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quarta-feira, 27 de abril de 2011

Nova realidade do mercado de café é foco de Simpósio em Houston

Laila Muniz

Houston (EUA) - As mudanças no mercado mundial de café foi um dos temas debatidos, nesta quarta-feira, 27 de abril, primeiro dia do Simpósio promovido pela Associação Americana de Cafés Especiais (SCAA, na siga em inglês), em Houston, Estados Unidos. O evento abre a programação da maior feira de cafés especiais do mundo, da qual o Brasil é o país tema. Mais de 400 pesquisadores, especialistas e produtores e café participam dos debates.

O novo patamar de preços do grão e como os países vão reagir a essa realidade foram o foco da exposição de Carlos Brando, consultor brasileiro e sócio da empresa P&A International Marketing. De acordo com Brando, a valorização dos preços ocorrida nos últimos 12 meses é uma oportunidade única para que os países produtores invistam em tecnologia para atenderem a crescente demanda por café.

Ele mencionou o exemplo do Brasil onde, nos últimos 10 anos, a produção cresceu 33% sem aumento de área plantada e a produtividade subiu de 14 sacas por hectare para 20 sacas por hectare. Segundo o especialista, essa mudança ocorreu por causa do uso intensivo de tecnologia, de melhores variedades de café, de uma fertilização mais eficiente e, mais recentemente, do uso de irrigação. Para Carlos Brando, quantidade e qualidade podem andar juntas e o Brasil tem demonstrado isso. "A produção brasileira tem crescido, assim como o volume de cafés especiais produzido no país. O Brasil foi dos países com maior aumento de preço e onde normalmente ocorre a maior reação a esse tipo de realidade", avalia.

Brando lembrou que Brasil e Vietnã juntos têm 20% da área plantada do mundo, porém, representam 50% da produção mundial. O consultor brasileiro acredita que esse patamar de preços irá incentivar ainda mais a adoção de tecnologia na lavoura e permitirá uma super safra no país em 2014. Ele observa que nos últimos anos há uma menor oscilação entre as safras de ciclo alto de baixo no Brasil, mais uma comprovação do melhor gerenciamento e eficiência da lavoura nacional. No país, a produção é marcada por uma bienalidade que alterna maior e menor produção. Em 2010, essa produção atingiu 48 milhões de sacas de 60 kg e para 2011 a safra estimada é de cerca de 41 a 43 milhões de sacas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento.

Mudanças climáticas

Na abertura do Simpósio, no início da manhã desta quarta-feira, 27 de abril, especialistas falaram sobre os efeitos das mudanças climáticas na produção do grão, principalmente, no segmento de cafés especiais. Estudiosos e cientistas da Universidade de Hannover (Alemanha), do Instituto de Agricultura da Universidade A&M do Texas e outros abordaram a necessidade da ampliação das pesquisas sobre o assunto, do desenvolvimento de novas variedades mais adaptadas e que mantenham a sustentabilidade da produção.

A melhoria da qualidade do produto e o futuro da produção também estão na pauta do Simpósio que segue até amanhã, 28 de abril, no hotel Hilton Americas, situado na capital do estado norte-americano do Texas. A feira de Associação Americana de Cafés Especiais será realizada de 29 de abril a 1º de maio. O evento reúne países produtores e consumidores, baristas, pesquisadores e torrefadores de café de todo o mundo.

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