Commodities Agrícolas
Safra na India
Pelo segundo dia consecutivo, os preços futuros do açúcar
fecharam em alta na bolsa de Nova York. Os contratos com vencimento em outubro
terminaram a quarta-feira cotados a 22,27 centavos de dólar por libra-peso, com
ganhos de 65 pontos. Segundo a Dow Jones Newswires, o mercado começa a mostrar
preocupação com a próxima safra de cana-de-açúcar da India. O país, segundo
maior produtor mundial de açúcar, tem ciclos de produção de três anos, sendo
dois de alta produtividade e um de baixa. "A safra 2012/13 é ainda um ponto de
interrogação", disse Abinash Verma, chefe da Associação dos Processadores de
Açucar da India. No mercado interno, o indicador Cepea/Esalq para o açúcar
cristal fechou o dia a R$ 59,73 por saca, em queda de 0,13%.
Chuva na Colômbia
Temores de que as chuvas que atingem a Colômbia prejudiquem
os frutos do café e reduzam a qualidade do produto fizeram os preços da
commodity subir ontem na bolsa de Nova York. Os contratos com vencimento em
julho terminaram o pregão a US$ 2,7005 por libra-peso, com ganhos de 395
pontos. Segundo a Bloomberg, as regiões produtores de café da parte central da
Colômbia devem continuar recebendo chuvas nas próximas semanas. O país é o
segundo maior produtor mundial da variedade arábica, atrás apenas do Brasil. Em
abril, um relatório da Federação Colombiana de Cafeicultores informava que a
produção de abril foi 19% menor que o mesmo período do ano passado. No Brasil,
o indicador Cepea/Esalq para o café subiu 2,13% ontem, para R$ 530,79 por saca.
Realização de lucros
Os preços do suco de laranja fecharam em queda ontem na
bolsa de Nova York, mesmo com o enfraquecimento do dólar no mercado
internacional. Essa foi a terceira queda consecutiva nos preços do suco apenas
nesta semana, especialmente depois de os preços terem registrado uma forte alta
na última sexta-feira. Ontem, os contratos para setembro fecharam a US$ 1,74
por libra-peso, em queda de 15 pontos. Analistas consultados pela Dow Jones
Newswires, disseram que os investidores estão aproveitando os últimos pregões
para realizar lucros. Além disso, diminuíram as preocupações no mercado com o
início da temporada de furacões na Flórida. No Brasil, a laranja pêra in natura
foi cotada a R$ 14,44 por caixa, segundo o Cepea, queda de 1,16%.
Seca na China
Especulações de que a falta de chuvas na China estaria atrasando
o plantio na província de Hubei, a quinta maior produtora do país, fizeram os
preços do algodão subir ontem na bolsa de Nova York. Os contratos com
vencimento em outubro terminaram o dia a US$ 1,3598 por libra-peso, em alta de
168 pontos. Segundo a Bloomberg, a província de Hubei registrava o menor volume
de chuvas durante o outono dos últimos 50 anos. Diante da estiagem, cerca de
1,1 milhão de hectares de lavouras, incluindo milho e arroz, estariam sendo
prejudicados. Apesar de ser um grande produtor, a China está entre os maiores
importadores mundiais de algodão. No mercado interno, o indicador Cepea/Esalq
para a pluma terminou o dia a R$ 2,1692 por libra-peso, em alta de 0,14%.
Importação de arroz
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) encaminhou para três
ministérios um pedido para que o governo brasileiro suspenda a emissão
automática das licenças para importação de arroz do Mercosul. Segundo a
presidente da CNA, Kátia Abreu, a safra de 13 milhões de toneladas colhida
neste ano é suficiente para atender a demanda interna. Favorecidas pela queda
no dólar, as importações estão contribuindo para pressionar os preços.
IqPR sobe 8,28%
O Indice Quadrissemanal de Preços Recebidos (IqPR) pelos agricultores de São
Paulo subiu 8,28% na segunda quadrissemana de maio, segundo o Instituto de
Economia Agrícola (IEA). O índice foi sustentado pela alta de 12,66% nos preços
dos produtos de origem vegetal. Já os produtores de origem animal tiveram uma
alta de 2,61% na segunda quadrissemana do mês. As altas mais expressivas
ocorreram na cana-de-açúcar (25,47%), feijão (17,38%) e banana (10,13%).
Colheita do café em SP
A colheita do café no Estado de São Paulo tem início oficial hoje. A colheita
simbólica será realizada no Instituto Biológico, na capital paulista, no
cafezal instalado em uma área de dez mil metros quadrados da entidade e é
considerado o maior cafezal urbano do Brasil, com 1.530 pés em produção. O
Estado é o terceiro maior produtor do país, atrás de Minas Gerais e Espírito
Santo e deve produzir 3,47 milhões de sacas na safra 2011/12, segundo
estimativas do IEA.
