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quarta-feira, 15 de junho de 2011

Comodities Agricolas

Commodities Agrícolas

Fator câmbio
Os contratos futuros do café arábica com entrega em setembro deste
ano encerraram o pregão de ontem na bolsa de Nova York a US$ 2,7230 por
libra-peso, com alta diária de 180 pontos. De acordo com analistas de mercado
ouvidos pela agência Dow Jones Newswires, o movimento altista se deveu à
desvalorização do dólar. O mercado, no entanto, observa com atenção a situação
climática nas regiões produtoras do Brasil - o maior produtor do grão do mundo
-, que pode sempre afetar o desempenho das lavouras. No momento, porém, "não há
ameaças no curto prazo", dizem os analistas. No mercado doméstico, o indicador
Cepea/Esalq para a saca de 60 quilos do café ficou em R$ 528,38, com alta de
0,02%. No mês, a commodity acumula desvalorização de 0,57%.

Melhora nas lavouras
Assim como ocorreu com o milho, os futuros da soja
recuaram por causa da melhora nas condições climáticas nas regiões de produção
americanas. Os papéis para agosto fecharam a US$ 13,6250 na bolsa de Chicago,
retração de 15 centavos de dólar. O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA)
disse na semana passada que as reservas do grão antes da próxima colheita vão
subir, uma vez que a demanda por exportação está em queda. Ainda segundo a
Bloomberg, o banco central chinês aumentou o compulsório dos bancos como forma
controlar a inflação, o que pode trazer algum desaquecimento na China, a maior
importadora mundial do grão. No mercado interno, o indicador Cepea/Esalq para a
soja no Paraná recuou 0,48% com a saca a R$ 45,36.

Clima favorável
Apostas de que o clima favorável vai melhorar as condições das
lavouras de milho americanas fizeram com que as cotações do grãos recuassem
ontem na bolsa de Chicago. Os contratos com vencimento em maio fecharam a US$
7,29 o bushel, queda de 22,75 centavos de dólar. De acordo com informações do
Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em torno de 69% da
lavoura de milho estava em condições boas ou excelentes em 12 de junho, alta de
67% na comparação com a semana anterior. "O mercado está com foco no rápido
avanço do plantio e na melhora das condições das lavouras", disse à Bloomberg
Nate Smith, da Linn Group. No mercado interno, o indicador Cepea/Esalq para o
milho fechou com alta de 0,10%, com a saca de 60 quilos a R$ 31,22.

Colheita avançada
A colheita acelerada do trigo nos EUA ajudou na queda das
cotações do cereal nas bolsas americanas. Os futuros para setembro encerraram
em Chicago com retração de 14 centavos, a US$ 7,62 por bushel. O mesmo
vencimento em Kansas fechou a US$ 8,5875 por bushel, queda de 10,25 centavos de
dólar. De acordo com informações do Departamento de Agricultura dos Estados
Unidos citados pela agência Bloomberg, em torno de 22% do trigo de inverno foi
colhido até 12 de junho, acima dos 13% da média dos últimos cinco anos. A
produção do trigo de inverno pode alcançar 1,45 bilhão de bushels (39,5 milhões
de toneladas), 1,8% acima da previsão de maio. No mercado do Paraná, a saca de
60 quilos do cereal ficou estável em R$ 26,79, segundo levantamento do
Deral/Seab.



