PERDAS JÁ PODEM ESTAR EM 30% NAS ÁREAS DE ATUAÇÃO DA COOXUPÉ
A Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeicultores em
Guaxupé), maior cooperativa de café do mundo, estimou nesta quinta-feira que a
severa seca que atingiu suas áreas produtoras deve causar perdas de 30% em
relação à safra esperada em 2014. Antes da seca, a cooperativa previa uma
safra de 10 milhões de sacas nas regiões em que atua, disse o presidente da
instituição, Carlos Paulino da Costa. As informações partem da Reuters
Brasil.
A Cooxupé atua predominantemente no sul de Minas Gerais, Estado que
responde por cerca de metade da safra nacional. "Garanto que o prejuízo está
em torno de 30%", disse Paulino da Costa. "Isso vai depender da chuva. Se
chover, para o prejuízo. Se continuar (a seca), o prejuízo vai continuar
aumentando", afirmou ele.
A produção da região da Cooxupé --entre cooperados e não cooperados--
representa aproximadamente um quinto da produção nacional. A safra deste ano
de café do Brasil, maior produtor e exportador global, foi estimada no início
de janeiro, antes da seca, em 48,34 milhões de sacas de 60 kg, uma produção
praticamente estável na comparação com a safra passada.
Segundo Paulino da Costa, as áreas da cooperativa registraram chuvas
volumosas somente no início de janeiro e depois em meados do mês passado. E os
produtores aguardam ansiosamente pelas precipitações. "Estamos até com o
pescoço doendo de tanto olhar para cima", disse. Ele explicou que a seca afeta
a safra 2014 basicamente de duas formas: o café que consegue "granar" não
cresce adequadamente, e outros frutos afetados acabam ficando "secos". "Olha
a fruta e ela parece muito boa, mas olha dentro dela e ela está seca. Esse que
é o prejuízo maior, este não recupera mais", afirmou o executivo.
NEGÓCIOS FACILITADOS
Por causa do problema da seca, a cooperativa está até facilitando
negócios em uma feira de máquinas e insumos que acontece em Guaxupé, cidade
sede da instituição. Segundo Paulino da Costa, o produtor normalmente compra o
implemento utilizando o café como moeda de troca, efetuando o pagamento em
setembro, quando a colheita já está praticamente finalizada.
"Como vai ter um problema da seca, como vai ter uma queda muito grande,
ele vai comprar o equipamento e pagar um terço este ano, um terço no ano que
vem e um terço em 2016, com preços pré-fixados do café", disse o presidente
da Cooxupé. Segundo Paulino da Costa, as condições de pagamento ajudaram a
manter o ânimo dos cooperados que visitam a Feira de Máquinas, Implementos e
Insumos Agrícolas (Femagri).
O presidente da cooperativa disse ainda que está aconselhando os
produtores a não exercer os contratos de opções de venda de café ao governo,
já que o preço subiu com a seca no Brasil, e o valor estabelecido no papel
está mais baixo do que aponta o mercado atualmente.
"A opção aqui vai ser zero, o preço atual está superior ao do
governo", disse ele, lembrando que, pela opção, o governo pagaria R$ 343,00
por saca, mas há custos de R$ 30,00 para entregar ao governo. E o café
atualmente é negociado a R$ 350,00 no mercado físico.
Matéria do Valor indica que, no ano passado, foram colhidas nessa área da
Cooxupé por todos os cafeicultores, inclusive os não associados à
cooperativa, 9,8 milhões de sacas de 60 quilos. A cooperativa deverá receber
este ano 5,5 milhões de sacas, ante 4,6 milhões no ano passado. Apesar das
adversidades, o volume ainda crescerá devido à bienalidade que marca a
cultura, que alterna um ano de boa produtividade com outro de menor rendimento.
A cooperativa tem 11,5 mil associados. Desse total, 8,4 mil produzem café. As
exportações da Cooxupé deverão alcançar 3 milhões de sacas em 2014, ante
as 2,8 milhões de 2013.
A situação para a próxima colheita, em 2015, também já é crítica,
conforme o vice-presidente Carlos Augusto Rodrigues de Melo. E não só por
causa da atual estiagem. Também houve queda de investimentos em fertilização
e tratos culturais em geral em decorrência da forte retração dos preços no
ano passado, conforme matéria do Valor.
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