Commodities Agrícolas
Recuperação parcial
O lento início da moagem de cana na atual safra brasileira
e coberturas de posições após a forte queda observada na quinta-feira
determinaram a valorização do açúcar na sexta-feira na bolsa de Nova York,
relatou a agência Dow Jones Newswires. Os contratos com vencimento em outubro
deste ano encerraram a semana passada a 22,07 centavos de dólar por libra-peso,
alta de 46 pontos em relação à véspera - quando a queda foi de 66 pontos.
Traders baseados em Nova York disseram que a lentidão da moagem no Brasil,
maior exportador mundial de açúcar, tende a oferecer algum suporte às cotações
no curto prazo. No mercado doméstico, o indicador Cepea/Esalq para a saca de 50
quilos negociada em São Paulo (sem impostos ou frete) recuou 2,66%, para R$
58,21.
Colheita no Brasil
O início da colheita de café no Brasil e sinais de que o
ritmo de aumento da demanda mundial poderá diminuir causaram forte retração das
cotações da commodity na sexta-feira na bolsa de Nova York, informou a agência
Dow Jones Newswires. Os contratos com vencimento em setembro fecharam a US$
2,6210, baixa de 455 pontos em relação à véspera. Foi o segundo tombo
consecutivo, e para analistas baseados em Nova York a pressão deverá continuar,
até porque o inverno no Hemisfério Norte já acabou e no verão o consumo tende a
ser menor. No Brasil, o mercado físico permaneceu praticamente paralisado,
segundo informou o Escritório Carvalhaes, de Santos. Mas a saca de 60,5 quilos
do café de boa qualidade ficou entre R$ 500 e R$ 520
Realização de lucros
Um movimento de realização de lucros depois da
considerável valorização de quinta-feira forçou a queda das cotações do suco de
laranja na sexta-feira na bolsa de Nova York. Os futuros para entrega em
setembro fecharam a US$ 1,7540 por libra-peso, baixa de 235 pontos em relação à
véspera. Na quinta-feira, lembrou a agência Dow Jones Newswires, o salto
observado decorreu de previsões de que a "temporada de furacões" do Atlântico,
que normalmente começa em junho, poderá provocar danos mais severos do que os
até então previstos à citricultura da Flórida, segundo maior polo de laranja do
mundo, depois de São Paulo. No mercado spot paulista, por sinal, a indicação de
preços do Cepea/Esalq para a caixa de 40,8 quilos da laranja destinada às
indústrias segue em R$ 15.
Clima adverso
Adversidades climáticas que estão atrapalhando o plantio em
algumas regiões dos Estados Unidos garantiram a alta das cotações do algodão na
sexta-feira na bolsa de Nova York. Os papéis para entrega em outubro
recuperaram parcialmente as fortes perdas de quinta e encerraram a sessão a US$
1,3411 por libra-peso, 192 pontos a mais do que na véspera e bem acima da
cotação final de segunda-feira da semana passada (US$ 1,3081). No curto prazo,
disseram analistas, os preços da commodity continuarão a refletir, em boa
medida, o comportamento do clima nos EUA. Em Mato Grosso, a arroba da pluma
segue pouco abaixo de R$ 70, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia
Agropecuária (Imea), ligado à Famato, a federação de agricultura e pecuária do
Estado.
CTNBio reduz prazo para a liberação de transgênico no país
A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovou, sem fazer
alarde, uma alteração em seu regimento interno para acelerar a aprovação de
organismos geneticamente modificados no país. Hoje, existem 28 variedades de
sementes transgênicas aprovadas pelo colegiado, mas outras oito ainda aguardam
na fila pelo sinal verde.
