Gestores de fortunas mantêm aposta em commodities
Os gestores de fortunas de clientes privados afirmam que não estão reduzindo a
exposição dos investidores às commodities, apesar da queda dramática dos preços
no início do mês. Esses gestores acreditam que ainda vale a pena ter
commodities em carteira no longo prazo.
Mas os investidores estão sendo encorajados a serem cuidadosos. Na primeira
semana de maio, a prata, o petróleo e o ouro caíram, levando alguns analistas e
gestores de fortunas a prever que a alta acelerada dos preços das commodities
nos últimos meses foi uma bolha que finalmente estourou.
O S&P GSCI Commodity Index subiu 17% nos últimos seis meses - superando a alta
do ouro, de 9%. O petróleo e a prata foram os grandes condutores da valorização
geral, com a prata mais que dobrando de valor nos 12 meses encerrados em abril,
quando o preço do metal atingiu seu pico. Mas na semana encerrada em 6 de maio
o preço da prata caiu 30%. E a volatilidade prosseguiu na semana seguinte.
Grande parte da queda dos preços foi atribuída a vendas pesadas por fundos
hedge avessos ao risco. Gestores e analistas discordam quanto às razões das
quedas, mas concordam que as commodities poderão continuar voláteis nos
próximos meses. Mas os gestores de fortunas acreditam que os fundamentos de
longo prazo, que vêm sendo responsáveis pela alta dos preços das commodities -
melhoria da infraestrutura nos mercados emergentes e problemas de oferta de
muitos metais e minerais -, ainda estão presentes.
"Sempre estivemos cientes de que parte da alta das commodities foi
especulativa, de modo que estávamos esperando uma queda nos preços", diz
Jonathan Jackson, da Killik. "Mas no longo prazo ainda gostamos dessa área,
porque os mercados emergentes precisam construir infraestrutura."
"A argumentação fundamental para os preços mais altos das commodities ainda
existe", concorda John Ventre, gerente de portfólio da SIG. "A demanda dos
emergentes não vai desaparecer mesmo que a alta dos juros venha a conter o
apetite no curto prazo."
A Killik mudou os portfólios arbitrários de seus clientes para uma posição
neutra em commodities este ano, mas agora está acrescentando o petróleo, por
acreditar que o preço subirá em razão de problemas de oferta e dos
acontecimentos no Oriente Médio. Alguns gestores de fortunas estão evitando as
ações de mineradoras, em favor de posições diretas.
Dirk Wiedmann, diretor de investimentos da Rothschild, acredita que as
perspectivas para a soja são "particularmente excelentes". Ele afirma: "A
oferta pelos Estados Unidos deverá continuar apertada, enquanto os agricultores
chineses reduzem suas plantações de soja em 11% este ano. Acreditamos que o
milho também deverá ter um desempenho muito bom". No entanto, alerta ele,
"ameaças à biodiversidade estão pressionando muito a agricultura e acreditamos
que os preços dos alimentos ficarão muito mais voláteis".
Bill O'Neill, da Merrill Lynch Wealth Management, acredita que, apesar da
pressão de queda sobre as commodities este ano, haverá uma oportunidade em
relação ao cobre nos próximos seis meses por causa da queda da oferta. "Olhando
para os gráficos de preços do cobre, parece que eles vão estabelecer uma base
antes de uma retomada da fase de alta", diz.
Aqueles preocupados com a volatilidade devem considerar um fundo que possa
assumir posições compradas e vendidas, afirma Adrian Lowcock, consultor sênior
de investimentos da Bestinvest. Alan Miller, da SCM Private, sugere que os
investidores preocupados com o efeito "contágio" das commodities negociadas em
bolsas de valores - em que os preços acompanham contratos futuros e podem ser
significativamente diferentes do preço no mercado à vista - considerem fundos
que sigam índices diversificados de commodities para diluir os riscos. Um
exemplo é o Deutsche Bank Liquid Commodities Index.
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