Suco mantém preço alto no mercado externo
Os preços internacionais do suco de laranja, apesar da estimativa de boa safra no Brasil, continuam aquecidos. As indústrias e os importadores estão sem estoques, devido à baixa produção de laranja nas duas últimas safras. Os estoques devem ser repostos nesta e na próxima safras.
A avaliação é de Maurício Mendes, presidente-executivo da InformaEconomics FNP e consultor do Grupo de Consultores em Citros.
As duas safras anteriores ficaram próximas de 280 milhões de caixas (40,8 quilos). A que se inicia neste ano deverá atingir 360 milhões.
Se os preços vão bem no exterior -onde a tonelada de suco chega a US$ 2.650 em Roterdã, 32% mais do que há um ano-, o mesmo não ocorre internamente.
Com esse patamar de preços no mercado externo, as indústrias deverão fechar os contratos de entrega de suco para os próximos meses em condições melhores.
Internamente, as indústrias abriram a safra pagando R$ 6 por caixa para os produtores, após terem pago até R$ 15 no ano passado.
Uma boa notícia para o produtor é que, mesmo com os preços elevados da laranja no ano passado, o consumo da fruta "in natura" não caiu, segundo Mendes.
Ele atribui essa manutenção de consumo ao crescimento da renda interna. Com preços menores da fruta neste ano, a demanda por laranja "in natura" pode crescer ainda mais, "mas essa evolução tem um limite", diz ele.
Bom crescimento interno no consumo de laranja pode levar ao ajuste nos preços da caixa, mas com certeza o produtor não vai obter valores tão elevados como em 2010, diz Mendes.
As indústrias vão testando os patamares de preços, levando em consideração o consumo de produto "in natura" e a própria demanda industrial.

A peso de ouro
A alta dos preços do algodão nos mercados interno e externo tornou o produto tão valioso que algumas empresas estão fazendo o transporte pelas estradas brasileiras com escolta armada.

Grande procura
Em tempos de preços elevados e estoques escassos, o Brasil virou alvo não só dos grandes importadores de café, mas também de médios e pequenos.

Visitas
As empresas que acompanham e analisam o setor de café têm filas de estrangeiros à procura de informações. Antes, a lista continha apenas as grandes empresas.

Ventos favoráveis
O clima mais quente favorece o plantio de milho nos Estados Unidos. Com isso, os preços recuaram na Bolsa de Chicago. O primeiro contrato caiu 3,45% ontem, para US$ 7,55 por bushel.

Acima
As exportações de celulose renderam US$ 428 milhões em maio, 6% mais do que 2010.

Frigorífico paga por qualidade
Novas exigências do mercado consumidor e a busca por maior valor agregado fizeram o Marfrig desenvolver um programa de melhora na carne. O frigorífico anuncia nesta semana, na Feicorte, a implementação de um clube exclusivo de criadores que adotem práticas de bem-estar animal e ações socioambientais.
A empresa passa a financiar a genética (sêmen e inseminação) para os produtores. Já os pecuaristas passarão a receber um valor superior ao da cotação Cepea.
Em 2009/10 foram inseminadas 40 mil fêmeas com sêmen angus. No final de 2010 e início de 2011, outras 70 mil. As 40 mil vacas devem gerar 32 mil animais prontos para abate até o final de 2011 e início de 2012. As 70 mil, 56 mil até o final de 2012 e início de 2013.

Brasil será maior produtor mundial, afirma ministro
O Brasil deve se tornar o maior fornecedor mundial de produtos agropecuários nos próximos dez anos, segundo o ministro Wagner Rossi (Agricultura).
De acordo com estudo do ministério, até 2021 a produção de grãos deve ser expandida em 23% e a área de colheita vai aumentar 9,5%.
A safra de feijão, arroz, milho, soja em grão e trigo deve superar 175,8 milhões de toneladas na próxima década. No ano passado, foi de 142,9 milhões de toneladas.
A produção de carnes deve ter expansão de 27% e, com isso, o volume deve superar 31,2 milhões de toneladas. Atualmente, a produção é de 24,6 milhões de toneladas.

Senado dos EUA não aprova fim de taxa e subsídios ao álcool
Fracassou ontem uma tentativa no Senado dos EUA de eliminar totalmente a tarifa à importação de álcool e os subsídios ao produto, que afetam diretamente o setor açucareiro brasileiro.
Por 40 votos a favor e 59 contra, a emenda contrária às barreiras comerciais ao álcool não conseguiu ser aprovada (eram necessários 60 votos).
A Casa Branca disse ser contra o fim de subsídios a produtores americanos neste momento (US$ 6 bilhões/ano). Os brasileiros também recebem, mas o incentivo é mais que eliminado por tarifa ao importar




