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terça-feira, 2 de novembro de 2010

Fertilizantes sobem às vésperas do plantio

Edimilson Souza Lima


A desvalorização do real frente ao dólar sempre foi argumento mais que suficiente para as misturadoras de adubos e fertilizantes historicamente justificarem suas majorações de preços. O inverso, entretanto, não parece ser verdadeiro, pois apesar da queda ininterrupta do dólar frente à moeda brasileira, os preços do setor continuam subindo inexoravelmente.

Conforme levantamento da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Goiás (Faeg), a alta dos preços dos adubos e fertilizantes em setembro foi de mais de 7% em relação a agosto, considerados os principais formulados de utilização na agricultura goiana. Apesar do elevado aumento de preços dos insumos, entretanto, a relação de troca com os principais produtos tornou-se mais favorável ao produtor, graças ao pico de preços das commodities no mercado doméstico e no internacional.

Custos

De acordo com o levantamento da Faeg, os maiores aumentos registrados entre os formulados em setembro, ficaram por conta do 20-00-20 , de R$ 745,00 para R$ 885,00 a tonelada ( 18,79%); o 12-06-12, de R$ 659,33 para R$ 725,00 ( 9,96%); o 08-20-18, de R$ 896,00 para R$ 947,67 ( 5,77%) e o 08-20-18, de R$ 896,00 para R$ 947,67 (5,77%).

O engenheiro agrônomo Alexandro Alves dos Santos, da, da Gerência de Estudos Técnicos e Econômicos da Faeg, diz que o impacto desses aumentos de preços nos custos de produção foram consideráveis, tendo em vista que os insumos representam pelo menos 30% desses custos.

No caso do algodão, por exemplo, o aumento foi de 14,5% em setembro, passando de R$ 48,09 para R$ 54,96 a arroba. O custo de produção do milho subiu de R$ 15,54 para R$ 16,56 a saca (6,6%); e o da soja subiu de R$ 31,35 para R$ 32,77 a saca (4,5%).

Troca

A reação do mercado de commodities, entretanto, ajudou a amenizar o impacto do aumento de preços dos insumos nas contas do produtor. No caso do milho, o preço ao produtor subiu 36,7% em setembro, com relação ao mês anterior, passando de R$ 13,90 para R$ 19,00 a saca. O algodão passou de R$ 48,71 para R$ 64,36 a arroba (32,1%); e a cana de R$ 45,09 para R$ 49,19 a tonelada (9,1%).

Essa melhora de cenário para o produtor fica clara no comparativo da relação de troca entre insumos e produtos agrícolas. Em setembro, para o agrônomo Alexandro dos Santos, o destaque mais uma vez foi para o milho e o algodão, com ampla vantagem na relação de troca, apesar da escalada de preços dos fertilizantes.

No caso do milho, por exemplo, foram necessárias 49,88 sacas para a aquisição de uma tonelada de fertilizante, ao invés da 64 sacas necessárias em agosto. Em julho a situação foi mais dramática ainda, sendo preciso 80 sacas de milho para se adquirir uma tonelada de fertilizante. Quando ao algodão, a relação de troca que foi de 19,86 arrobas por toneladas de fertilizante em agosto, ficou em apenas 15,78 arrobas em setembro, o que representa uma queda de 20,56%.


Entregas registram crescimento de 14,4%



As entregas das misturadoras de fertilizantes às revendas espalhadas pelo País alcançaram 3,1 milhões de toneladas em setembro, segundo levantamento da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda). Em relação ao mesmo mês de 2009, o volume é 14,4% maior. As misturadoras são as empresas que fabricam o produto final, composto por diferentes nutrientes em fórmulas também distintas, que dependem da cultura e da região de plantio.

Paralelamente ao aumento das entregas, que reflete o comportamento da demanda brasileira em setembro, quando foi iniciado o plantio de grãos da safra 2010/11, também aumentaram no mês as importações de fertilizantes intermediários (11,7%, para 1,8 milhão de toneladas) e a produção nacional (2,8%, para 863 mil toneladas).

Resultados

Com esses resultados, nos primeiros nove meses as entregas somaram 16,7 milhões de toneladas, 4,4% mais que em igual intervalo do ano passado, as importações atingiram 10,7 milhões de toneladas, incremento de 35,4% na mesma comparação, e a produção nacional chegou a 6,9 milhões, alta de 12,4%, sempre conforme os números da Anda.

A entidade informa, ainda, que em 30 de junho deste ano os estoques de produtos intermediários para fertilizantes e formulações finais eram de 4,9 milhões de toneladas, ante 5,2 milhões no fim do primeiro semestre de 2009. Em 31 de dezembro do ano passado, eram 3,5 milhões de toneladas.


Quase 87 mil famílias recebem adubo e sementes

Mais de 100 mil sacas de fertilizantes e 30 mil sacas de sementes (25 mil de arroz e 5 mil de milho) foram entregues a cerca de 87 mil famílias em mais de 180 municípios goianos. Elas e serão utilizadas no plantio da safra 2010/2011 do programa Lavoura Comunitária, cuja produção deve bater novo recorde, com previsão de colheita superior a 500 mil sacas.

Conforme o secretário da Agricultura de Goiás (Seagro), Leonardo Veloso, a expectativa é de uma excelente safra. \"Atualmente, 20% da produção de arroz em Goiás vem do programa Lavoura Comunitária e a expectativa é de registrarmos mais um recorde na próxima safra. As sementes e insumos estão sendo repassados aos municípios e às famílias beneficiadas no tempo certo do plantio\", frisou o secretário da Agricultura

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