Queda de juros
O governo anunciou ontem a redução do juro de investimento do Pronaf. As taxas
vão variar de 0,5% a 2% para todas as linhas. Antes, as taxas chegavam a 4,5%.
Também foi anunciada a garantia de R$ 16 bilhões para crédito e a unificação do
limite de investimento para R$ 130 mil.
Disparada dos grãos em Chicago
Adversidades climáticas na América do Norte e na Europa e a queda do dólar
diante de outras moedas no mercado internacional durante boa parte do dia
determinaram uma forte valorização dos preços dos grãos ontem na bolsa de
Chicago.
Percentualmente, a maior alta foi observada no mercado de trigo. Os contratos
com vencimento em setembro, que ocupam a segunda posição de entrega
(normalmente a de maior liquidez), subiram 51,25 centavos de dólar por bushel,
ou 6,35%, e encerraram a sessão a US$ 8,5850. Com isso, a segunda posição
passou a acumular ganhos de 7,15% em maio, de 4,6% em 2011 e de 76,92% nos
últimos 12 meses, conforme o Valor Data.
No caso do milho, a segunda posição (setembro) registrou alta de 24,75 centavos
de dólar por bushel (3,53%), fechou a US$ 7,1750 e agora apresenta valorizações
acumuladas de 12,73% neste ano e de 94,84% em 12 meses. Na soja, a segunda
posição (agosto) subiu 36,50 centavos de dólar (2,73%) e o ganho em 12 meses
passou a 47,01%. Em 2011, entretanto, ainda há retração de 2,16%.
Se a oscilação do dólar influenciou as altas das três commodities agrícolas de
maior liquidez internacional, os problemas climáticos tiveram mais efeito no
trigo, cuja oferta encara estiagem em regiões da França e chuvas em excesso nos
EUA e no Canadá. No milho, a situação americana é mais preocupante porque o
plantio no país já está atrasado. A soja pegou "carona" nas altas de trigo e
milho.
Receita da Copersucar mais do que dobra
A Copersucar, a maior comercializadora de açúcar e etanol do país, teve um
lucro líquido de R$ 355,4 milhões na safra 2010/11, encerrada em 31 de março. O
resultado reverte o prejuízo de R$ 2,5 milhões registrados em igual intervalo
da temporada 2009/10. Os preços altos do açúcar e do etanol e a adesão de novas
usinas ao sistema Copersucar foram fundamentais no resultado positivo da
companhia, que viu sua receita mais que dobrar no período.
Segundo balanço divulgado ontem pela empresa, o faturamento atingiu R$ 8,27
bilhões na safra 2010/11, ante os R$ 3,76 bilhões do ciclo 2009/10. Em
entrevista concedida em janeiro deste ano, Luís Roberto Pogetti, presidente do
conselho de administração da Copersucar, afirmou que nesta temporada em curso,
a 2011/12, a receita da companhia deve evoluir para níveis próximos de R$ 14
bilhões por causa do crescimento do volume de açúcar e álcool comercializados,
além da adesão de mais sócios.
Na temporada 2010/11, 44% da receita líquida tiveram origem na venda de etanol
e 55% na comercialização de açúcar, que teve como principais destinos na
exportação a Ásia e o Oriente Médio.
Para 2011/12, a previsão é de que os volumes movimentados pela empresa sejam
equivalentes à moagem de 121 milhões de toneladas de cana, ante as 114 milhões
registradas na safra 2010/11.
Mais uma vez, as cotações internacionais recordes do açúcar no período e a
remuneração mais elevada para o etanol fizeram com que a margem Ebitda (lucro
antes de juros, impostos, depreciação e amortização) evoluísse para 4,9% no
ciclo encerrado em março de 2011, bem acima do 1,1% registrados no mesmo
período de 2010. O Ebitda cresceu mais de dez vezes para R$ 407 milhões, ante
os R$ 40 milhões da safra 2009/10.
Puxado principalmente pelos investimentos em infraestrutura e logística, o
endividamento da empresa com empréstimos e financiamentos subiu de R$ 318,2
milhões em 31 de março de 2010 para R$ 1,414 bilhão em 31 de março deste ano.
Santa Adélia e Usina Pioneiros perto de uma fusão em cana
Associados da Copersucar, os grupos Pioneiros Bioenergia, de Sud Menucci (SP),
e Santa Adélia, de Jaboticabal (SP), estão em negociações avançadas para
fundirem suas operações de processamento de cana-de-açúcar.
De acordo com Celso Torquato Junqueira Franco, diretor da Pioneiros, os
detalhes finais estão sendo fechados, mas a principal pendência ainda é o
posicionamento dos bancos credores sobre o alongamento das dívidas das duas
empresas, que têm juntas três usinas com capacidade somada para processar 6
milhões de toneladas de cana.