Produção de grãos poderá crescer 23% até 2020/21

A forte elevação do consumo doméstico de alimentos, combinada com a crescente
demanda por comida nos países emergentes, levará o Brasil a dar um salto de 23%
na produção global de grãos, fibras, cereais e carnes nos próximos dez anos.
A projeção, divulgada ontem pelo Ministério da Agricultura, avalia que a forte
expansão se dará com o crescimento de apenas 9,5% na área plantada até o
ano-safra 2020/2021, calcula a Assessoria de Gestão Estratégica do ministério.
O Brasil deve elevar sua produção de grãos a 175,8 milhões em dez anos. A
produção de carnes será elevada em 26%, de 24,6 milhões para 31,2 milhões de
toneladas até 2020. "Os números são conservadores mesmo. Pessoalmente, acho que
vamos passar disso, mas é para evitar um otimismo exagerado que leve a uma
frustração", disse o ministro da Agricultura, Wagner Rossi.
As projeção do governo apontam para um crescimento sustentado do consumo
interno de alimentos. A demanda por carne bovina, por exemplo, crescerá 83% em
dez anos. Em frango, seriam 67%. Suínos, 81%. E para milho seriam 85,4% de
consumo adicional em dez anos. "Há uma emergência da população que não tinha
acesso à comida. Elevou a demanda sobretudo de proteína animal", disse o
ministro Rossi. "Temos potencial para ser o primeiro produtor e exportador
mundial de proteína animal e vegetal", afirmou.
Os dados, calculados pelo especialista José Garcia Gasques, apontam que o
Brasil passará a deter, em 2021, uma fatia de 49% das exportações mundiais de
carne de frango. Na soja, passaria de 31% para 33,2%. Na carne bovina, de 28%
para 30,1%. A fatia do Brasil no comércio internacional de carne suína subiria
de 10,1% para 12%. No milho, a participação passaria de 10% para 12%. "Há uma
tendência de termos preços mais altos. Há muito preocupação com isso em vários
organismos internacionais", disse Gasques.
Na edição de ontem, o Valor informou que a Agência das Nações Unidas para
Agricultura e Alimentação (FAO) e a Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE) preveem uma década de preços elevados e grande
volatilidade no mercado internacional de commodities. E o Brasil será um dos
países mais beneficiados pela tendência, prevê o estudo "Perspectivas Agrícolas
2011-2020", que será apresentado na sexta-feira, em Paris.
A projeção do Ministério da Agricultura aponta que a produtividade da
agricultura brasileira garantirá safras cada vez maiores. "A produção crescerá
com base na produtividade. O Brasil tem mostrado que é possível elevar a
produção sem ampliar o crescimento da área plantada, com investimentos em
tecnologia", destaca Rossi. "A expansão da área de grãos no país se dará em
percentual bem abaixo do seu crescimento histórico".
As estimativas do estudo "Brasil - Projeções do Agronegócio 2010/11 a 2020/21",
realizado em parceria com a Embrapa, indica algodão em pluma, milho, café,
açúcar, soja em grão, leite, celulose, carnes de frango e bovina como os
produtos agropecuários brasileiros com maior potencial de crescimento. O estudo
mostra que a variação da área cultivada será inferior à média dos últimos dez
anos, que foi de 21%. O Brasil deve se manter como um dos grandes fornecedores
de proteína animal no mercado mundial.
No algodão, principal destaque, a estimativa é de altas de 47,8 % na produção e
68,4% nas exportações. Hoje, o país produz 1,6 milhão de toneladas de pluma. A
produção vai superar 2,3 milhões de toneladas em dez anos. E os embarques
subirão para 800 mil, em comparação às atuais 500 mil. A região entre sul do
Maranhão, norte do Tocantins, sul do Piauí e noroeste da Bahia (Matopiba) é uma
das apostas do Ministério da Agricultura como a nova fronteira agrícola do
país. O ministério prevê salto de 13,3 milhões para 16,6 milhões de toneladas
de grãos no início da próxima década. Em compensação, a área de colheita deve
aumentar de 6,4 milhões hectares para 7,5 milhões de hectares. (MZ)




