Os contratos futuros de café arábica despencaram nesta quarta-feira na ICE Futures US, em uma sessão caracterizada por liquidações de especuladores e fundos. A posição dezembro rompeu os 255,00 centavos e se aproximou, inclusive, do nível de 250,00 centavos, num indicativo do potencial vendedor dos participantes.
O dia foi de indicadores externos negativos e, com o aumento da preocupação com a economia global, muitas vendas passaram a ser processadas em mercados de commodities. Os temores se ampliaram na parte da tarde, após o Federal Reserve, equivalente ao Banco Central dos Estados Unidos, ter anunciado a compra de 400 bilhões de dólares em títulos de vencimento entre seis e 30 anos, com a venda de igual valor em títulos com vencimentos mais imediatos. A medida, que foi lida pelo mercado como uma busca do segmento econômico dos Estados Unidos de conter os juros e auxiliar os financiamentos, estimulou a aquisição de dólares, sendo que a moeda registrou altas consideráveis em várias partes do mundo.
Com o dólar fortalecido, foram diversos os operadores que entraram liquidando nos mercados de commodities, o que pressionou consideravelmente mercados como o de softs, incluindo café e milho, e também de diversos grãos. O índice CRB, que analisa a média de variação de 14 diferentes matérias-primas, fechou o dia com perdas de quase 1%, sendo que o petróleo, que flutuou no lado positivo ao longo de grande parte do dia, inverteu a mão e caiu mais de 2%.
Tecnicamente, o café se mostra ainda mais enfraquecido, abaixo de médias móveis mais significativas, como de 20 e 40 dias, mas também recuando em relação a médias de prazos mais longos, o que é um indicativo do viés negativo atual para o grão, o que pode abrir espaço para retrações ainda mais consistentes.
Fundamentalmente, o mercado ainda avalia, de longe e sem maiores temores, o início da safra de importantes origens, como a Colômbia e os centro-americanos, com a expectativa de quanto de café suave esses países poderão colocar à venda para amenizar a escassez atual.
No encerramento do dia, o dezembro em Nova Iorque teve queda de 825 pontos com 251,95 centavos, sendo a máxima em 260,40 e a mínima em 251,35 centavos por libra, com o março tendo retração de 810 pontos, com a libra a 255,05 centavos, sendo a máxima em 263,10 e a mínima em 254,45 centavos por libra. Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição novembro registrou queda de 79 dólares, com 2.061 dólares por tonelada, com o janeiro tendo desvalorização de 76 dólares, com 2.089 dólares por tonelada.
De acordo com analistas internacionais, o dia foi caracterizado por uma abertura próxima da estabilidade, com a falta de direcionamento recente parecendo voltar a dominar as ações. No entanto, a partir da abertura de mercados externos, os "ânimos vendedores" se tornaram mais consistentes e, passo a passo, os bearishs (baixistas) forçaram alguns suportes que, diferentemente das sessões passadas, conseguiram ser rompidos, principalmente o de 255,10 centavos, o que abriu espaço para novos stops.
"Se graficamente o café já não demonstra nenhuma consistência mais efetiva, o quadro se torna ainda mais negro diante de um dia amplamente negativo nos mercados externos. A alta do dólar serviu como combustível para muita gente sair vendendo", sustentou um trader. "Estamos em uma retomada do movimento técnico de baixa. Ao conseguirmos romper, finalmente, os 255,10-255,00, o mercado se sentiu estimulado a liquidar de forma mais intensa e isso vem fazendo com que tenhamos perdas consideráveis. O cenário é baixista e deveremos, sim, buscar os 250,00 centavos, que é um nível consideravelmente importante, e, na seqüência, os 245,50, mínima de 16 de agosto", sustentou um broker.
As exportações de café do Brasil em setembro, até o dia 20, somaram 1.290.931 sacas, contra 1.210.351 sacas registradas no mesmo período de agosto, informou o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).
Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram queda de 1.070 sacas, indo para 1.437.166 sacas. O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 22.323 lotes, com as opções tendo 6.401 calls e 5.404 puts. Tecnicamente, o setembro na ICE Futures US tem uma resistência em 260,40-260,50, 261,00, 261,50, 262,00, 262,50, 263,00-263,10, 263,50, 264,00, 264,50, 264,90-265,00 e 265,50 centavos de dólar por libra peso, com o suporte em 251,35, 251,00, 250,50, 250,10-250,00, 249,50, 249,00, 248,50, 248,00, 247,50, 247,00, 246,50, 246,00 e 245,50 centavos por libra.
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