A fusão vai se dar por meio de troca de ações. A estimativa é de que a
Pioneiros fique com cerca de 20% das ações do grupo Santa Adélia. O cálculo do
valor das empresas, para efeito da troca de ações, está sendo finalizado e,
segundo Junqueira Franco, deve ficar entre US$ 150 e US$ 170 por tonelada de
capacidade instalada.
Tanto a usina Pioneiros quanto as duas unidades da Santa Adélia (Jaboticabal e
Pereira Barreto) têm cogeração de energia a partir de bagaço de cana e produzem
açúcar e etanol. A capacidade conjunta de exportação de energia se aproxima de
520 mil megawatts/hora por ano. Com a fusão, 35% a 40% da cana será proveniente
de terceiros e, o restante será produção própria. A maior sinergia do negócio
ficará entre a unidade da Pioneiros e a de Pereira Barreto, da Santa Adélia,
que estão distantes 22 quilômetros.
O plano das duas empresas é ampliar o processamento das atuais 6 milhões de
toneladas para 10 milhões de toneladas em três a quatro anos, diz o diretor.
Junqueira Franco explica que o alongamento da dívida com os bancos está sendo
feito de forma a equilibrar os vencimentos dos dois grupos. Segundo último
balanço publicado pela Pioneiros Bioenergia, referente ao ano encerrado em 31
de março de 2010, a dívida oriunda de empréstimos e financiamentos foi de R$
136,9 milhões, considerando os vencimento de curto e longo prazos. Já a Santa
Adélia, do família Bellodi, registrou uma dívida de empréstimos e
financiamentos de R$ 303,8 milhões no ano encerrado em 31 de dezembro de 2009,
último dado publicado pela empresa.
No mesmo ano, a receita da Santa Adélia foi de R$ 458,2 milhões enquanto a da
Pioneiros alcançou R$ 127,1 milhões.
Alta do trigo pressiona moinhos
Proprietário e presidente do maior moinho de trigo da América Latina, o
Pacífico, Lawrence Pih não usa de eufemismos para definir 2010: "foi medíocre",
diz ele, em referência à guinada dos preços internacionais do cereal do
primeiro para o segundo semestre do ano passado e à dificuldade em repassar
toda a alta ao valor do produto final, a farinha de trigo.
Para 2011, Pih acredita que haverá mais dificuldades, pois os preços da
matéria-prima já estão em um patamar mais elevado e o repasse desse custo maior
tende a continuar caminhando lentamente. O problema se acentua, segundo ele, em
virtude da forte concorrência da farinha argentina, que com o câmbio atual
chega a preços ainda mais competitivos do que o usual ao mercado brasileiro. "A
farinha argentina entra no país entre R$ 45 e R$ 48 por saca de 50 quilos. O
custo da farinha brasileira está acima de R$ 53".
Os volumes de entrada de farinha do país vizinho no Brasil continuam firmes e o
produto está mais caro. De janeiro a abril deste ano, as importações atingiram
216 mil toneladas e custaram US$ 90,7 milhões. Em igual período de 2010, foram
211 mil toneladas, que saíram por US$ 67,7 milhões, segundo dados do Sistema
Alice do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
O desajuste, afirma Pih, começou em meados do ano passado, quando os preços do
trigo iniciaram uma robusta escalada no mercado internacional. O custo das
aquisições da matéria-prima dos moinhos subiu de US$ 220 por tonelada, em junho
de 2010, para US$ 360 por tonelada agora - uma valorização de quase 64%. Por
outro lado, o principal produto dos moinhos, a farinha de trigo, passou a ser
vendida no mercado brasileiro por R$ 57 por saca de 50 quilos, 29,5% a mais do
que em meados do ano passado, quando valia R$ 44, de acordo com informações do
Moinho Pacífico.
Pih explica que 2010 foi um ano ruim, mas que quando os preços começaram a
subir sua empresa, por exemplo, tinha um bom estoque nos armazéns, negociado
com preços antigos. "Agora, os estoques derivam dos preços elevados, o mercado
ainda está alto e o repasse continua difícil", afirma ele.
No caso do Pacífico, esse descompasso será amenizado a partir do ano que vem,
quando a companhia terá sua capacidade de silagem ampliada a partir de obras
iniciadas em 2010. O empresário investiu cerca de R$ 80 milhões para aumentar
de 105 mil para 200 mil toneladas seu espaço de armazenamento do cereal e ter
mais condições de administrar sua relação de estoque e aquisição de
matéria-prima. Assim, ele pretende aproveitar os preços bons da safra para se
abastecer com trigo de qualidade.
Com essa capacidade de armazenagem de 200 mil toneladas, o moinho atenderá a
dois terços de sua capacidade de processamento do cereal, que é próxima de 300
mil toneladas - 3,3% da capacidade brasileira de processamento de trigo, que
está em torno de 9 milhões de toneladas, segundo estimativas do próprio moinho.