A comissão reduziu de 90 para 30 dias o prazo máximo permitido para a análise
dos processos. O rito de tramitação foi alterado a partir de uma determinação
judicial que impunha à CTNBio a mudança das regras de sigilo nos processos,
cobrando mais transparência nos procedimentos. "Eles aproveitaram isso para
alterar os prazos. Tínhamos 90 dias prorrogáveis, e já era apertado. Agora,
passou a 30 dias, com um máximo de 90 dias", afirmou o engenheiro Leonardo
Melgarejo, representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário.
Para o especialista, os membros que buscam fazer uma "análise mais detalhada"
serão prejudicados. "Como apenas um dos três pareceres da setorial será
suficiente para aprovar na plenária. Isso acelera a liberação porque para
rejeitar precisa de muito mais tempo".
O secretário de Políticas e Programas do Ministério da Ciência e Tecnologia,
Carlos Nobre, defendeu o chamado "princípio da precaução" nas votações da
CTNBio. "Esse colegiado trabalha de forma a dar espaço e promover as discussões
necessárias, ouvindo todas as partes até que todos os membros estejam
conscientes para votar", disse, em nota. Os reflexos das decisões tomadas hoje,
segundo ele, serão sentidos nas próximas décadas. A reportagem não conseguiu
contato com o presidente da CTNBio para esclarecer a questão.
As organizações que acompanham as reuniões da CTNBio avaliaram de forma
negativa a alteração. "É um procedimento que, no Congresso, é chamado de
contrabando legislativo", afirmou Gabriel Fernandes, da ONG AS-PTA Agricultura
Familiar e Agroecologia.
A motivação original para a alteração do regimento - ou seja, as mudanças nas
regras de sigilo - também foi contemplada. Por decisão da maioria, foi
instituída a obrigação de assinatura, pelos relatores de cada processo, de um
"termo de compromisso" de sigilo. O objetivo é evitar a divulgação de dados
sensíveis contidos nos documentos enviados à CTNBio.
"É um vexame porque o sigilo está intrínseco no nosso trabalho", afirmou
Leonardo Melgarejo. A partir de agora, cada relator receberá a documentação sem
alguns trechos de caráter sigiloso. Antes, recebia os processos sem a íntegra
de documentos importantes para o todo do processo. "Mas o sigilo só é
justificado quando a informação pode resultar em vantagem comparativa. A
avaliação do impacto de um produto em determinada região não pode ser
considerada sigilosa. Isso a sociedade tem direito de saber", disse ele.
A polêmica reunião da CTNBio foi precedida por divergências em torno da
liberação comercial de um feijão transgênico da Embrapa. O dirigente do
Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea), Werner Fuchs, afirmou que o
produto é desnecessário, aético e ameaça a segurança alimentar. Houve "torcida"
no auditório da Embrapa e o processo deixou em aberto os porquês de apenas dois
dos 22 testes (entre mais de 50 variedades) terem manifestado resistência ao
vírus. Além disso, a Embrapa apresentou só três páginas sobre "fluxo gênico" do
feijão, um dos aspectos mais importantes para avaliar a biossegurança do
produto.
Brasil ganha importância na estratégia da Fonterra
Há 13 anos, quando chegou ao Brasil, a neozelandesa Fonterra via o país
basicamente como um mercado importador de seus produtos lácteos. Na metade da
década passada, o Brasil começou a ser considerado pela empresa uma potencial
plataforma de exportação de lácteos.
Hoje, o cenário mudou: o foco da maior cooperativa de leite do mundo, que
faturou US$ 13,3 bilhões em 2010, voltou-se para o mercado doméstico
brasileiro, mas agora o plano é ampliar a venda de produtos de maior valor
agregado para a indústria de alimentos e também fabricá-los no Brasil num
futuro próximo.
E mais: a Fonterra também planeja ter produtos no varejo e vai iniciar a
produção de leite no Brasil numa fazenda-piloto que acaba de adquirir no Estado
de Goiás. O projeto prevê a utilização de genética neozelandesa e a produção de
leite a pasto, como ocorre na Nova Zelândia.
