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segunda-feira, 20 de junho de 2011

QE2 - O Fed atua novamente ou paga para ver?

QE2 - O Fed atua novamente ou paga para ver?
A semana marca o fim oficial do "Quantitative Easing 2", programa de compra de títulos do Tesouro americano pelo Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA. Desde setembro do ano passado foram comprados US$ 600 bilhões em Treasuries, movimento que ajudou a transformar o Fed no maior credor do Tesouro americano.As consequências desse programa, bem como dos outros esforços não convencionais para colocar a economia americana de volta à ativa, já foram amplamente discutidos. Como a queda acentuada do dólar, a alta das commodities e uma onda inflacionária mundial. Pelo lado da atividade parecem existir dois momentos distintos nos EUA. E o mês de maio é um divisor.Do fim do ano passado até o referido mês a percepção era de firme retomada. Os indicadores surpreendiam para cima, a criação de empregos tomava vulto e a bolsas subiam com força, ajudando a melhorar a confiança do consumidor. As commodities mais caras afastaram o fantasma da deflação e o dólar baixo permitiu maiores exportações.IPCA-15 pode recuar de 0,70% para 0,15% em junhoDe maio em diante parece que o "freio" foi ativado. A perda de dinamismo econômico foi paulatinamente confirmada pela divulgação dos dados econômicos e a baixa criação de empregos no mês passado coroou esse processo.Mal começou a agitação sobre a possibilidade de um "Quantitative Easing 3" e o presidente do Fed, Ben Bernanke, indicou que um novo plano não está em gestação. Para o mandatário, a situação volta a se normalizar no segundo semestre.E tudo indica que essa postura será mantida na coletiva que Bernanke faz na quarta-feira, após a decisão de juros, que manterá a taxa básica entre zero e 0,25% ao ano.Dentro do próprio Fed há dissenso quanto à necessidade de novos estímulos. E essa falta de consenso também existe dentro do mercado.O fato é que o Fed parece ser a última linha de defesa da atividade em um momento em que o governo não mostra capacidade de impulsionar a economia pela tradicional receita de Keynes, de elevação do gasto público. Evidência disso é a falta de acordo para aumentar o teto do endividamento federal.Para um gestor baseado em Nova York, tudo aponta para uma perda de momento da atividade dos EUA. "Então, por que essa depressão seria passageira?", indaga.Na visão desse especialista, a economia sofreu um choque extremo e tem sido sustentada por uma política monetária ultra expansionista. Houve uma mudança estrutural nos EUA, setores foram destruídos. O desemprego é estrutural. E o consumo aumentou porque os consumidores deixaram de pagar suas hipotecas, uma espécie de default estratégico.E esse quadro ganha um contorno ainda mais preocupante conforme começam a pipocar notícias de que as demissões devem crescer, conforme as empresas e bancos revisam para baixo suas estimativas de receita para o ano."Um QE3 deveria ser executado. Mas parece que vão resistir até o último minuto, como no plano para salvar os bancos em 2008 e como agora, nessa questão do teto da dívida. Concordo que não é uma panaceia, mas é bem melhor que ficar olhando ir tudo abaixo, todo esse trabalho de meses e mais meses. O correto seria uma solução fiscal. Mas essa não será feita porque não há espaço político e orçamentário para isso", conclui.Será que o Fed "paga para ver" ou tira uma carta da manga? Cabe lembrar, também, que em 2012 os americanos vão às urnas e que nenhum presidente foi reeleito com taxas de desemprego na linha dos 9%.Mudando para a agenda local, atenções voltadas ao Indice de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15) de junho. Nas contas da Platina Investimentos, a prévia da inflação oficial deve recuar de 0,70% em maio para 0,15%. E Marco Franklin, sócio da Platina, não descarta possibilidade de deflação para o índice fechado do mês. "Pode ser um mês com IGP-M, IPC Fipe e IPCA negativos. Algo que não acontece há pelo menos cinco anos. A cara da inflação está melhor", diz Franklin, lembrando que para o quadro ficar ainda melhor, só falta a inflação de serviços começa a cair. Mas essa é uma história mais complicada por causa dos dissídios no segundo semestre e do salário mínimo de 2011.Olhando adiante, com as commodities agrícolas caindo, o IPA agrícola poderá ter mais um mês negativo em julho. Com isso, a pressão para baixo do grupo no varejo deverá continuar nos próximos dois meses. Vale notar, diz Franklin, que o IPA agrícola pelo IGP-10 já caiu 4% em dois meses e que até agora a transmissão desse movimento para o varejo foi um tanto tímida.

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