Abipecs desiste de pedir mudança em cota russa

Os exportadores brasileiros de carne suína desistiram de pedir à Rússia que
mude seu sistema de cotas de importação do produto. "Não seremos um empecilho à
entrada da Rússia na OMC", disse Pedro de Camargo Neto, presidente da
Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína
(Abipecs), numa referência às negociações entre o Brasil e o país sobre o apoio
brasileiro à acessão russa na Organização Mundial do Comércio.
A decisão, tomada pelo conselho da Abipecs e associados, mostra uma mudança de
postura dos exportadores de carne suína depois que a Rússia impôs um embargo a
85 estabelecimentos brasileiros exportadores de carnes. Vinte de carne suína
foram afetados.
A Abipecs reivindicava o fim da definição geográfica dentro da cota. Por esse
critério, a Rússia propõe que 60% da cota de 472 mil toneladas de carne suína
sejam destinados aos Estados Unidos e União Europeia. As cerca de 170 mil
toneladas restantes fazem parte da rubrica "outros países", ao qual o Brasil
tem acesso.
Nas negociações para apoiar a entrada da Rússia na OMC, os exportadores - e o
governo brasileiro - defendiam que a cota seguisse o critério de Nação Mais
Favorecida (NMF), isto é, o importador russo que a tiver pode comprar de
qualquer país. O pedido afetou as negociações relativas à OMC.
"Ficamos numa posição muito fragilizada diante do câmbio ruim, do milho caro e
da falta de respostas [do governo brasileiro] aos questionamentos russos",
disse Camargo Neto, justificando a mudança de postura.
A decisão da Abipecs não significa que o governo brasileiro seguirá o mesmo
caminho.




Definidos os parâmetros de linha para a citricultura

Aguardada com expectativa por citricultores e indústrias de suco, a Linha
Especial de Crédito (LEC) voltada ao segmento que será criada pelo governo no
novo Plano de Safra também já está definida. Alvo de acaloradas negociações nas
últimas semanas, a "LEC da laranja" oferecerá R$ 300 milhões para a estocagem
de suco de laranja concentrado e congelado (FCOJ), o principal produto de
exportação da cadeia. Para acessá-la, apurou o Valor, as companhias terão que
garantir a seus fornecedores da fruta o pagamento mínimo de R$ 10 por caixa de
40,8 kg.
Esse piso vale apenas para a laranja adquirida no mercado spot que servir ao
volume de produção de suco que for estocado. Contratos de fornecimento de longo
prazo entre citricultores e indústrias, portanto, terão de respeitar as bases
anteriormente acordadas, mesmo que o valor previsto seja inferior a R$ 10. E
esse mínimo gerou muita controvérsia nas negociações em Brasília e em São
Paulo, Estado que responde por mais de 80% da produção brasileira de laranja e
de onde parte quase toda a exportação de suco do país.
Como a atual "safra industrial" (2011/12) de laranja prevê um gordo volume de
colheita nos pomares paulistas, as indústrias iniciaram a temporada oferecendo
R$ 7 por caixa da fruta precoce. Baseadas nesse patamar, informaram fontes de
mercado, tentaram garantir que o preço mínimo previsto na LEC fosse de R$ 9. Os
produtores, por sua vez, insistiram em R$ 15, que foi o preço médio no mercado
spot no ciclo passado, cuja oferta foi magra. Essa grande diferença irritou o
ministro da Agricultura, Wagner Rossi, e quase inviabilizou o acordo.
Para garanti-lo, as grandes indústrias exportadoras - Cutrale, Citrosuco,
Citrovita e Louis Dreyfus - propuseram uma divisão de lucros caso o suco de
laranja estocado posteriormente seja vendido, em data a ser definida pelo
ministério, por um valor superior a US$ 2.100 por tonelada. Acima desse
patamar, ofereceram, 40% do ganho será destinado aos produtores. A proposta
gerou controvérsia entre os citricultores de São Paulo, representados por três
entidades distintas, mas por fim foi aceita, mantendo vivo um diálogo iniciado
recentemente entre as partes e que precisa ser aprofundado. Interessante às
indústrias nesse momento de oferta em expansão, a LEC da laranja deverá servir
para estocar cerca de 200 mil toneladas de suco, ou entre 15% e 20% do volume
que poderia ser exportado neste ano.
A atual safra de laranja está estimada pela Associação Nacional dos Fabricantes
de Sucos Cítricos (CitrusBR), que reúne as grandes indústrias, em 387 milhões
de caixas. Na temporada anterior, as estimadas variaram entre 290 milhões e 320
milhões de caixas. Procurado pelo Valor, Christian Lohbauer, presidente da
CitrusBR, não confirmou os parâmetros da nova linha de crédito. Mas confirmou o
interesse das indústrias na LEC e afirmou que a iniciativa é uma "transição"
para o Consecitrus - conselho formado por representantes de citricultores e de
indústrias de suco de laranja que tem por objetivo harmonizar as relações na
cadeia produtiva. A criação do conselho foi definida no fim do ano passado,
após meses de negociações mediadas pelo então secretário da Agricultura de São
Paulo, João Sampaio.
Um dos representantes dos produtores, Marco Antonio dos Santos, diretor da mesa
de citricultura da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp) e
presidente da Câmara Setorial da Citricultura, também não entrou em detalhes
sobre a linha e limitou-se a louvar sua importância para o Consecitrus.




