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sábado, 18 de junho de 2011

SEM EUFORIA, NEM DEPRESSÃO O mercado de açúcar em NY fechou a semana

SEM EUFORIA, NEM DEPRESSÃO O mercado de açúcar em NY fechou a semana cotado em 26,35 centavos de dólar por libra-peso no vencimento julho de 2011, a cotação mais alta dos últimos 40 pregões. Na semana, tivemos o julho/2011 variando positivamente em 71 pontos, o outubro/2011 75 pontos e o março/2012 58 pontos, ou seja, 16, 17 e 13 dólares por tonelada de alta, respectivamente. O volume de negócios cresceu. Nas dez últimas sessões a média diária de contratos negociados foi de 175.000 contratos, bem acima dos 117.000 lotes negociados na média de 50 dias. No mesmo período o número de contratos em aberto subiu 80.000 lotes. Muitos traders e produtores ajustando suas posições, hedgeando ao sabor das noticias de moagem brasileira. Acreditamos de o outubro vai seguir os passos do julho e poderemos ter o mercado buscando 27-28 centavos de dólar por libra-peso (a máxima de outubro é 27,57). Que saudade daquela oportunidade de recompra ocorrida há pouco mais de um mês falada aqui. O vencimento das opções de julho ocorrido no dia 15 teve duas situações interessantes daquelas que os alunos dos cursos de Gestão de Riscos não conseguem entender. Julho fechou a 25,08. Alguém que estava comprado 1.500 calls (opção de compra) de 25,00 resolveu não exercer a opção apesar de ela estar 0,08 centavos de dólar por libra-peso no dinheiro (US$ 134 mil jogados pela janela) enquanto que 1.000 puts (opção de venda) de 25,00 foram exercidas (US$ 100 mil pelo ralo). Como disse um veterano corretor de NY: “vai entender”. A semana teve o seminário da Glencore, evento fechado para convidados apenas e o mais esperado do ano, que virou tradição nos meses de junho, e referência para as usinas desde 1998. Seus principais executivos, do Brasil e do exterior, discorreram sobre o quadro atual de produção, consumo, importação, exportação e estoques dos principais países produtores, numa análise esmiuçada, pragmática e muito valiosa para todos os tomadores de decisão que ali presentes. A gigante suíça acredita que o superávit será de 7.8 milhões de toneladas. No entanto, com análise criteriosa, infere-se da apresentação que o tal superávit possa não impactar nos preços atuais em função, principalmente, dos fluxos de comércio do granel e refinado que se opõem um ao outro em períodos de excesso de oferta de um com falta de oferta do outro, se anulando ou fazendo com que as forças se dissipem ou tenham menor impacto. Por exemplo, o fluxo negativo de brancos no segundo trimestre desse ano segura de alguma forma o excesso que se prevê de granel no trimestre seguinte, que por sua vez não fica tão pressionado pela antecipação que o mercado certamente fará da falta de granel do primeiro trimestre de 2012. As questões meteorológicas e suas ameaças foram muito bem abordadas. O bom crescimento de Tailândia e Austrália, o provável crescimento fraco de China e Indonésia, a deterioração do Centro Sul (que pode ser crítica), a seca na Europa, entre outros pontos, abrem a perspectiva de que temos muitas questões a serem analisadas e a combinação delas de maneira lógica nem sempre é tarefa fácil. Talvez o único ponto mais discutido no coquetel que se seguiu tenha sido o baixo custo de produção apresentado. Poucos acreditam que o custo de produção do Centro-Sul seja de apenas 16,80 centavos de dólar por libra-peso (sem custo financeiro). A maioria das consultorias, inclusive a Archer Consulting, aponta o custo de produção do Centro-Sul em torno de 18 centavos de dólar por libra-peso FOB Santos. Mas isso “é apenas um detalhe”, como diria uma atrapalhada Ministra da Fazenda do século passado. O resumo da ópera é que, segundo a trading, os preços devem ficar entre 23 e 27 centavos de dólar por libra-peso, com uma possível visita aos 30 centavos de dólar por libra-peso uma vez que os mercados tendem a estressar situações de aperto nos estoques, o que deverá ocorrer em 2-3 meses. Numa frase, aproveitando a inspiração etílica de um respeitado executivo que bebericava seu uísque numa roda, “nem euforia, nem depressão”. O que já está muito bom. Mudando de assunto, muitas usinas se posicionando na compra de contratos futuros de etanol na BM&F Bovespa, que chega a quase 15.000 contratos em aberto, acreditando que o mercado deverá repetir o mesmo comportamento verificado no início desse ano, para desespero daquele pessoal “que cuida” do etanol nas esferas superiores. Dilma vai ter que revogar a lei da oferta e procura, é o “único jeito”. A Agência Nacional do Petróleo colocou em consulta pública o novo marco regulatório do etanol. Entre as ideias apresentadas, ”o produtor de etanol anidro deverá possuir, em 1º de março de cada ano, estoque em volume compatível com, no mínimo, 8% de sua produção de etanol anidro no período de abril, do ano anterior, a fevereiro do ano corrente”. Ou seja, numa safra apertada como essa, se o produtor tiver que guardar esses 8% para o dia 1º de março, isso significa que vai faltar etanol em dezembro, janeiro e fevereiro para que isso ocorra. Como diriam nossos patrícios lusitanos, “isso tudo parece que vai ficar em águas de bacalhau”, ou seja, não vai dar em nada. O Senado americano aprovou a emenda para acabar com a sobretaxa de US$ 0.54 por galão de etanol e o subsídio de US$ 0.45 por galão para o etanol americano, que anula a competitividade do etanol brasileiro. Agora vai para a Câmara para apreciação e depois, para Obama, para aprovação. O fato é que os Estados Unidos precisam cortar gastos e subsídios. O modelo de correlação desenvolvido pela Archer Consulting aponta que açúcar no mercado interno (leia-se ESALQ) e açúcar em NY (primeiro mês) têm uma aderência de 0,9193. No teste retroativo dos últimos 250 dias houve um descolamento máximo de 15,42% e mínimo de -15,21%, na média foi de 0,10% de descolamento. Nos últimos 60 dias, subiu em quase 70% o número de visitas ao site para ler este relatório originadas em Brasília. Sem comentários. O Fundo Fictício da Archer Consulting apresentou mais uma semana de queda. Perdemos US$ 146,986.89 na semana, reduzindo nosso portfolio para US$ 7,021,597.29 com rendimento anualizado de 133,46% em 897 dias de fundo. Nosso delta é de 172 lotes vendidos e vamos ajustar a posição caso esse número chegue a 250 (que deve ocorrer se o mercado subir uns 80 pontos). Tenham todos uma excelente semana. Arnaldo Luiz Corrêa

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