Estados Unidos estão melhor que Europa, afirma Nouriel Roubini
Nouriel Roubini, o economista que previu a crise financeira mundial, prevê uma recuperação econômica lenta e uma nova grande crise nas finanças. Polêmico, pouco querido em Wall Street, visionário e tremendamente pessimista - apelidado de Doutor Apocalipse -, ele afirma que a questão é apenas quando ela virá.
Não sou um pessimista, me considero um realista - afirma. - Ainda não saímos desta e já vem outra crise: a questão é apenas quando.
Roubini, de 52 anos, afirma que devemos esperar anos de baixo crescimento econômico por melhor que sejam as medidas de política fiscal e monetária que foram colocadas em prática.
Anos dolorosos estão por vir, devido à ressaca do alto endividamento público e privado no mundo rico. A boa notícia é que podemos evitar uma recaída rumo à recessão. A má é que não se pode fazer muito mais que isso - dispara.
Para o economista nascido em Istambul, crises são criaturas que têm hábitos. Elas parecem furacões: "Atuam de maneira relativa, até previsível, mas podem mudar de direção, abrandar e até mesmo ressurgir sem avisar".
Estamos exatamente antes da próxima etapa, agora vem o momento em que, em muitos dos países mais castigados, a dívida privada se converte em dívida pública e ressurgem os problemas fiscais - adverte.
Para se deter o furacão da crise, Roubini dá uma receita geral: mais regulação. Ele considera que os bancos são a raiz do problema, o olho do furacão e que tudo que se faça para dar um aperto na regulação chegará tarde demais e será pouco.
Ainda assim, é preciso construir diques financeiros para fazer frente a crises futuras. No ritmo que vamos, a próxima crise financeira será ainda pior que esta - prevê.
E Roubini segue vendo um horizonte sombrio:
Os Estados Unidos estão um pouco melhor que a Europa. E a periferia da Europa está pior que o centro. Ainda dentro da Europa, a Grécia e alguns países do Leste estão pior que a Irlanda e Portugal, e estes dois países têm mais problemas que a Espanha.
O economista ressalta o risco de uma crise do dólar, o que provocaria sérios problemas em todo o mundo. Mas isso não ocorrerá a curto prazo, diz. Também vê, para os EUA, o risco de uma recaída, se a economia não for estimulada. Para a Europa, vê mais dificuldades. Uma década perdida à japonesa ou até algo pior: uma espiral parecida com a que a Argentina sofreu em 2001.
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