Sara Lee faz cortes e fecha fábrica da Damasco no PR
Menos de dez dias depois de fechar a compra da paranaense Café Damasco, a
americana Sara Lee anunciou o fechamento da fábrica da empresa em Curitiba e a
demissão da maior parte dos funcionários. A unidade está fora de operação
desde a última sexta-feira e apenas as pessoas que cuidam do processo de
demissão trabalham atualmente.
"Foi vendida apenas a marca. A fábrica ficou com os antigos donos", diz Antonio
Sérgio Farias, presidente do Sindibebidas, Sindicato dos trabalhadores em
Curitiba e Região Metropolitana. De acordo com Farias, todos os empregados
(cerca de 150) foram dispensados. "Estamos tentando negociar aviso prévio em
dobro, mas está difícil", conta.
O presidente da Damasco, Guivan Bueno, não tem falado sobre o assunto. Ele é
presidente do sindicato patronal da indústria de torrefação de café no Paraná.
Farias disse que buscou informações e soube que os antigos sócios da Damasco
não podem atuar no ramo de café nos próximos cinco anos, mas teriam ficado com
o imóvel que abrigava a fábrica e as instalações.
O fechamento da fábrica em Curitiba é resultado dos termos do negócio entre a
Sara Lee e os antigos donos do Café Damasco. O Valor apurou que o imóvel onde
estava instalada a fábrica paranaense, de fato, não foi incluído na venda para
a multinacional americana. Com isso, além de todas as marcas pertencentes à
Damasco - Maracanã, Bom Taí, Pacheco e Damasco -, apenas as as máquinas e
equipamentos da unidade de Curitiba foram vendidos.
No caso da fábrica na Bahia, tanto as instalações quanto o imóvel entraram na
operação de venda. No mercado, esse é um sinal claro do interesse da Sara Lee
nos mercados da região Nordeste, onde a empresa ainda tem uma participação
pequena e encontrava dificuldades para ganhar participação.
Com isso, dos 180 funcionários que trabalhavam em Curitiba, apenas aqueles
ligados à força de venda e com a rede de distribuição serão incorporados ao
quadro da Sara Lee, segundo a assessoria da multinacional. "Em relação à
reestruturação no quadro de funcionários da fábrica de Curitiba, a Sara Lee
informa que faz parte do processo de transição, e a empresa oferecerá todo o
suporte necessário, sendo observadas todas as regulamentações e procedimentos
locais exigidos", informa nota divulgada pela Sara Lee.
O término das operações fará com que a produção de Curitiba seja totalmente
transferida para a unidade da Sara Lee em Jundiaí, no interior de São Paulo.
Fontes do mercado informaram que a planta paulista estava parcialmente ociosa e
por isso tem capacidade de absorver toda a produção originada no Paraná, sem
comprometer o abastecimento das marcas recém-adquiridas.
"As marcas receberão investimentos e continuarão sendo comercializadas nos
pontos de vendas atuais, através do mesmo sistema de distribuição, passando a
ser produzidas em nosso site, em Jundiaí", diz a nota.
A unidade da Sara Lee em Jundiaí foi inaugurada em 2006 após um investimento de
R$ 90 milhões. A fábrica tem capacidade instalada para produzir anualmente 100
mil toneladas de café torrado e moído e é uma das maiores indústrias do mundo.
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