Dólar encerra pregão em queda e reflete movimento no exterior
Os investidores voltaram do Carnaval com apetite por venda de dólares nesta Quarta-feira de Cinzas, devolvendo parte da forte alta da moeda americana registrada na sexta-feira. Numa sessão mais curta e de menor liquidez, a queda da cotação refletiu sobretudo a fraqueza do dólar no mercado internacional, ditada por dados mais fracos de emprego privado nos EUA e também por um alívio, ainda que frágil, nas preocupações relacionadas à crise entre Ucrânia e Rússia.
No fechamento, o dólar comercial caiu 1,07%, para R$ 2,32, devolvendo parte da alta de 0,90% da sexta-feira. No mercado futuro, em que os negócios vão até as 18h, o dólar para abril recuava 0,97%, para R$ 2,33650. Esse vencimento girou até o momento cerca de 163.150 contratos, contra média diária acima de 200 mil.
Segundo o operador de câmbio de um banco dealer, o fluxo de recursos ao longo do dia foi bem mais fraco que o normal, o que ficou claro na menor liquidez. “E a liquidez mais baixa acaba sempre deixando mais forte qualquer os cilação, para cima ou para baixo”, diz.
O profissional da mesa de derivativos de uma corretora diz que o volume de negócios tende a melhorar a partir de amanhã, algo que deve ser acompanhando ainda por um aumento da volatilidade, no dia em que as atenções estarão voltadas para a ata da última reunião de política monetária do Banco Central. “O dólar ainda não precificou totalmente mais uma alta de 0,25 ponto. Se o BC deixar isso mais claro amanhã na ata, é provável que o dólar caia mais um pouco”, diz.
Mas, na avaliação de estrategistas de câmbio do Morgan Stanley, é cada vez menos provável que o real ganhe suporte da expectativa de aumentos adicionais da taxa de juros, uma vez que o Banco Central já sinalizou estar próximo de encerrar o ciclo de aperto monetário.
Para os estrategistas, o real deve perder vigor daqui para frente, uma vez que está “sobrevalorizado” e “vulnerável” a pressões de baixas derivadas de riscos domésticos e externos. O banco cita preocupações internas do lado fiscal e inflacionário.
O Morgan estima que o dólar terminará este primeiro trimestre em R$ 2,45. O banco prevê que a moeda americana encerrará junho em R$ 2,53, fechará o terceiro trimestre em R$ 2,65 e concluirá o ano em R$ 2,60. Para 2015, o Morgan prevê taxas de R $ 2,56, R$ 2,59, R$ 2,61 e R$ 2,65 para o fim de cada um dos trimestres.
PERSPECTIVA CÂMBIO E JUROS: Ata do Copom ditará rumo dos mercados
São Paulo, 5 de março de 2014 - O mercado de câmbio e juros deve abrir as
negociações desta quinta-feira reagindo à ata do Comitê de Política
Monetária (Copom), segundo Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso
Corretora de Câmbio. "A bola da vez amanhã é ata do Copom, sinalizando qual
será a postura do Banco Central", diz Galhardo.
O Banco Central (BC) divulga, às 8h30, a ata da última reunião do Copom
que elevou a Selic (taxa básica de juros) em 0,25 ponto percentual (pp), para
10,75% ao ano. Ainda na agenda doméstica, o BC informa, às 12h30, o fluxo
cambial de fevereiro e a posição dos bancos ao final do período.
No exterior, o gerente de câmbio da Treviso Corretora de Câmbio dá um
destaque secundário aos números vindos da Europa, com a divulgação dos dados
sobre as encomendas à indústria na Alemanha referente a janeiro às 8h pelo
Ministério de Economia e Tecnologia. Às 9h45, o Banco Central Europeu (BCE)
anuncia a decisão de política monetária , seguida de coletiva do presidente
da instituição, Mario Draghi, às 10h30. "Vemos que a Europa tem apresentado
recuperação. Hoje os dados melhores da Alemanha contiveram o mau humor do
mercado e podem ter alguma influência amanhã", diz Galhardo.
O índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) sobre a
atividade do setor de serviços da Alemanha subiu a 55,9 pontos em fevereiro -
maior leitura em dois anos e meio -, de 53,1 pontos em janeiro, segundo
informações revisadas divulgadas pelo instituto de pesquisas Markit Economics.
Apesar do dado positivo europeu, Galhardo ressalta que o patamar do dólar
tem sido uma dúvida no mercado, com o câmbio registrando um comportamento
atípico e sendo negociado muito abaixo do nível esperado pelo mercado.
