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quinta-feira, 19 de maio de 2011

Fed mostra preferência pela alta de juros

Fed mostra preferência pela alta de juros

O ponto mais interessante da ata do Federal Reserve (Fed), banco central
americano, é que a maioria dos membros do colegiado indicou preferência à alta
de juros em detrimento à venda dos títulos que a instituição tem em carteira
quando o assunto é a normalização da política monetária ultra expansiva.
Os responsáveis pelas decisões do Fed acreditam que tal forma de atuação dá a
instituição maior liberdade para atuar com um corte de juros caso a economia
apresente um revés durante o processo de ajuste da política monetária.
Mas nem a alta de juros, nem a redução do balanço do Fed devem ser o primeiro
passo rumo à normalização das condições monetárias.
A ata mostra que o primeiro passo dentro dessa estratégia seria parar de
reinvestir os rendimentos recebidos pelos títulos que tem em carteira,
incluindo os proventos decorrentes da detenção dos títulos do Tesouro americano.
Dólar marca terceiro dia de baixa e fecha a R$ 1,612
Cabe ressaltar que toda a discussão está pontuada por indicações de gradualismo
e lembranças frequentes do mandato duplo do Fed, formado por estabilidade de
preço e pleno emprego.
A própria ata traz um sinal claro de que o BC não tem pressa na promoção da
normalização. O documento aponta que as expectativas de inflação seguem bem
ancoradas (apesar de alguns membros se mostrarem mais preocupados) e trabalha
com uma redução bastante gradual na taxa de desemprego.
Por essa razão, a percepção é de que os juros por lá devem continuar próximos
de zero por mais um bom tempo.
Segundo um gestor, o Fed não mostra mesmo que tem pressa na normalização, mas
indicou claramente que tem um leque de opções para levar essa estratégia
adiante.
O documento se refere ao encontro dos dias 26 e 27 de abril, que marcou uma
nova estratégia de comunicação do Fed, com o presidente da instituição, Ben
Bernanke, falando à imprensa após a decisão.
O ponto mais destacado desse encontro foi o aceno de que o programa de compra
de US$ 600 bilhões em títulos do Tesouro, o famoso "Quantitative Easing 2",
vai, de fato, acabar em junho, conforme o planejado no lançamento do programa
em novembro passado.
A percepção de uma transição bastante gradual na condução da política monetária
foi reforçada pela recente rodada de indicadores da economia americana. Desde o
dia 27, o conjunto de dados surpreendeu negativamente.
Para um estrategista, em função dessa piora recente nos indicadores, a ata
perde parte de sua valia. "Quero ver essa normalização com a economia embicando
para baixo", pondera.
No mercado brasileiro, toda a movimentação de contratos da terça-feira, não se
traduziu em mudança significativa de posições no mercado de câmbio ou de bolsa.
Os quase 500 mil contratos de dólar e mais de 100 mil de Ibovespa se
confirmaram apenas como "giro de mercado".
Os dados da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) evidenciam isso e esvaziaram
a percepção de que alguma mudança firme de viés no curtíssimo prazo.
No câmbio, os estrangeiros seguiram "vendidos" (apostando na queda) em US$
16,05 bilhões, sendo US$ 5,70 bilhões em dólar futuro e outros US$ 10,34
bilhões em cupom cambial (DDI - juro em dólar).
No outro lado estão os bancos, com US$ 10,70 bilhões, divididos em US$ 3,15
bilhões em dólar futuro e US$ 7,54 bilhões em cupom cambial.
No caso do Ibovespa, o não residente vendeu mais contratos, ou seja, ampliou
sua aposta de baixa do índice acionário.
O estoque vendido subiu em 1.079 contratos, para 75.848 contratos. Reforçando
que o movimento de terça foi apenas um "suspiro" de alta, a bolsa caiu mais de
1%, ontem, voltando a se aproximar das mínimas do ano.
No câmbio, as ordens de venda prevaleceram pelo terceiro dia e o dólar
comercial encerrou com abaixa de 0,61%, a R$ 1,612 na venda.
No mercado futuro, o contrato para junho cedeu 0,46%, para R$ 1,6145, antes do
ajuste final. Pela análise gráfica o próximo suporte fica em R$ 1,606.
No mercado de juros futuros, a curva mostrou leve alta.
Segundo o sócio-gestor da Leme Investimentos, Paulo Petrassi, o mercado atingiu
um nível de preço bastante razoável, colocando duas altas de 0,25 ponto na
Selic e trabalhando com uma melhora nos dados de inflação de curto prazo.
Com isso, há pouco prêmio para se ganhar com a abertura de novas posições, por
isso das variações não muito acentuadas. "O preço está justo, então a
volatilidade tende a diminuir", notou.
Hoje, o BC atualizada dados do mercado de crédito e amanhã, foco no IPCA-15.

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