As recentes mudanças fazem parte de um processo de reorganização da Fonterra no
Brasil, afirma o gerente geral da múlti para o Cone Sul, Fabrizio Jorge.
Ele explica que, no início, a empresa funcionava, no país, apenas como um
escritório comercial que coordenava a exportação de lácteos produzidos na Nova
Zelândia para o Brasil. Na recente reorganização, o país virou sede do
escritório regional da Fonterra para o Cone Sul, que compreende ainda
Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai.
Além do potencial de demanda do mercado brasileiro, a reorganização também pode
ser atribuída à frustrada expectativa da Fonterra de fazer do Brasil uma
plataforma de venda de lácteos para outros países.
Em 2008, por exemplo, o Brasil bateu o recorde na exportação de lácteos, com
vendas de US$ 452,6 milhões, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex),
beneficiado por forte demanda, que elevou preços internacionais, e pelo câmbio
favorável. Mas durou pouco. A demanda internacional segue firme, os preços
também, mas o Brasil perdeu competitividade por causa do real valorizado,
problemas de infraestrutura e baixa produtividade, observa Adriano Fortuna,
gerente financeiro da Fonterra para o Cone Sul. "É um desafio enorme [o Brasil]
se tornar um exportador sustentável".
Nesse cenário de dificuldade para vender ao exterior a partir do Brasil, a
Fonterra percebeu que as exportações teriam de ser absorvidas pela Nova
Zelândia, afirma Fabrizio Jorge.
Hoje, a Fonterra vende no Brasil produtos importados da Nova Zelândia e também
fabricados nas unidades da Dairy Partners Americas (DPA) no Brasil, joint
venture entre a cooperativa neozelandesa e a suíça Nestlé, formada em 2002, na
captação de leite e processamento. As fábricas da DPA no país estão localizadas
em Ibirá (MG), Ituitaba (MG), Rialma (GO), Itabuna (BA) e Palmeira dos Indios
(RS).
Nessas unidades, a Fonterra fabrica produtos destinados à indústria de
alimentos, como leite em pó, gordura anidra de leite e creme de leite. Produtos
de maior valor, como caseinato lácteo e concentrado proteico, usados pelas
indústrias de iogurte e requeijão, são provenientes de fábricas da Fonterra na
Nova Zelândia.
"Há espaço para crescer em produtos para as indústrias", diz Jorge.
Inicialmente, a meta é ampliar as vendas desses itens de maior valor e, no
futuro, ter produção também no Brasil.
A neozelandesa planeja ainda entrar com sua marca no varejo brasileiro, com
produtos como queijo e manteiga, num primeiro momento, trazidos de sua
subsidiária no Chile, a Soprole. Tanto para os produtos industriais mais
elaborados como para os de varejo, o plano da Fonterra é implantar linhas de
produção no Brasil num futuro próximo.
Ainda que o foco da reorganização no país seja o mercado doméstico, a Fonterra,
que é a maior exportadora de lácteos do mundo, segue exportando a partir do
Brasil quando há competitividade. Atualmente, por exemplo, envia ao exterior,
com regularidade, gordura anidra do leite, usada na indústria de alimentos.
A China, um dos mercados que mais sustenta o avanço da demanda por lácteos no
mundo, é atendida pela Fonterra na Nova Zelândia, segundo Jorge. "O que se
afirma, no setor, é que se a China continuar no mesmo ritmo acelerado de
consumo seria preciso uma Nova Zelândia a cada ano", comenta o executivo. O
país da Oceania produz por ano 2 milhões de toneladas de lácteos.
Saúde e sustentabilidade na agenda de empresas de leite
O potencial do setor brasileiro de lácteos - tanto no que diz respeito à
produção como à demanda - ganha reconhecimento a cada dia. Este mês,
representantes de empresas que fazem parte da Global Dairy Platform (GDP), uma
instituição cujo objetivo é promover o leite em escala global, reuniram-se no
Brasil para discutir as perspectivas e desafios do segmento.