Indústria de suínos abre mão de cota única para exportar à Rússia

Setor agora prefere que governo brasileiro ceda nas negociações para entrada do país na OMC
Proibição à importação de 85 frigoríficos entra hoje em vigor; governo diz atender normas e pediu fim do embargo

A indústria brasileira de suínos está disposta a abrir mão de cota única nas importações russas para reabrir o mercado à carne do Paraná, do Rio Grande do Sul e de Mato Grosso. O embargo russo às importações de 85 frigoríficos entra hoje em vigor.
Anunciada no início deste mês, a proibição está relacionada às negociações do país para a sua entrada na OMC (Organização Mundial do Comércio), embora oficialmente os dois governos procurem separar os temas.
Na agricultura, o acordo esbarra na imposição de cotas para importações de suínos. A Rússia garante cotas específicas para EUA e União Europeia, mas oferece ao Brasil apenas participação na cota remanescente.
O governo brasileiro sempre defendeu a adoção de cota única, que seria disputada livremente pelos exportadores. Nesse caso, ganhariam a maior fatia do mercado os países mais competitivos.
Mas essa posição deve mudar. A indústria de suínos, que solicitou durante anos ao Itamaraty uma posição dura nas negociações com a Rússia envolvendo a OMC, já liberou o governo para ceder.
"O jogo ficou muito pesado e não estamos em condições de segurar essa posição", diz Pedro de Camargo Neto, presidente da Abipecs (associação dos produtores e exportadores de suínos).
A indústria de carne suína é a mais afetada pelo embargo. No ano passado, a Rússia respondeu por 48% da receita obtida pelo setor no mercado externo. Dos 21 frigoríficos de suínos que estavam autorizados a vender para a Rússia, 20 foram cortados.
Ontem, a Rússia se reuniu, em Genebra, com representantes do Brasil e de outros países em uma nova rodada de negociações sobre a OMC.
Segundo a Folha apurou, o encontro terminou sem uma decisão concreta sobre a relação entre Brasil e Rússia.
O objetivo seria acertar primeiro a parte técnica, que contribuiu para a Rússia anunciar o embargo, para depois selar um acordo no campo diplomático.

REAÇÃO
O Ministério da Agricultura enviou ontem à autoridade sanitária russa carta informando a correção das "não conformidades" apontadas pelo país e encaminhou uma nova lista de frigoríficos que atendem os critérios estabelecidos entre os dois países.
Com base nos documentos enviados, o governo brasileiro, que aguarda confirmação de reunião programada para a próxima semana em Moscou, solicitou a revogação da suspensão das importações.
O comunicado foi divulgado em resposta a informações divulgadas no site da autoridade sanitária russa, que anteontem rebateu "acusações de falta de objetividade e protecionismo", que teriam sido "desencadeadas na imprensa brasileira".