O sigilo sobre o faturamento do Pacífico é mantido por Pih há muitos anos e já
conhecido do mercado. Ele se limita a dizer que, em volumes, a empresa cresceu
5% em 2010, avanço que não deve se repetir neste ano. "O mercado paulista [o
Pacífico tem sede em Santos] como um todo encolheu em 2010 por volta de 10%",
estima o empresário. A concorrência da farinha argentina mais uma vez está no
centro das razões que explicam a retração, apesar do crescimento da economia
brasileira no ano passado.
O país vizinho também motivou Pih a manter na gaveta o projeto de verticalizar
a produção com a entrada no segmento de massas e biscoitos. "Há indícios de que
os argentinos vão entrar no mercado brasileiro com esses mesmos produtos. Esse
será, certamente, o próximo passo dos vizinhos", afirma.
Momento é propício para a reforma do crédito rural
Há muito tempo esperada pelos produtores rurais, a necessária reforma das
regras do crédito rural, em preparação final no Ministério da Fazenda, será
essencial para ajudar o país a superar as repetidas rolagens e perdões de
dívidas rurais, um anacronismo infelizmente transformado em tradição no campo
brasileiro.
Mais do que um instrumento de estímulo à produção de alimentos e controle da
inflação, o que já seria fundamental ao planejamento do país, a revisão das
normas do Manual de Crédito Rural (MCR) deve permitir um rearranjo nas finanças
do setor. É preciso, a partir da incorporação dos novos conceitos embutidos na
reforma do MCR, avançar na sustentabilidade da agropecuária nacional. Limites
de crédito maiores, menos burocracia bancária, sustentação de preços no auge da
venda das safras, incentivos ao cooperativismo de crédito e mais transparência
com o dinheiro subsidiado pelo Tesouro Nacional denotam a necessidade de
simplificação e garantia às operações de crédito rural.
O momento de bonança no campo brasileiro, que rompe sua quinta temporada de
renda em alta e margens amplamente favoráveis, é uma rara chance para "arrumar
a casa". Talvez, a primeira nas últimas três décadas. E parece que parte dos
produtores está realmente atenta ao novo momento.
Um exemplo é o Banco do Brasil (BB), maior operador do crédito rural, ter
registrado um expressivo movimento de quitações antecipadas de dívidas rurais.
Dono de uma carteira de R$ 75 bilhões, o BB informa ter recebido mais de 60%
dos débitos gerados no período 2004-2007.
Mas o significativo passivo do campo, estimado hoje em R$ 80 bilhões pelo
governo, também precisa ser tratado com seriedade por aquela parcela mais
dependente de favores do Estado. Em tempos de serenidade, e de excelentes
resultados na produção, "tratoraços" e marchas de produtores clamando por
perdão de dívidas na Esplanada dos Ministérios perderam completamente a conexão
com a realidade. A baixa inadimplência do setor, a menor da última década,
segundo o BB, dá sinais animadores ao conjunto da sociedade.
Da mesma forma, a destinação de um volume maior de recursos a juros baixos deve
permitir aos produtores de alimentos básicos, como arroz, feijão, carnes,
frutas e hortigranjeiros, elevar a oferta e garantir o abastecimento interno no
longo prazo. Isso é algo plenamente possível em um país de exuberantes recursos
naturais.
Nesse sentido, a "descomoditização" da política agrícola também é bem-vinda, já
que auxilia os esforços oficiais para estabilizar preços e garantir crescimento
sustentado. Mas isso não deve significar qualquer negligência ao papel vital
das exportações do agronegócio para a saúde da economia brasileira.
Além disso, ao incorporar conceitos modernos, como estímulos à diversificação
produtiva e à proteção ambiental, o MCR passa a ser um mecanismo de indução às
chamadas boas práticas de produção no campo. Esse, aliás, é um argumento cada
vez mais utilizado como barreira não tarifária pelo países desenvolvidos para
frear a produção de nações em desenvolvimento. Essa "blindagem" oferecida aos
produtores rurais pelo governo, e traduzida em crédito adicional para quem
cumprir as leis ambientais, não pode ser desprezada. Ao contrário, precisa ser
usada de forma inteligente nas mesas de negociações internacionais pelo setor.
O Manual de Crédito Rural, em vigor desde 1965, nunca teve uma revisão geral de
suas normas, como propõe agora o Ministério da Fazenda. Levando em consideração
conceitos modernos e simplificadores das operações no campo, as regras devem
beneficiar clientes, bancos e governo. Nestes últimos 46 anos, as normas foram
alteradas por milhares de votos do Conselho Monetário Nacional (CMN) e
resoluções do Banco Central.
Mas as mudanças resultaram quase sempre em ajustes pontuais, sem um olhar mais
conceitual sobre o futuro relevante da atividade rural. Diante disso, é um
alívio perceber a firme disposição do governo e das instituições financeiras em
reduzir a burocracia, aumentar a transparência e conferir mais segurança às
atividades rurais, indispensáveis ao país.