A entidade foi criada em 2006 por quatro grandes companhias de lácteos: a
neozelandesa Fonterra, a americana Dairy Farmers of America (DFA), a holandesa
FrieslandCampina e a escandinva Arla. Hoje, tem 60 membros, entre empresas e
entidades, como a brasileira Embrapa.
O diretor-executivo da GDP, Donald Moore, diz que a reunião foi realizada pela
primeira vez no Brasil e na América Latina. "Todo mundo reconhece a importância
do setor no Brasil, na América Latina", afirma.
Ele explica que o objetivo da GDP é promover o leite em escala global e
discutir questões de longo prazo que possam influenciar a demanda pelo produto.
Entre as ações da organização está divulgar as qualidades nutricionais do
leite, dar uma visão mais equilibrada sobre a gordura do leite - muitas vezes
apontada como prejudicial à saúde - e tratar da sustentabilidade na produção do
segmento.
Essa última questão, aliás, já rendeu preocupações. Em 2006, a Agência para
Agricultura e Alimentação da Organização das Nações Unidas (FAO) lançou
relatório estimando que toda a pecuária (de corte e de leite) era responsável
por 18% das emissões de gases de efeito estufa. No entanto, à época, alguns
meios de comunicação usaram o número de 18% quando se referiam às emissões da
pecuária de leite, segundo Moore. Novo relatório, de 2010, revelou que as
emissões provenientes da produção de leite respondem por 2,7% do total,
dirimindo dúvidas.
Além da América Latina, a GDP também busca ampliar presença na Ásia,
principalmente por causa da China, onde cresce o consumo de lácteos. No Brasil,
o atrativo é o potencial de avanço da produção, observa Moore, graças aos
recursos naturais, clima e competitividade das empresas do setor.
Syngenta investe em pesquisas nos EUA
Líder mundial - e também no Brasil - no mercado de defensivos e sementes, a
suíça Syngenta construirá nos Estados Unidos um novo centro de pesquisas em
biotecnologia. A empresa pretende investir US$ 71 milhões para iniciar as obras
em julho deste ano e começar a operar a unidade no segundo semestre de 2012. A
nova instalação será erguida ao lado do centro de pesquisa que a empresa já
possui na Carolina do Norte, onde cerca de 400 pesquisadores trabalham no
desenvolvimento de produtos voltados para o segmento de biotecnologia.
"Esse investimento demonstra nosso compromisso com a pesquisa e desenvolvimento
para permanecermos na vanguarda da pesquisa genética em plantas", disse, em
nota, Sandro Aruffo, chefe de pesquisa e desenvolvimento da Syngenta. "As
avançadas tecnologias que serão executadas na nova unidade permitirão acelerar
nossos esforços para desenvolver características agronômicas que permitam às
lavouras resistirem melhor aos complexos desafios ambientais".
A expectativa é que o novo centro direcione suas pesquisas para desenvolver e
identificar características que possam tornar as plantas mais tolerantes a
oscilações climáticas como secas, por exemplo. Melhoras de performance e ganhos
de produtividade também estão na mira. Além disso, o foco da empresa, que hoje
está sobre as culturas de soja e milho, será ampliado para culturas como
cana-de-açúcar, arroz, legumes e outros cereais.
Além dos Estados Unidos, a empresa possui unidades de pesquisa e
desenvolvimento em outros seis países. Na Inglaterra, possui um centro para
pesquisas voltadas ao controle de ervas daninhas. Na França, os trabalhos são
voltadas a vegetais e beterraba, enquanto na Holanda o centro local se dedica a
flores e vegetais. Na Suíça, onde está a matriz da múlti, são desenvolvidos
fungicidas, inseticidas e tratamento de sementes. Na Ásia, a Syngenta está
instalada na China e na India, onde pesquisa biotecnologia e químicos,
respectivamente.
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