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segunda-feira, 4 de julho de 2011

Ilude-se quem acha que controla o mercado

Ilude-se quem acha que controla o mercado
Muitos investidores, especialmente as pessoas físicas, se sentem tentados a controlar as suas aplicações em bolsa, o que em finanças comportamentais é conhecido como "ilusão de controle". Eles acreditam que, acompanhando de perto o movimento do mercado, conseguem comprar antes de as ações subirem e vender antes de haver uma onda de queda. Essa ambição de surfar apenas as boas ondas é ainda maior em momentos negativos da bolsa, como o atual, em que todo mundo deseja antecipar as horas de baixa, para fugir delas.Pesquisas recentes, no entanto, mostram que não passa realmente de uma vã ilusão a ideia de que o investidor consegue antever os movimentos. Os números revelam como são grandes as chances de se cometer erros nessa estratégia de entra e sai do mercado.Tentar antever o futuro é tarefa arriscada na bolsa"É praticamente impossível acertar o momento certo de vender e comprar", diz o estrategista de investimentos pessoais da Santander Asset Management e especialista em finanças comportamentais, Aquiles Mosca. "Quem se aventura a fazer isso corre um grande risco de perder os melhores movimentos da bolsa e ainda por cima participar dos piores", explica Mosca.Ou seja, tanta esperteza pode fazer o tiro sair pela culatra. Um levantamento feito pelo estrategista da Santander Asset com a Bovespa desde 1999 - quando começou a política de câmbio flutuante, metas de inflação e responsabilidade fiscal -, até maio deste ano, mostra que nesse período o Indice Bovespa apresentou um retorno médio anual de 20,26%.Para aqueles que tentaram adivinhar os movimentos, o resultado pode ter sido bem diferente. Pelos cálculos de Mosca, se o investidor deu muito azar nessa estratégia e perdeu as dez maiores altas do Ibovespa em cada um dos anos, teve um retorno médio anual de 13,36% ao ano. Esse ganho fica abaixo do retorno do CDI no período, que foi de 16,19% ao ano, segundo o estrategista.Se o investidor foi ainda mais azarado e perdeu as 20 maiores altas da Bovespa em cada um dos anos, o seu ganho médio anual recua dos 20,26% para 8,16%, abaixo do CDI e pouca coisa acima da inflação média do período, de 6,58% ao ano."A conclusão é que, se o investidor gosta de bolsa, precisa estar disposto a passar pelas realizações para ter certeza de que conseguirá capturar todos os movimentos de alta desde o começo", explica Mosca.Obviamente que proatividade vale tanto para o mal quanto para o bem. Entre 1999 a 2011, se o investidor teve muita sorte e conseguiu ficar fora dos dez piores pregões do ano, o retorno subiu de 20% para 29%.Como investimento é algo que deve ser levado a sério, aplicar em ações deve ir muito além de um jogo de sorte ou azar, como apontam os números acima.Segundo Mosca, apesar das orientações, os investidores menos preparados estão saindo da bolsa neste momento de incertezas. "Eles esquecem que correm um grande risco de perder uma boa parte da festa, na hora que o mercado resolver se recuperar", completa Mosca.

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