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domingo, 4 de setembro de 2011

Governo vê forte desaceleração da economia

Governo vê forte desaceleração da economia
Na visão do BC, PIB terá expansão de 3,5%
A economia brasileira passa por forte desaceleração desde o segundo trimestre e pode crescer apenas 3,5% este ano, desempenho muito inferior às projeções iniciais do governo. Essa é uma das razões que levaram o BC a reduzir os juros, num movimento que surpreendeu o mercado.A perda de fôlego da atividade econômica no país, sobretudo da produção industrial, decorre das medidas monetárias e fiscais. Ainda não reflete a situação externa, que vai piorar, avalia o governo. As análises da maioria dos agentes de mercado e a pesquisa Focus ainda não retratam essa realidade. A economia brasileira não deve crescer mais do que 3% em 2012.A economia brasileira está passando por forte desaceleração desde o segundo trimestre e pode crescer apenas 3,5% este ano. Se isso ocorrer, o desempenho será bem inferior ao das projeções iniciais do Ministério da Fazenda (5% e, depois, 4,5%) e do Banco Central (4%) para 2011. Essa é uma das razões que, segundo apurou o Valor, levaram o BC a reduzir a taxa básica de juros (Selic), na quarta-feira, de 12,5% para 12% ao ano, num movimento que surpreendeu o mercado.A queda no ritmo de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) não está surpreendendo o governo, que atribui esse fato às medidas, de contenção fiscal e monetária, adotadas na primeira metade do ano e também ao impacto da desaceleração da economia mundial sobre o Brasil. Desde o início do ano, o BC vinha alertando que a conjuntura internacional estava pior do que a prenunciada por boa parte dos analistas e que, em algum momento, isso poderia obrigar o Comitê de Política Monetária (Copom) a rever a política de juros.Nos últimos 40 dias, esse cenário, disse uma fonte oficial, "degringolou" graças à ameaça de calote na dívida americana, seguida do rebaixamento da dívida dos Estados Unidos por agências de classificação de risco, e ao aumento do risco de crise de dívida soberana em países da Europa. Nesse período, ficou mais claro também que a economia americana está tendo um desempenho bem pior que o projetado no início do ano.No começo de 2011, muitos analistas acreditavam que os EUA cresceriam algo como 3,5% ou 4% este ano. Agora, estima-se que possam avançar apenas 1,5%. Em outras economias avançadas, a situação é igualmente desanimadora.Ontem, o banco JP Morgan informou que, em agosto, o Global Manufactoring PMI, sigla em inglês do índice dos gerentes de compras, caiu pelo sexto mês consecutivo -- de 50,7 para 50,1, o menor resultado desde junho de 2009 (quando fica abaixo de 50, indica contração). No caso da Inglaterra, já está em território negativo e registrou o pior resultado em 26 meses. Nos EUA, caiu de 50,9 para 50,6. O PMI é um indicador industrial importante porque mede a confiança dos empresários.Esse cenário, segundo avaliação do governo, afeta o Brasil pela redução da corrente de comércio, a diminuição dos fluxos de investimento, o aperto nas condições de crédito e pela mudança de humor de empresários e consumidores. De fato, segundo a Sondagem da Indústria da Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgada na quarta-feira, a confiança da indústria diminuiu pelo oitavo mês consecutivo em agosto. Além disso, o governo tem informações de que empresas brasileiras estão adiando e cancelando lançamentos de papéis no exterior.Num exercício econométrico feito pelo governo, já levando em conta os efeitos do alívio monetário iniciado há dois dias e considerando um impacto equivalente a 25% do sofrido pelo Brasil durante a crise internacional de 2008/2009, o crescimento do PIB, num horizonte de 12 a 18 meses, será 0,5 ponto percentual menor. Nesse período, a inflação, segundo estimativa do governo, também cairia.A decisão da presidente Dilma Rousseff de elevar, em 0,3% do PIB, o superávit primário das contas públicas deste ano também foi incorporado aos cenários com que trabalha o Banco Central e, portanto, influíram no Copom de quarta-feira. O superávit em 2011 pode chegar a 3,2% ou 3,3% do PIB - no ano passado, foi de 2,78% do PIB. Uma vez que aumenta a poupança do governo, a medida tem impacto sobre a projeção de inflação.Na avaliação do governo, participantes do mercado estão discordando da recente decisão do Copom porque, desde o início do ano, subestimaram a moderação em curso na economia brasileira e a possibilidade de agravamento da crise financeira internacional. Hoje, o IBGE divulgará o resultado do PIB no segundo trimestre. O governo acredita que, depois de ter crescido 1,3% entre janeiro e março, a economia brasileira pisou no freio e avançou menos de 1% entre abril e junho

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