Pessimismo global faz Bolsa cair 3%; dólar ameniza alta
O nervosismo do investidor com a crise internacional mantém o dólar em forte alta e a Bolsa de Valores no campo negativo.A divisa americana é negociada por R$ 1,870, em um aumento de 0,26%. A taxa cambial já atingiu R$ 1,960 logo pela manhã, mas cedeu logo após uma novo intervenção do Banco Central. A autoridade monetária realizou o equivalente a uma operação de venda de moeda, mas no mercado futuro, justamente o segmento de negócios que tem pressionado os preços do dólar.Já o Ibovespa, o termômetro da Bolsa brasileira, recua 3,07%, aos 54.261 pontos. O giro financeiro é de R$ 2,29 bilhões, relativamente alto para o horário.A Bolsa brasileira acompanha o tom negativo visto nas demais praças financeiras. Na Europa, as principais Bolsas sofrem perdas de 4,37% (Londres), 4,35% (Paris) e 4,36% (Frankfurt).Nos EUA, onde os mercados abriram há pouco, a Bolsa de Nova York tem forte desvalorização de X%.2,61Além da preocupação com a crise europeia, analistas ainda apontam a frustração dos investidores com o plano anunciado ontem pelo banco central dos EUA (o Federal Reserve) para reestimular a economia.Muitos esperavam uma proposta mais ousada que a operação de US$ 400 bilhões. E outra parcela reagiu mal ao aviso dessa autoridade monetária, que alertou para os riscos significativos' da economia americana.PERSPECTIVAS.O analista gráfico da XP Investimentos. Gilberto Coelho, enxerga patamar dos 54.100 pontos como o próximo "fundo" da Bolsa, que já foi testado hoje. "Se romper esse nível de preços, provavelmente o Ibovespa deve ir para os 52 mil, 51.800 pontos", comenta.A análise gráfica, ou técnica, busca identificar níveis de preços que indiquem uma mudança de tendência consistente para o mercado de ações. Em agosto, por exemplo, o patamar dos 48 mil pontos foi visto como um "suporte" para a Bolsa, que bateu nesse valor e subiu pelas semanas seguintes até a faixa dos 55 mil e 57 mil pontos.Para que a Bolsa reverta a tendência de baixa predominante seria preciso que o índice Ibovespa voltasse a oscilar na marca dos 58 mil pontos, diz o profissional da XP ."A partir desse ponto, nós poderíamos ver a Bolsa tentando atingir os 65 mil pontos". Esse patamar era a projeção para a Bolsa de boa parte do mercado para o final de ano. Mas com a volatilidade atual, esse prognóstico está sob franca revisão.DÓLAR MAIS CARO.Há vários fatores apontados por analistas do mercado para (tentar) explicar a disparada dos preços: o medo de um calote da Grécia (e os efeitos nocivos desse evento para o sistema bancário europeu); a perspectiva de juros ainda mais baixos nos próximos meses (o que reduz o apelo para que grandes investidores estrangeiros migrem capital para cá), e finalmente, movimentos especulativos, executados no mercado futuro de moeda, mas que afetam os preços no segmento à vista.Em um cenário internacional de maior incerteza, tradicionalmente investidores correm para os chamados portos seguros': o dólar e o ouro.A commodity metálica é um refúgio histórico para aqueles que buscam se proteger contra as turbulência da economia mundial. Já o dólar é a moeda em que os ativos mais seguros do planeta são negociados: os títulos do Tesouro dos EUA.Por outro lado, economistas também destacam vários motivos que podem levar a taxa cambial a mudar de rota no curto ou no médio prazo: as reservas internacionais robustas do país,e o controle dos gastos públicos, o que reforça a credibilidade do país como alternativa viável para o capital externo; além do fato de que os juros brasileiros, apesar do viés de baixa' percebido pelo mercado, ainda seguem como os mais altos do planeta.Por enquanto, no entanto, a volatidade ainda deve mandar nos mercados: conforme as autoridades europeias já indicaram uma solução para o imbróglio grego não deve aparecer antes de outubro. Por esse motivo, acreditam, a taxa cambial deve continuar pressionada.
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