Chamou a atenção esta semana uma matéria divulgada pelo CNC – Conselho Nacional do Café em seu “Clipping” sobre as reexportações de café por países consumidores. Baseada em números conhecidos pelo mercado, regularmente divulgados pela OIC – Organização Internacional do Café, a matéria consegue colocar luz em um assunto pouco discutido - a agregação de valor - nos debates e na elaboração das políticas da cafeicultura brasileira.
A tabela apresentada na matéria mostra que os números mensais de reexportação dos países consumidores suplantam os das exportações de café verde do Brasil, maior produtor e exportador, e deixa claro que as lideranças brasileiras têm de dar uma atenção maior ao assunto.
As exportações brasileiras de café solúvel são cerceadas por barreiras alfandegárias e não alfandegárias de países importadores de nosso café verde e as de café torrado, apesar do empenho e persistência da ABIC – Associação Brasileira da Indústria de Café e da APEX – Brasil, são muito pequenas, perdendo até para as de países com pouca tradição no mercado de café.
A grande agregação de valor fica para os países importadores, sobrando para os cafeicultores brasileiros exigências cada vez maiores, através de certificações impostas pelos compradores. O preço do café verde é limitado pelas bolsas de futuro e seus derivativos, esbarrando sempre em seus níveis históricos.
Não temos marcas conhecidas no exterior e as mais conhecidas pelos consumidores do Brasil, segundo maior mercado consumidor de café do mundo, já estão em mãos de grandes torrefações multinacionais.
Somos responsáveis por mais de 50% das exportações mundiais de café arábica verde, grandes produtores de conillon e, como segundo maior mercado consumidor, temos também um grande e moderno parque torrefador, possivelmente o segundo do mundo. Portanto não é a proibição de importação de café verde de outras origens que impede a maior presença brasileira na exportação de café industrializado. Necessitamos é de vontade política e empenho na mudança do foco de nossas exportações, que precisa ser centrada na agregação de valor.
O anúncio de que o Federal Reserve (o banco central dos EUA) vai injetar mais US$ 600 bilhões para tentar recuperar a economia americana, agitou os mercados esta semana. Investidores correram para commodities, ações e moedas de países emergentes. O dólar fraco e a perspectiva de excesso de dinheiro inflaram as bolsas de commodities ao redor do mundo. As negociações de grãos, metais e petróleo cresceram de modo impressionante. A alta dos preços é boa para os produtores de commodities e os agricultores brasileiros deverão ter renda recorde este ano.
As bolsas de café, já pressionadas pela escassez de estoques em todo mundo, acompanharam o movimento de alta, que também foi influenciado pela rolagem de posições de dezembro para março. Ontem, na ICE Futures US, os contratos com vencimento em março próximo chegaram a ser negociados acima de 2,11 cents por libra-peso. No físico brasileiro, os cafeicultores , ao contrário dos produtores de outras commodities, praticamente não foram beneficiados pela forte alta. Muitos compradores se retiraram do mercado aguardando uma melhor definição do quadro e os negócios realizados tiveram preços apenas 5 a 10 reais por saca acima das cotações do início da semana.
Até o dia 30, os embarques de outubro estavam em 2.769.441 sacas de arábica e 106.192 sacas de conillon, somando 2.875.633 sacas de café verde, mais 261.295 sacas de solúvel, contra 2.444.206 sacas no mesmo dia do mês anterior. Até o dia 30, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em outubro totalizavam 3.378.485 sacas, contra 3.056.133 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 29, sexta-feira, até o fechamento de hoje, sexta-feira, dia 5, subiu nos contratos para entrega em dezembro próximo, 170 pontos ou US$ 2,24 (R$ 3,76) por saca. Em reais por saca, as cotações para entrega em dezembro próximo na ICE fecharam no dia 29, a R$ 457,51/saca e hoje, dia 5, a R$ 455,63/saca. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em dezembro, a bolsa de Nova Iorque fechou com baixa de 65 pontos.
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