Brasil e Rússia mais perto de um acordo para carnes
Brasil e Rússia definiram, durante encontro do vice-presidente brasileiro
Michel Temer e o premiê da Rússia, Vladimir Putin, em Moscou, que qualquer
decisão envolvendo o comércio de carnes ou outros produtos agrícolas entre os
dois países só poderá ser tomada de forma conjunta e não mais por iniciativa
isolada de um dos parceiros. A Rússia é o principal mercado para as carnes
brasileiras, e desde abril, autoridades do Brasil tentam reduzir as restrições
impostas a 29 estabelecimentos exportadores desses produtos.
Apesar da preferência dos produtores brasileiros pelo mercado russo, o país não
tem o Brasil entre seus principais fornecedores. "A carne comprada pela Rússia
tem origem, basicamente, nos EUA e na União Europeia. O Brasil está incluído na
categoria outros países", afirmou ao Valor o vice-presidente, Michel Temer,
referindo-se ao sistema de cotas para carnes russo.
Apesar do avanço nas conversas, por muito pouco a questão do comércio agrícola
ficaria de fora da declaração conjunta assinada por Temer e Putin. Após a
reunião entre os representantes do governo dos dois países, não havia qualquer
menção à cooperação no campo agrícola. "A questão das carnes foi incluída uma
horas antes do meu encontro com Putin. Mas ele demonstrou simpatia com a nossa
proposta", disse.
Para demonstrar boa vontade com o parceiro, o Brasil prontificou-se a apoiar a
entrada da Rússia na Organização Mundial do Comércio (OMC). Foi um gesto
político importante, já que isso significa o reconhecimento do governo
brasileiro de que a Rússia é uma economia de mercado.
Segundo apurou o Valor, a possível entrada da Rússia na OMC também é boa para o
Brasil. Como o país espera aumentar dos atuais US$ 6 bilhões para US$ 10
bilhões o comércio bilateral, é mais seguro que qualquer contencioso seja
decidido em um foro regulamentado de discussão. "Vamos acelerar as negociações
e superar as pendências para que a entrada da Rússia na OMC aconteça ainda em
2011", completou Temer.
Por outro lado, a Rússia concordou em apoiar, pela primeira vez de forma
explícita, a entrada do Brasil no Conselho de Segurança da ONU. "A parte russa
considera o Brasil como um participante relevante e influente das relações
internacionais e reafirma seu apoio à candidatura do Brasil como um merecedor e
forte candidato a um assento permanente em um Conselho de Segurança das Nações
Unidas ampliado", explicita a declaração conjunta assinada entre os dois países.
Aproveitando o clima de boa vontade entre os dois países, Putin ainda tentou um
novo avanço na relação comercial Brasil-Rússia. "O governo brasileiro poderia
aumentar a importação do trigo da Rússia", sugeriu o primeiro-ministro russo a
Temer. Para esse ponto específico, no entanto, Temer apenas ouviu sem emitir
opinião.
Mas, como antecipou ontem o Valor, o governo brasileiro autorizou que o trigo
russo comece a ser desembarcado nos portos do Sudeste - atualmente, chega
apenas pelos portos nordestinos. O Sul continuará importando trigo da
Argentina. O silêncio de Temer é diplomático, já que Brasil e Argentina estão
novamente em litígio comercial, desta vez envolvendo a retenção de carros
argentinos na fronteira com o Brasil.
Além do encontro entre Temer e Putin, o secretário de Defesa Agropecuária do
Ministério da Agricultura, Francisco Jardim, também se reuniu com o chefe do
Serviço Veterinário da Rússia, Sergei Dankvert. Na reunião, os russos pediram
mais informações sobre as unidades exportadoras de carnes afetadas pelas
restrições em abril.
Ficou definido que o ministério brasileiro fará novas auditorias em todas as
indústrias de carnes bovina, suína e de aves habilitadas a exportar à Rússia,
conforme comunicado da pasta. Após as inspeções, o governo brasileiro deverá
encaminhará uma avaliação global sobre os frigoríficos, que será discutida em
nova reunião com os russos.
Além disso, Dankvert também se comprometeu a vir ao Brasil na segunda quinzena
de outubro, para se reunir com autoridades sanitárias dos países do Mercosul,
para discutir as novas regras de comércio da União Aduaneira formada por
Rússia, Cazaquistão e Belarus. A partir do ano que vem entram em vigor os novos
certificados sanitários para comércio com esses países.
Qualidade e preço são desvantagens de cereal russo
A maior abertura para a entrada de trigo russo no Brasil, acertada esta semana
entre os governos brasileiro e russo, é considerada positiva pelos moinhos
nacionais. Eles não acreditam, porém, que haverá, a princípio, grandes
movimentos de importação por parte do Brasil.
O presidente do Moinho Pacífico, Lawrence Pih, afirma que o trigo russo tem
qualidade inferior à do cereal importado da Argentina, dos Estados Unidos e do
Canadá, fornecedores que têm ainda a vantagem de estar mais próximos do Brasil.