Enquanto a maior aversão ao risco pressiona as cotações da moeda para
cima no exterior, principalmente com a tensão na Ucrânia, no Brasil a moeda
continuou a ceder forte nesta quarta-feira. "O BC assumiu um compromisso de
venda de dólar até junho. Se continuar caindo pode ser que vejamos uma nova
ação do BC, o mercado deve ficar atento também a esses movimentos",
acrescenta o gerente de câmbio da Treviso Corretora de Câmbio.
O dólar comercial encerrou as negociações de hoje com queda de 1,06% a R$
2,3180 para compra e R$ 2,3200 para venda. Durante o dia a moeda
norte-americana oscilou entre a mínima de R$ 2,3160 e a máxima de R$ 2,3410.
No mercado futuro, o contrato com vencimento em abril recuou 1,05%, a R$
2.334,500.
Em dia de baixa liquidez, as taxas dos depósitos interfinanceiros (DIs)
também encerraram as negociações de hoje na BM&FBovespa em queda. A taxa do
DI para janeiro de 2017 caiu de 12,28% para 12,26%, movimentando R$ 7,9
bilhões; e a taxa do DI para janeiro de 2015 passou de 11,07% para 11,04%, com
giro de R$ 6,9 bilhões.
Bovespa fecha em queda pressionada por Vale e CSN
O Ibovespa fechou em baixa de 1,07%, para 46.589 pontos, pressionado, sobretudo, por Vale e CSN, que negociaram 10% dos R$ 3,980 bilhões da bolsa. As ações ON da mineradora caíram 3,48%, para R$ 31,85, e as PNA recuaram 3,36%, para R$ 28,11. Segundo analistas, o papel é afetado por notícia vinda da China. O governo chinês manteve sua meta de crescimento de 7,5% da economia para este ano. No entanto, um porta-voz informou que será tolerada uma taxa de expansão menor.
Já a CSN, depois de despencar 6,91% na sexta-feira passada, hoje recuou mais 3,72%, para R$ 9,56. Na semana passada, a companhia apresentou seu balanço do quarto trimestre de 2013, no qual demonstrou prejuízo líquido de R$ 487,1 milhões, considerando a parcela atribuível aos controladores.
As tensões na Ucrânia ajudaram a segurar o Ibovespa. Segundo analistas, a ameaça de invasão da região da Crimeia pela Rússia, que deixou os mercados voláteis nos últimos dois pregões, também provoca ajustes no Brasil.
PERSPECTIVA: Ibovespa reagirá à ata do Copom; cenário ainda é de cautela
São Paulo, 5 de março de 2014 - O ritmo fraco das negociações na
BM&FBovespa, devido ao Carnaval, deverá seguir na sessão de amanhã (4), que
será influenciada pelas considerações feitas pelo Banco Central (BC) na ata
do Comitê de Política Monetária (Copom), que deverão sinalizar os próximos
passos da autoridade monetária, que elevou a Selic (taxa básica de juros) para
10,75% ao ano na reunião realizada em 26 de fevereiro.
"Amanhã, o foco estará, principalmente, no mercado doméstico com a ata
do Copom. Os investidores vão analisar quais serão as estratégias do BC",
diz Luis Gustavo Pereira, analista da Guide Investimentos. Sinalizações sobre
o andamento da política de aperto monetária vão influenciar as ações das
empresas dos setores ligados ao mercado interno.
O analista da Guide diz que o principal indicador da semana será a taxa de
desemprego e o número de vagas criadas ou eliminadas em fevereiro nos Estados
Unidos, que será informado na sexta-feira (7). "Se o número for menor que o
esperado, poderá ocorrer uma revisão da expectativa de crescimento do país no
primeiro semestre deste ano para baixo".
Em relação à tensão por um conflito armado entre Rússia e Ucrânia,
Pereira considera que a perspectiva de invasão foi amenizada pelas
declarações do presidente russo, Vladimir Putin, que declarou que não
considerar a hipótese de tomar o controle da Crimeia, região da Ucrânia de
maioria russa. O analista afirma que a situação afeta principalmente os
países emergentes.
Nesta quarta-feira, o Ibovespa, principal índice da BM&FBovespa, encerrou
as negociações com queda de 1,07%, aos 46.589 pontos. O volume financeiro da
bolsa brasileira atingiu R$ 3,980 bilhões. O desempenho negativo dos papéis
das companhias de commodities e financeiras prejudicaram o mercado acionário
brasileiro.
