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segunda-feira, 4 de julho de 2011

Exterior dá trégua e leva dólar à mínima em 12 anos

Exterior dá trégua e leva dólar à mínima em 12 anos
A aprovação das medidas de austeridade fiscal pelo Parlamento Grego e indicadores de atividade econômica animadores nos EUA determinaram a queda do dólar no mercado internacional e, principalmente, no Brasil. Há 12 anos a moeda americana não chegava a preço tão baixo. Na sexta-feira, era preciso R$ 1,558 para se comprar um dólar - menor valor desde 19 de janeiro de 1999, ano em que a moeda nacional passou a flutuar.A evolução do dólar reflete também o forte ingresso de divisas no país por basicamente dois filtros: aplicações de investidores estrangeiros interessados no juro real brasileiro e captações de recursos externos sobretudo por bancos. Nesse caso, o incentivo à captação é o juro baixo praticado nas maiores economias.Desde o último trimestre do ano passado, especialistas estão atentos à movimentação do governo brasileiro no sentido de conter o fluxo de capitais. As autoridades brasileiras basicamente elevaram as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Até por essa razão, persiste a expectativa de que o Ministério da Fazenda ou o Banco Central poderão adotar mais medidas para conter a apreciação do real. As declarações feitas pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, de que o aumento do IOF não foi suficiente para reduzir o fluxo de capitais ao Brasil, renovou as preocupações dos especialistas. "Com certeza, se não fossem tais ações [de aumento do IOF], o dólar poderia estar ainda mais desvalorizado. Agora, esperamos medidas do governo e uma atuação mais forte por parte do BC para breve", disse um operador de mercado que prefere não ser identificado."A curto prazo, o cenário não deve mudar, a tendência como um todo é de apreciação. Temos uma economia crescendo, com um sistema financeiro e bancário sólido e com taxas de juros elevadas: tudo o que é atrativo para capital externo. Enquanto houver excesso de liquidez, o Brasil continuará sendo um lugar interessante", disse Luis Otávio de Souza Leal, economista-chefe do Banco ABC Brasil. No fim da sexta-feira, o dólar apresentava desvalorização de 0,14% em relação a uma sexta composta por diferentes moedas do mundo."Há sim uma expectativa de novas medidas pela frente. Ainda não se sabe muito bem como, mas devem vir", diz Flávio Serrano, economista-sênior do Espírito Santo Investment Bank. Ele considera que o perfil do investimento não mudou: ainda que tenha ocorrido um aumento do investimento direto (que não paga IOF), muito desse dinheiro tem sido descolado para carteiras financeiras, o que impacta na cotação da moeda. "Uma empresa com sede estrangeira faz um aporte aqui e, se for esperar alguns meses para fazer o investimento, acaba indo para o mercado financeiro enquanto isso. Como não tem como carimbar esse dinheiro, é impossível saber o tamanho desse impacto", diz. No curto prazo, analistas consideram que os investidores, antes temerosos de um calote grego, agora voltam suas atenções para a votação da ampliação do teto de endividamento público nos EUA, assunto que tem gerado amplo debate político por lá. "À medida em que a economia americana melhorar, esse dinheiro deve voltar para lá aos poucos", diz Serrano.

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