Além disso, explica o empresário, o trigo russo tende a chegar no Brasil a
preços elevados. Ele calcula que uma tonelada de trigo russo chegaria hoje ao
porto de Santos (SP) a US$ 453. O cálculo considera um preço para o trigo russo
equivalente à cotação na bolsa de Kansas (EUA), referência mundial em preço do
trigo do tipo comum.
O trigo argentino, por outro lado, chegaria ao porto paulista valendo bem
menos, em torno de US$ 387. "O trigo russo paga imposto que o argentino não
paga e, além disso, tem custo de frete bem superior", pondera.
Por esses motivos, Pih acredita que o Brasil deve continuar importando pouco
trigo da Rússia. O cenário pode mudar se o governo russo decidir interferir no
mercado para tornar o trigo viável ao mercado brasileiro. "De forma geral, para
a indústria é importante ter uma outra alternativa de importação, já que o
Brasil não é autossuficiente no cereal", diz.
Os produtores de trigo brasileiros não gostaram da possibilidade da entrada de
mais trigo russo no Brasil. "Queremos impor limites à entrada de produtos,
sobretudo farinha, do Mercosul e também de qualquer outro mercado que venha
competir com o trigo nacional", afirma Rui Polidoro, presidente das Federação
das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro).
O cultivo do cereal no Brasil deve recuar novamente por causa da rentabilidade
menor. Segundo a Safras & Mercado, o recuo será de 11% para 1,988 milhão de
hectares. O Paraná deve recuar 30%, segundo a Safras. A área gaúcha deve
avançar 10%, de acordo com a Fecoagro. (FB)
General Mills compra Yoplait por 810 milhões de euros
A General Mills, fabricante dos cereais Cheerios, acertou ontem a aquisição de
participação controladora na fabricante francesa de iogurte Yoplait por 810
milhões de euros, dentro de seu plano para expandir a marca em países em
desenvolvimento. A empresa comprará 51% da Yoplait e 50% da instituição que
controla a marca Yoplait, ambas as participações pertencentes à empresa
francesa de private equity PAI Partners, segundo comunicado divulgado ontem. A
cooperativa francesa de laticínios Sodiaal ficará com as participações
restantes.
A General Mills, que iniciou em março negociações com a PAI e Sodiaal para
comprar a fabricante de iogurtes francesa, pretende agora ampliar a
participação de mercado da Yoplait e acelerar a expansão em países emergentes.
A Yoplait não atua no Brasil há 16 anos. Já General Mills diminuiu suas
operações brasileiras, que incluiam as massas Frescarini e os pães de queijo
Forno de Minas, em 2009 e agora vende apenas os sorvetes importados Haagen-Dazs
e as barras de cereais Nature Valley.
A companhia, comandada pelo executivo-chefe Ken Powell, disputou a Yoplait com
a Nestlé, entre outros concorrentes, segundo disseram fontes a par da situação.
A General Mills tem licença para vender produtos com a marca Yoplait nos
Estados Unidos desde 1977. A Sodiaal pretendia encerrar essa licença em
setembro de 2012, segundo documentos enviados às autoridades reguladoras em
setembro. A empresa americana contestou o plano e solicitou arbitragem sobre o
assunto. Quando o acordo for completado, as duas encerrarão a arbitragem.
A Yoplait, cujos produtos são vendidos em 70 países, opera desde 1964, quando
fazendeiros franceses se uniram para vender os produtos em todo o país, segundo
o site da empresa.
Barclays Capital e Freshfields Bruckhaus Deringer assessoraram a General Mills,
de acordo com o comunicado. As ações da General Mills fecharam ontem em alta de
0,05%, a US$ 39,89 na Bolsa de Valores de Nova York. No ano, os papéis têm
valorização de 12%.
Queda das commodities já desacelera o IPA
A queda de 7,11% no preço das commodities observada no mercado externo desde o
início do mês já teve reflexo no Indice Geral de Preços-Mercado (IGP-M)
calculado pela Fundação Getúlio Vargas, que veio com desaceleração no Indice de
Preços ao Produtor Amplo (IPA). O indicador foi de 0,51 para 0,4% entre a
segunda prévia de abril e o mesmo período deste mês, puxado por deflação de
0,93% no item produtos agropecuários, onde estão as commodities agrícolas.
Segundo analistas consultados pelo Valor, a desvalorização dos preços das
commodities no mercado internacional deve continuar, o que vai contribuir para
uma desaceleração contida da inflação no Brasil, contrabalançando o peso da
indexação e dos serviços.
O IGP-M subiu 0,66% na segunda medição de maio, acima da taxa de 0,55%
registrada em igual intervalo do mês passado, impulsionado por avanço de 0,97%
no Indice de Preços ao Consumidor (IPC) e de 1,67% no Indice Nacional de Custo
da Construção (INCC). "De fato, há uma piora no IGP-M, mas não é uma piora tão
forte como seria na ausência dessa queda de preços nas commodities", comenta
Thiago Curado, da Tendências Consultoria.
