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quarta-feira, 22 de junho de 2011

Estrelas de fundos hedge globais estão pessimista​s

Estrelas de fundos hedge globais estão pessimistas Os gestores de fundos hedge estão se preparando para entrar no segundo semestre com muitos motivos para serem pessimistas - e não muitos, ao que parece, para esperar ganhar dinheiro. Uma série de choques macroeconômicos desde o começo de 2011 está afetando os portfólios de grandes gestoras de fundos que negociam com base nos movimentos econômicos mundiais. Muitos temem que o pior esteja por vir.Em maio, os fundos hedge tiveram uma perda média de 1,18%, segundo a Hedge Fund Research. Mas na média os fundos hedge "macro globais" - que tendem a ser os maiores e mais festejados do setor - perderam mais que o dobro disso: 2,38%.O ano caminha para ser o terceiro seguido de desempenhos ruins para os fundos macro globais, especializados em apostas em taxas de juros, bônus soberanos e moedas. E a lista dos que estão no vermelho está cheia de nomes muito conhecidos. Segundo os números mais recentes de maio e junho, fornecidos por investidores, perdem no ano o principal fundo da Caxton Associates (3,38%), Tudor Investment Corporation (2,25%), Moore Capital (2,84%) e da Fortress (2,44%).Os fundos macro que se concentram nos mercados emergentes estão se saindo ainda pior. O fundo de emergentes da Brevan Howard acumulava perda de 4,64% no ano no fim de maio, segundo um investidor. O fundo de mercados emergentes da Moore Capital, gerenciado pelo conhecido operador Greg Coffey, uma luz no firmamento dos fundos hedge de Londres, perdeu 7% no mesmo período.Essas perdas não são individualmente enormes, mas são desmoralizantes - por ocorrem após meses de retornos fracos para os fundos macro globais, depois do período mais complicado da crise financeira. "Parece que estamos entrando num redemoinho de más notícias", afirma o diretor de investimentos de um dos maiores fundos hedge macro do mundo, que pediu para ficar no anonimato. "Algumas pessoas estão mudando para 'cash' [aplicações em títulos de curto prazo e alta liquidez], pelo menos pelas próximas semanas."O verão no Hemisfério Norte - tradicionalmente um período mais calmo para os mercados - vem se mostrando um teste todos os anos desde o começo da crise em 2007. Este ano, dois grandes temas estão ocupando a cabeça dos gestores: uma reversão do sentimento em relação à economia dos Estados Unidos e a crise da dívida da zona do euro. "Está havendo uma disputa desagradável entre o dólar e o euro", disse Jens Nystedt, estrategista global da Moore Capital, na GAIM Hedge Fund Conference, que está acontecendo em Mônaco. "O Fed quer ver o dólar em baixa em relação a qualquer coisa, incluindo o euro", acrescentou Nystedt.Mas não importa o quanto o dólar poderá cair, o problema é que a crise na Europa parece estar se agravando. Vender a descoberto a moeda da zona do euro é o "negócio de manada do momento", observou outro gestor de fundos hedge na conferência.Há quase um ano, gestores macro foram bastante prejudicados por uma onda de vendas a descoberto de euro e posições compradas de moedas asiáticas, o que na ocasião pareceu ser uma ideia brilhante. Os fundamentos eram sólidos, mas vendas técnicas asiáticas desencadearam uma onda de desmanche de posições que atingiu os operadores. Mas os esforços das autoridades monetárias da Europa para evitar a precipitação de cláusulas de "default" sobre os contratos de swaps de "defaults" de crédito gregos desencorajou totalmente os gestores de fundos hedge a usarem os derivativos, deixando o câmbio como a única alternativa com liquidez para expressão de um ponto de vista.Mas para alguns há preocupações muito maiores. "O euro é um espetáculo completamente secundário", diz o diretor de investimentos de um dos maiores fundos hedge macro global do mundo. "O que está acontecendo nos Estados Unidos, e o que vai acontecer a todos os negócios em recuperação é a verdadeira questão."Com uma terceira rodada de afrouxamento quantitativo pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) aparentemente fora de cogitação, várias dúvidas sobre a possibilidade de uma desaceleração dos EUA vêm surgindo. Preocupações com o rumo da recuperação da economia americana já começaram a atingir os portfólios de alguns gestores - muitos deles nem mesmo especialistas em fundos macro globais.A Paulson & Co. em particular vem recebendo um golpe duro. Seu principal fundo, o Advantage Plus Fund, que gerencia US$ 9 bilhões, acumula perda de 20% no ano. Outras administradoras como a Appaloosa Management, de David Tepper, estão vendendo suas grandes participações em bancos americanos.Em meio a essas perdas, os gestores estão tentando descobrir o que podem fazer para diluir os riscos. O Och-Ziff, fundo hedge americano com US$ 30 bilhões de ativos que é negociado em bolsa de valores, revelou na semana passada que se desfez de grandes apostas com opções de empresas do índice S&P 100, num aparente "hedge" contra a volatilidade no verão americano.Vender dólares a descoberto continua sendo uma prática popular - mas ela raramente tem sido feita com grande convicção, graças às incertezas em relação ao euro e a Ásia. Enquanto isso, apostar nas commodities também tem lá seus riscos quanto à volatilidade.O maior problema - e não só para os operadores de fundos hedge macro globais - é que oportunidades de investimentos verdadeiramente diversificadas estão muito escassas. Conforme Kevin Harrington, diretor de análises da Clarium Capital, uma gestora de fundo hedge dos EUA, disse durante a GAIM Conference: "Todo mundo já teve um portfólio macro global acidental, fazendo grandes apostas sobre a inflação sem necessariamente perceber isso".Harrington observa que, esteja você apostando em bancos americanos, petróleo, mercados emergentes ou bônus, "você está fazendo a mesma aposta, só que de várias maneiras diferentes". Para alguns grandes gestores de fundos hedge macro globais, esse é um dilema que leva a apenas uma conclusão: neste verão, assim como o de 2008, bons mesmo serão os investimentos em "cash".

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