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quarta-feira, 6 de julho de 2011

"Indice de miséria" segue baixo no país, ainda estimulando o consumo

"Indice de miséria" segue baixo no país, ainda estimulando o consumo
A soma da taxa de desemprego e da inflação segue no mesmo nível desde dezembro do ano passado, mantendo-se em patamares baixos para padrões brasileiros. O recente aumento do Indice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado em 12 meses foi compensado pelo recuo da taxa de desocupação, feito o ajuste sazonal. Em maio, o chamado "índice de miséria" ficou em 12,4 pontos, resultado da combinação de um desemprego de 5,8%, em termos dessazonalizados, e de um IPCA de 6,6% em 12 meses, segundo números da MB Associados. Nos últimos seis meses, o indicador tem oscilado entre 12,2 pontos e 12,4 pontos. É um pouco acima da mínima atingida em agosto e setembro de 2010, de 11,1, mas confortavelmente abaixo da média de 16,9 observada entre 2002 e 2009. Para o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, é um patamar que ainda tende a estimular o consumo, embora com menos intensidade do que no melhor momento do ano passado. "O 'índice de miséria' é um conceito tradicional que mede a percepção da população em relação a sua situação econômica", diz Vale. A queda mais significativa do número se deu a partir de 2006, período a partir do qual a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva subiu com força, até atingir níveis recordes, superando os 80% de aprovação. No começo do governo Lula, porém, o "índice de miséria" alcançou números bastante elevados, chegando a beirar 30 em maio de 2003. O desemprego chegou a 12,5% e o IPCA em 12 meses, em 17,2%, com o forte impacto inflacionário provocado pela desvalorização do câmbio ocorrida no ano anterior.Com a redução da inflação para níveis mais próximos do centro da meta perseguida pelo Banco Central, de 4,5%, e a progressiva queda do desemprego, o "índice de miséria" caiu bastante nos anos seguintes. No terceiro trimestre de 2009, chegou à casa dos 12 pontos.Vale não acredita em novas reduções expressivas do indicador daqui para frente. Ele espera que o índice termine o ano em 11,9, considerando que o IPCA fecha 2010 em 6,3% e a taxa de desemprego em 5,6%, na série com ajuste sazonal. Desse modo, a percepção da população em relação à situação econômica tende a ficar estagnada, um quadro que pode se repetir até 2014, acredita Vale, por não ver uma redução significativa da inflação ou do desemprego nos próximos anos. O economista José Márcio Camargo, da Opus Gestão de Recursos, vê com ressalvas o "índice de miséria", por ser um indicador composto que atribui pesos iguais às taxas de inflação e de desemprego. Ele chama a atenção também para o fato de que um número baixo não necessariamente reflete uma situação favorável. Um país pode ter um desemprego mais alto e uma inflação bastante baixa, mas num ambiente recessivo, que resulte numa soma modesta dos dois indicadores. No caso brasileiro, houve uma combinação bastante virtuosa entre maio e agosto de 2010, quando ocorreu uma diminuição simultânea da taxa de desemprego e da inflação em 12 meses. No terceiro trimestre de 2010, o consumo das famílias cresceu 1,7% sobre o trimestre anterior, na série livre de influências sazonais, uma alta considerável. No ano, houve alta de 7% do principal componente da demanda. Para os próximos meses, Camargo acredita que a taxa de desemprego pode cair ainda mais, em termos dessazonalizados. "O segundo semestre tende a ser sazonalmente mais aquecido no mercado de trabalho", diz ele. A questão é que, ao mesmo tempo, o quadro favorável para o emprego e a renda mantém a inflação sob pressão. Hoje, os analistas esperam que, o IPCA siga em alta no acumulado em 12 meses até alcançar a casa de 7% no terceiro trimestre, para só então recuar e fechar o ano um pouco acima de 6%. Em resumo, a aposta dominante dos economistas aponta para pouco espaço para uma queda relevante do "índice de miséria" neste ano. Vendas do varejo têm leve desaceleração no 1º semestre O comércio brasileiro encerrou o primeiro semestre com crescimento de 9,6% em relação ao mesmo período do ano passado, o que representa leve desaceleração da atividade, mostra o levantamento da empresa de análise de crédito Serasa Experian, com base no volume de consultas mensais feitas por estabelecimentos comerciais à base de dados da empresa. Entre janeiro e junho de 2010, o comércio varejista havia apresentado avanço um pouco maior, de 10,7%, em relação aos primeiros seis meses do ano anterior. No segundo semestre, a alta foi de 10%, frente ao mesmo período de 2009. Apesar do ciclo de aumento da taxa básica de juros e das medidas de restrição ao crédito adotadas pelo Banco Central desde o ano passado, o bom momento do mercado de trabalho conseguiu sustentar desempenho favorável para a atividade varejista na primeira metade do ano, avaliam os economistas da Serasa.Para o segundo semestre a previsão é de que a desaceleração da atividade do comércio seja mais intensa, por conta da continuidade do aperto monetário e da perspectiva de crescimento mais moderado da economia.Na análise por setores, o destaque foi o segmento de material de construção, que registrou avanço de 12,8% frente ao primeiro semestre do ano passado. Em seguida, aparecem as categorias móveis, eletrônicos e informática, com alta de 9,3%, e combustíveis e lubrificantes, com incremento de 9,3%. Apenas os segmentos de tecidos, vestuário, calçados e acessórios encerraram o semestre com queda (-0,9%)Em relação a maio, os resultados de junho ficaram estáveis, na comparação livre das influências sazonais. Quatro segmentos caíram: combustíveis e lubrificantes (0,2%), veículos, motos e peças (2,5%), tecidos, vestuário, calçados e acessórios (-0,3%) e material de construção (-2,8%). Apenas dois tiveram variação positiva: supermercados, hipermercados, alimentos e bebidas (+0,7%) e móveis, eletroeletrônicos e informática (+0,1%).

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