Para Fábio Ramos, da Quest Investimentos, o IGP-M divulgado ontem não teve
desaceleração maior no IPA porque ainda há problemas na oferta de parte de
alimentos in natura, afetados por questões climáticas, como a batata inglesa, e
porque o minério de ferro é uma commodity com preço ajustado por contratos, não
negociado em bolsa. "Não fosse por isso, era para o IGP ter aumentado menos",
afirma.
Fábio Silveira, economista da RC Consultores, explica que o processo de
declínio no preço de commodities está ligado ao mercado financeiro, que já
trabalha com um cenário de baixa nas matérias-primas e por isso busca investir
em outros ativos, e "ao mercado real", regido pelas leis de oferta e demanda.
No fim do ano passado, foram feitos estoques desses produtos, como açúcar e
algodão, levando em conta uma previsão de crescimento global maior e, portanto,
uma demanda mais aquecida. Como essa projeção não se confirmou no primeiro
trimestre de 2011, esses estoques contribuíram para a queda de preços.
De acordo com economistas, esse movimento deve trazer a inflação ao consumidor
para baixo já em maio, com mais força a partir de junho. "Não há como IPAs e
IPCs não declinarem daqui para frente, porque a pressão baixista do mercado de
commodities é muito forte", diz Silveira.
Ramos, da Quest, afirma que a depreciação das commodities vai levar em média
três meses para aparecer integralmente na inflação. "O que apareceu nos IPCs
ainda é só o começo. O fechamento do IGP será menor do que o que apareceu nessa
segunda prévia, e a taxa de junho será menor do que a de maio".
É consenso, no entanto, que itens relacionados a serviços e preços
administrados, impactados pela indexação, vão continuar a pressionar a
inflação, mesmo com um abrandamento no item alimentação, beneficiado pela queda
das commodities.
Exportadores ajudam a inundar país com dólares
Os juros altos e a baixa volatilidade da taxa de câmbio voltaram a atrair
fluxos pesados de capitais para o Brasil, na contramão das expectativas do
governo. Segundo dados do Banco Central, nas duas primeiras semanas de maio a
entrada líquida de divisas totalizou US$ 8,8 bilhões. Em abril, os exportadores
tomaram o maior volume de crédito com prazo de vencimento em até um ano (US$
5,309 bilhões) desde 1996.
Grandes exportadores aproveitaram a oportunidade para obter ganhos maiores com
a diferença entre os juros internos e externos em transações de arbitragem. Em
maio, o mesmo se repetiu. Os bancos também saíram correndo atrás dessa janela
e, por isso, o fluxo cambial líquido cresceu rapidamente, depois de atingir em
abril saldo de pouco mais de US$ 1,5 bilhão.
Bancos atuantes no mercado perceberam que desde meados do mês passado muitas
das grandes companhias compraram dólares no mercado futuro contra o real, com o
prazo casado com as linhas tomadas no exterior, de forma a fazer "hedge" e ao
mesmo tempo ganhar com o diferencial de juros.
Para prazos de vencimento em um ano, essas grandes empresas tomavam linhas de
Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC) pagando juros de 2% ao ano ou menos e
investiam nos juros em dólar no mercado interno, o cupom cambial, recebendo
mais do que 5,6% ao ano. O ganho financeiro era superior a 3,6% ao ano. Foi a
partir de meados de abril que o cupom cambial de curtíssimo prazo, até 30 dias,
chegou a 12% ao ano, acima da própria taxa básica de juros (Selic).
"Em abril, por causa do cupom cambial mais elevado, percebemos um aumento de
50% na demanda por ACCs pelos exportadores", diz José Augusto Durand, gerente
da mesa de clientes do Itaú BBA. Os bancos também aproveitaram o cupom cambial
polpudo mesmo para prazos mais longos, e tomaram entre o fim de abril e o
início de maio mais de US$ 3,117 bilhões em dívida externa de prazo superior a
dois anos, sobre as quais não incide o IOF de 6%.
Ruralistas arrancam de Palocci acordo para o código
Auxiliada pelos líderes da coalizão governista no Congresso, a bancada
ruralista aproveitou a situação de fragilidade política do ministro-chefe da
Casa Civil, Antonio Palocci, para arrancar do governo um acordo favorável aos
seus interesses na votação do Código Florestal.
Acuado por denúncias de ter multiplicado por 20 seu patrimônio em apenas quatro
anos, Palocci, que vinha comandando o tema com "mão de ferro" nos bastidores,
foi obrigado a recuar em algumas imposições e ceder aos ruralistas, a maior
parte deles integrante da coalizão governista na Câmara dos Deputados. A
oposição tentou convocar o ministro a explicar-se no plenário da Casa. Nas
comissões, houve várias tentativas semelhantes.