Brasil pede que a Rússia adie embargo a frigoríficos

O governo russo tem, até aqui, rejeitado o pedido pessoal feito pelo
vice-presidente Michel Temer ao primeiro-ministro Vladimir Putin para adiar o
embargo temporário da Rússia às carnes brasileiras previsto para entrar em
vigor amanhã.
O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, afirmou ontem que o Brasil atendeu a
"todos os pontos" de "não conformidades" apontados por uma missão veterinária
russa em 85 frigoríficos brasileiros. "Pedimos um 'waiver' [prazo], mas não
tivemos resposta. Pediram para atender a 18 pontos e análise planta por
planta", informou. "Fizemos as duas coisas. Vamos mandar isso antes de ir à
Rússia. E esperamos que autorizem nossa ida".
O ministério informou ter feito novas auditorias em todas as plantas e enviado
a lista de unidades habilitadas a exportar carnes ao parceiro comercial. A
principal queixa russa é a falta de testes laboratoriais para alguns resíduos e
contaminantes nas carnes brasileiras - inclusive para elementos radioativos,
como césio e estrôncio.
Na segunda-feira, antes do posicionamento do ministro brasileiro ontem em
Brasília, o serviço veterinário russo publicou, em seu site, que o Brasil ainda
não tinha respondido à solicitação da Rússia para que o país corrigisse
problemas detectados durante a inspeção aos estabelecimentos exportadores de
carnes em abril passado.
Na semana passada, Temer enviou carta a Putin cobrando o cumprimento do acordo
firmado por ambos em meados de maio. Em declaração conjunta, assinada em
Moscou, os dois acordaram que nenhuma medida unilateral sanitária seria tomada
antes de consultas bilaterais.
Mas os russos, insatisfeitos com o "corpo mole" do Brasil no processo de
entrada do país asiático na Organização Mundial do Comércio (OMC), resolveram
retaliar. Em várias reuniões com Temer, os russos disseram esperar uma posição
mais "proativa" do Brasil nessas negociações.
Em tom mais ameno do que o adotado na semana passada, quando acusou a medida
russa de "atropelo", o ministro Rossi informou ter insistido, "por meios
diplomáticos", no adiamento do embargo. "É uma situação grave, difícil, para a
suinocultura nacional", afirmou. E apelou para a boa vontade russa no caso.
"Vamos dialogar", disse.
Uma missão do ministério deve viajar a Moscou até o fim da próxima semana.
Antes, Rossi havia dito que "alguns técnicos" do ministério haviam informado a
cúpula do governo que o relatório russo que ancorou o embargo tinha um "caráter
pré-determinado". Ou seja, haveria uma determinação do governo russo em
encontrar problemas nos frigoríficos brasileiros. "Houve uma circunstância
peculiar", afirmou, na semana passada.
Em Genebra, as negociações da Rússia com o Brasil, Argentina e outros
exportadores de carnes, envolvendo a entrada da primeira na OMC, não tiveram
progresso ontem. Moscou não melhorou as condições de acesso ao seu mercado para
as carnes. Basicamente, reafirmou o tratamento que planeja dar para as cotas de
importação. Diante da reação de vários países, acenou com ideias não muito
claras, como ter diferentes sistemas para diferentes produtos a partir de um
certo período.
Não parecem certas nem as cotas para os americanos e europeus, já que os outros
exportadores são contra esse sistema.
As negociações vão prosseguir nas próximas semanas. Putin estará hoje em
Genebra, para discursar na Organização Internacional do Trabalho (OIT), mas ele
sabe que será complicado acessar a OMC até o fim do ano se não fizer concessões
em troca da entrada de seus produtos em 154 países.




EUA devem deixar de pagar a Brasil por algodão
Acordo veio após OMC julgar subsídio americano

A Câmara dos Representantes dos EUA deve votar hoje a suspensão do pagamento de US$ 147 milhões anuais feitos ao Brasil devido à disputa comercial sobre os subsídios americanos a produtores de algodão.
A Casa Branca se disse ontem "preocupada" com a possível eliminação dos pagamentos, acordados após a derrota na OMC (Organização Mundial do Comércio).
Ela foi aprovada em comissão da Câmara, em meio a outros cortes pedidos pelo governo para o ano fiscal de 2012 (inicia em outubro).
Em vez de dar os US$ 147 milhões ao Brasil, os deputados querem transferir o valor para um fundo de assistência alimentar para mulheres e crianças, cortado em 12%.
No total, lei que passou na comissão oferece US$ 7 bilhões menos do que o pedido pelo presidente Barack Obama para o setor. Se confirmada em plenário, a lei ainda terá de ir ao Senado.
Os riscos da aprovação são altos, o que abre espaço para a retaliação brasileira (estimada em US$ 800 milhões), ameaça feita no ano passado. Isso ocorreu porque, após perder na OMC, os EUA mantiveram seus subsídios.
Washington evitou a retaliação com um acordo que inclui o pagamento (para pesquisa no setor algodoeiro), além do fim da barreira sanitária imposta à carne catarinense (já eliminada) e de alterações no programa de subsídios (feitas em parte).





