voltar ao patamar de consumo da pluma registrados em 2003, na casa dos 800 mil toneladas.Como o crescimento maior de produção no Brasil - a estimativa da Conab é de aumento de 71% -, a correção dos preços para baixo foi mais intensa no mercado interno do que na bolsa de Nova York, explica o analista da Safras & Mercado, Élcio Bento. Desde que o movimento de recuo dos preços começou - por volta de 1 de abril -, a retração já alcançou 44% no mercado interno. No mesmo intervalo, as cotações na bolsa americana recuaram bem menos, 32,44%.Ainda segundo a Conab, a área plantada com algodão no Brasil, que começa a ser colhida neste mês, cresceu 66,4% para 1,39 milhão de hectares. Na média mundial, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), essa área crescerá 14,5%.Ao mesmo tempo em que a produção cresce a níveis recordes no Brasil, ainda não se sabe se a demanda interna vai crescer ou sequer repetir o desempenho do ano passado, observa Bento.A Conab prevê que o saldo entre produção e consumo no Brasil será de 986 mil toneladas, um dos mais altos da história. O número considera uma produção recorde de 2,05 milhões de toneladas e um consumo interno de 1,065 milhão de toneladas.Mas a indústria têxtil, após os elevados custos de aquisição de matéria-prima nos últimos 12 meses, pode não conseguir manter o robusto consumo de 1,065 milhão de toneladas da fibra, avalia Ivan Bezerra Filho, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit).Ele estima que o consumo da pluma este ano ficará no patamar de 800 mil toneladas, 24,8% abaixo do estimado pela Conab. A última vez que as indústrias têxteis nacionais tiveram esse nível de demanda foi em 2003. Assim, o saldo entre oferta e demanda pode saltar para 1,2 milhão de toneladas. As exportações de algodão também devem ser recordes e atingir 600 mil toneladas, ante as 450 mil toneladas de 2010, segundo a consultoria. Mas, ainda assim, os estoques finais da pluma devem aumentar, das 106 mil toneladas da temporada 2009/10 para 602 mil toneladas na safra 2010/11, caso o consumo seja de 1,065 milhão de toneladas, como estima a Conab. Mas se a demanda da indústria, de fato, ficar em 800 mil toneladas, o estoque de passagem pode subir para 802 mil toneladas, o que deve influenciar os preços no Brasil.Bezerra explica que atualmente dez fiações, do total de quarenta existentes no país, estão em férias coletivas, algumas já pelo segundo mês consecutivo. "Atualmente, a libra-peso no mercado interno está na casa dos R$ 2, mas chegou a bater R$ 4. Esses preços muito elevados deixaram muitas indústrias em dificuldades financeiras", afirma Bezerra.O encolhimento ocorre em toda a cadeia têxtil, desde a fiação, afetada pela alta do algodão, até a confecção, fortemente impactada pelo câmbio e facilidades de importação, afirma Bezerra.

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