Mas um acordo fechado ontem pelos líderes dos principais partidos aliados do
Planalto, à exceção do PT, pavimentou a "boa vontade" dos ruralistas com o
governo. E deve permitir a votação de um texto mais "palatável" na terça-feira.
Apenas a delegação de poderes ambientais aos Estados ficou de fora, segundo os
líderes reunidos na Comissão de Agricultura da Câmara. Esse item ficará a cargo
do Senado. Assinaram a proposta o PMDB, PDT, PP, PR e PTB.
Para garantir uma votação ao gosto dos ruralistas, uma emenda de plenário será
apresentada pelo líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), e não mais pelas
bancadas oposicionistas do DEM e do PSDB. A tática "poupa" o governo de uma
derrota no plenário da Câmara ao "descaracterizar" o texto como uma exigência
da oposição.
O texto, elaborado pelo relator Aldo Rebelo (PCdoB-SP), consolida todos as
áreas cultivadas até julho de 2008, concede "anistia" de multas a quem
regularizar a área e permite a soma de áreas de preservação (APP) com a reserva
legal (RL). Autoriza a compensação de exigências legais fora do Estado do
desmatamento original, mas no mesmo bioma, e garante uma averbação
simplificada. Também desobriga a recomposição de RLs em propriedade de até
quatro módulos fiscais (de 20 a 400 hectares, segundo o município), além de
regularizar produção em encostas,topos de morro e áreas" salgadas".
Deputados aliados e da oposição rejeitaram uma "troca" entre um refresco ao
ministro Palocci e a aprovação do código. "É uma acusação maldosa. Se fosse
assim, seria muito mais fácil fechar esse acordo pela manhã. Não há qualquer
relação", disse o líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP). No mesmo tom, o
líder do DEM, ACM Neto (BA), disse que "nunca aceitaríamos" um acordo para
livrar Palocci. "Isso é loucura. Vamos continuar toda a luta nas comissões e no
plenário para que Palocci venha a esta Casa prestar os esclarecimentos sobre
sua evolução patrimonial".
Ao fim do dia, porém, era unânime a impressão de que o governo preparou um modo
de amenizar sua derrota. O código será votado antes de qualquer outra matéria,
para sinalizar à oposição a formalização do acordo descumprido na semana
passada pelos líderes governistas. Essa foi a promessa de Henrique Alves para
"domar" os ruralistas rebeldes no PMDB.
Parlamentares ligados ao Planalto afirmaram, nos bastidores, que o acordo teve
claro objetivo de "encerrar" a radicalização do caso Palocci. O governo avaliou
que medidas provisórias com temas que considera relevantes, como a que torna
menos rígidas as regras de licitação da Copa 2014 e a Olimpíada 2016, tornavam
necessário fechar logo um acordo para "destravar" a pauta. "Foi o acordo
possível. Hoje, não tem como o código ser mais para a frente", disse um
interlocutor da Casa Civil.
O texto do novo código será votado com Palocci em situação complicada. Mas com
uma base satisfeita e ansiosa por tirá-lo da crise. "Para nós, a questão do
Palocci está encerrada. Esse assunto é página virada", afirmou o líder Henrique
Alves. E completou: "Convocar o ministro para o plenário? Pelo amor de Deus!".
A votação do código também mobilizou o vice-presidente Michel Temer. Ele
sugeriu ontem ao ministro Palocci que o governo desista de adiar a votação na
Câmara. Mesmo que isso represente um resultado adverso ao Planalto. E lembrou a
Palocci que o texto ainda pode ser modificado no Senado ou, em última
instância, sofrer vetos da presidente Dilma Rousseff. Palocci ponderou que
ainda preferia negociar um pouco mais o texto, e que aguardaria uma reunião com
os líderes Cândido Vaccarezza e Henrique Alves.
Temer rejeitou ter ficado "melindrado" por estar fora das negociações do Código
Florestal. "Eu só entrei nessa negociação porque percebi que as conversas
estavam emperradas. Quando a presidente Dilma estava na China, sugeri ao
presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), que chamasse ao meu gabinete os
integrantes da Comissão de Agricultura, os ambientalistas e os ruralistas".
Michel Temer lembra que, no dia seguinte, reuniu-se novamente para tratar do
assunto, dessa vez com os ministros envolvidos na questão. "Mas em nenhum
momento quis mudar as coisas. O interlocutor do governo nessa matéria é o chefe
da Casa Civil, ministro Antonio Palocci", declarou o vice-presidente.
O líder do PV na Câmara, José Sarney Filho (MA), afirmou não ter participado do
"acordão" patrocinado pelos partidos da base aliada ao governo, e avisou que
vai obstruir a votação do Código Florestal no plenário da Câmara, na
terça-feira. Na mesma linha, o PSOL também está definindo sua atuação.
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