Com os maiores pesos, as ações PN da Vale (VALE5) desvalorizaram 3,36%,
cotadas a R$ 28,11, e no mesmo ritmo ficaram ainda as PN da Petrobras (PETR4;
-2,2%, a R$ 13,29), as do Itaú Unibanco (ITUB4; -1,53%, a R$ 30,73), as do
Bradesco (BBDC4; -1,13% ,a R$ 27), e as ON da petrolífera (PETR3; -2,15%, a R$
12,71).
Os piores desempenhos do Ibovespa ficaram com os papéis da Rossi (RSID3),
que caíram 4,67%, a R$ 1,63, seguidos por Bradespar (BRAP4; -4,59%, a R$
20,33), CSN (CSNA3; -3,72%, a R$ 9,56) e os ON da Vale (VALE3; -3,48%, a R$
31,85). Na contramão, subiram as ações da BRF (BRFS3; 4,14%, a R$ 44,7), as
da ALL (ALLL3; 2,96%, a R$ 6,95) e as da Gafisa (GFSA3; 2,42%, a R$ 3,38).
MERCADO EUA: Indices fecham sem tendência; dados fracos e Exxon Mobil pesam
São Paulo, 5 de março de 2014 - Os principais índices do mercado de
ações dos Estados Unidos encerraram as negociações desta quarta-feira sem
tendência definida, após sessão volátil e composta por indicadores
econômicos fracos. O Dow Jones caiu 0,22%, a 16.360 pontos, o S&P 500 ficou
praticamente estável, a 1.873 pontos, e o Nasdaq Composto teve ligeira alta de
0,14%, a 4.357 pontos.
As ações da Exxon Mobil - que faz parte do componente Dow Jones -
desvalorizaram 2,77% na sessão hoje, após a companhia prever uma redução na
sua produção e informar que seus investimentos devem cair este ano.
Entre os indicadores econômicos, o índice de atividade de serviços dos
Estados Unidos caiu para 51,6 pontos em fevereiro de 54 pontos em janeiro e o
relatório ADP sobre o mercado de trabalho no mesmo mês também foi menor do
que as expectativas, apontando uma abertura de 139 mil vagas de emprego.
"Enquanto a desculpa do mau tempo para os fracos dados parece ser
conveniente, não acredito que as condições climáticas impactem tanto a
economia", comentou Peter Martin, economista da consultoria IG. "O governo
sugere que a severidade do inverno tenha afetado negativamente a economia, mas
não pode afirmar que isso representa todos os sinais de fraqueza que estamos
vendo", completou.
PETRÓLEO: Preços de futuros caem com aumento dos estoques nos EUA
São Paulo, 5 de março de 2014 - Os preços dos contratos futuros
internacionais do petróleo fecharam as negociações de hoje em queda,
pressionados por um crescimento inesperado nos estoques da commodity nos Estados
Unidos, na última semana, e pelas preocupações sobre perspectivas de uma
demanda menor por energia. Na Nymex, os preços dos contratos futuros do WTI
para abril tiveram queda de 1,81%, para US$ 101,45 o barril. Na plataforma ICE,
os preços dos contratos futuros do Brent com vencimento no mesmo mês caíram
1,27%, para US$ 107,76 o barril.
O Departamento de Energia (DoE) informou hoje que os estoques de petróleo
dos Estados Unidos subiram em 1,4 milhão de barris, ou 0,4%, para 363,8
milhões de barris, na semana passada. Os estoques de gasolina caíram em 1,6
milhões barris, ou 0,7%, para 229 milhões de barris. Os estoques de derivados
subiram em 1,4 milhão de barris, ou 1,3%, para 114,5 milhões de barris.
O índice que mede a atividade de serviços nos Estados Unidos caiu de 54
pontos para 51,6 pontos em fevereiro - queda menor do que os analistas esperavam
- preocupando o mercado sobre uma redução demanda de energia.
Além disso, a queda nos preços do petróleo também é atribuída às
expectativas de que as tensões entre Rússia e Ucrânia podem ser reduzidas. O
secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, e o ministro das
Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov se reuniram hoje em Paris para
tratar da crise política na Ucrânia.
Ainda hoje, a Comissão Europeia anunciou um pacote de ajuda financeira à
Ucrânia de 11,175 bilhões de euros, para estabilizar a situação do país no
curto e médio prazo. Em contrapartida, o novo governo ucraniano terá de
realizar uma série de reformas políticas e econômicas.
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