Na BM&F, café e boi gordo cravam novas mínimas
A maioria das commodities agrícolas negociadas no mercado futuro de São Paulo (BM&FBovespa) registrou valorização em março, embora dois dos produtos com mais liquidez na bolsa, o café e o boi gordo, tenham voltado a cair e atingido os preços médios mais baixos desde meados de 2010. O grande destaque foi o café arábica, que sofreu a maior queda desde outubro de 2008. Na média, o preço da segunda posição de entrega (geralmente, o contrato mais negociado) recuou 12,08%, para US$ 242,24 por saca. É o preço mais baixo desde outubro de 2010. O valor é quase 31% inferior ao registrado em igual período do ano passado. Só em 2012, as cotações do café já cederam 19,09%.Os preços do café começaram a ceder em maio de 2011, logo depois de bater recorde, mas o movimento intensificou-se a partir de outubro. Foi quando começou a ficar evidente que o Brasil colheria uma safra recorde em 2012.Os cafeicultores brasileiros começam a colheita na primeira quinzena de maio. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta uma colheita de 48,97 milhões a 52,27 milhões de sacas, mas participantes do mercado indicam um volume superior a 55 milhões.Contudo, como em todos os anos, as especulações em relação ao clima no país tendem a se avolumar nos próximos meses, com a aproximação do inverno. O risco de geadas, uma das principais ameaças aos cafezais, deve oferecer sustentação aos preços a partir do mês de abril.O preço médio da arroba do boi gordo também recuou, 1,19%, a R$ 94,31, o nível mais baixo em 17 meses. Este foi o quarto mês seguido de queda, que já acumula 7,72% neste ano. A commodity segue pressionada pelo consumo mais fraco neste início de ano e pelo aumento da oferta de animais para abate - reflexo da melhoria das pastagens no verão e da decisão dos criadores de descartar vacas que vinham sendo retidas para reprodução.Hyberville D'Athayde Neto, analista da Scot Consultoria, observa que pecuaristas começaram a limitar a oferta de animais nos últimos dias, o que ajudou a conter a pressão baixista sobre o mercado. Mas a manutenção da estratégia depende da qualidade dos pastos, que já começa a piorar em algumas regiões."É possível que os preços se sustentem em abril, mas é preciso que o clima ajude os produtores a segurar o rebanho no pasto", explica D'Athayde Neto. Considerando a média dos últimos 14 anos, há uma redução de 4,1% no número de abates entre março e abril, segundo o IBGE. O analista pondera, contudo, que o número de abates tende a subir novamente entre abril e maio, quando o clima seco inviabiliza a permanência dos animais acabados no pasto. "Devemos ter algum alívio na tendência de queda no curto prazo, mas o cenário é baixista", afirma.Em contrapartida, o etanol reagiu após quatro meses seguidos de baixa. Na média, o preço da commodity subiu 5,14%, para R$ 1.275,10 por metro cúbico - maior valor desde dezembro. O mercado do biocombustível reflete o ciclo da cana-de-açúcar, que está no pico da entressafra.A colheita da temporada 2012/13 começa em abril, mas o aumento da produção só deve se refletir sobre os preços de modo mais acentuado em maio.Nos mercados de grãos, prevaleceu a tendência de alta observada no mercado futuro de Chicago, onde se formam os preços internacionais dessas commodities.O preço médio da soja disparou 6,53%, para US$ 30,32 por saca, maior patamar desde agosto. Em três meses, a oleaginosa já subiu 15,35%, impulsionada pela quebra no Sul do país e na Argentina por causa da estiagem, a queda dos estoques mundiais e o apetite voraz dos chineses.Os contratos futuros de milho recuperaram-se da queda observada em fevereiro, quando prevaleceu a pressão exercida pela colheita da safra de verão no Sul do país. Em março, o preço médio da commodity ficou em R$ 26,54 por saca, uma valorização de 2,97% ante o mês anterior. No ano, o milho acumula alta de 2,07%.
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