Plano de Safra estimula investimento no campo

O novo Plano de Safra 2011/12 a ser anunciado pela presidente Dilma Rousseff na
sexta-feira, em Ribeirão Preto (SP), elevará a aposta do governo na
modernização da produção agropecuária por meio do financiamento ao investimento
no campo. A principal meta do governo é aumentar em 5% a atual produção de
grãos, fibras e cereais, passando de 161,5 milhões para 169,5 milhões de
toneladas em 2012.
A presidente Dilma anunciará um significativo aumento de 14% no volume de
recursos para investimento agropecuário. Serão R$ 20,5 bilhões, boa parte
emprestado com juros subsidiados pelo Tesouro Nacional - de 5% a 9,5%, segundo
a linha de crédito.
O plano do governo oferecerá R$ 107,2 bilhões à agricultura empresarial e
elevará a 60% do total o volume de recursos a juros subsidiados - ou R$ 64,1
bilhões.
A meta do governo é aproveitar o "excelente momento" de ganhos e elevação de
margens no campo para "aparelhar" o setor rural com novas máquinas,
equipamentos e processos, ampliando e incentivando práticas de sustentabilidade
e de diversificação das lavouras.
"O desafio é abastecer um mundo que tem fome. Vamos nos concentrar na produção
para a exportação, mas também vamos atender aos 16 milhões que vivem hoje na
extrema pobreza e que serão beneficiados pelo 'Brasil sem Miséria' lançado pela
presidente Dilma", resume o ministro da Agricultura, Wagner Rossi. "Não são
apostas, mas uma tendência".
O novo Plano de Safra, o primeiro sob a gestão Dilma Rousseff, aumenta a aposta
no programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), fundindo três linhas de crédito
(Produsa e Propflora) e reduzindo os juros. O ABC terá R$ 3,15 bilhões,
orçamento semelhante ao previsto no ano-safra 2010/2011. O governo usará mais
recursos dos fundos constitucionais (FNO, FNE e FCO), chegando a R$ 2,9 bilhões
em 2012.
Os recursos obrigatórios, as chamadas "exigibilidades bancárias", darão um
vigoroso salto de R$ 2,1 bilhões para R$ 4,5 bilhões. Esses recursos,
equivalentes a 25% sobre os depósitos à vista, abundam nos bancos privados e o
governo quer aproveitar o momento para reforçar a oferta de crédito aos
produtores. O programa para a "classe média" rural (Pronamp) também terá mais
crédito, passando de R$ 1,2 bilhão para R$ 1,6 bilhão.
O novo plano do governo prevê garantir o abastecimento interno, mira na
regularidade de preços e na ampliação de excedentes exportáveis. Quer, ainda,
estimular o desenvolvimento sustentável da agropecuária com práticas
mitigadoras da emissão de gases do efeito estufa. Para isso, busca incentivar a
recuperação das pastagens degradadas via aumento de produtividade da pecuária e
a renovação do rebanho para elevar a oferta de carne bovina. Também prevê a
renovação de canaviais para estimular a produção e estabilizar a oferta de
etanol no mercado interno. Haverá um reforço no foco ao médio produtor e o
aperfeiçoamento dos programas de investimento.
As principais medidas de estímulo à produção são a elevação e a unificação dos
limites de crédito, em apenas uma faixa, em R$ 650 mil por CPF; o aumento dos
limites para investimento com recursos subsidiados, de R$ 200 mil para R$ 300
mil; simplificação das regras do crédito rural; criação de duas novas linhas de
investimento com taxa fixa de 6,75%; a pecuária terá R$ 750 mil para financiar
a aquisição de matrizes e os produtores de cana-de-açúcar, R$ 1 milhão pelas
próximas quatro safras. O governo federal também deixará de exigir prazo mínimo
de dois anos para investimentos com recursos das "exigibilidades bancárias".

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