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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Café tem novo rally e março rompe nível de 170 cents na ICE

Nem os mais otimistas poderiam esperar uma reação tão incisiva do mercado de café. Nesta quarta-feira, os contratos negociados na ICE Futures US voltaram a experimentar ganhos intensos e a posição março fechou o dia acima do nível de 170,00 centavos de dólar por libra peso, no melhor índice de preços desde 04 de outubro de 2012. As compras especulativas e de fundos se mostraram ativas. Na parte da manhã, algumas ligeiras quedas chegaram a ser verificadas, algo que seria normal, diante do forte avanço registrado nos terminais ao longo da terça-feira. Entretanto, ainda na primeira metade do pregão passaram a ser observadas aquisições especulativas e os fundos também deram sinais claros de estarem num viés comprador. Isso resultou no acionamento de vários stops de compras e as resistências foram sendo rompidas com facilidade, permitindo que, ao final, os preços atingissem um patamar acima da marca psicológica de 170,00 centavos. O clima continua a ser o fator determinante para a condução dos ganhos na casa de comercialização norte-americana. Após a apreensão reinante devido aos vários dias de forte calor e seca no cinturão cafeeiro, algumas chuvas foram observadas no final de semana. Elas, no entanto, foram esparsas e não atingiram o nível hídrico adequado para romper o estresse de muitas das lavouras. Diante disso, os players continuam a avaliar que os prejuízos para a safra brasileira de 2014 poderão ser bastante efetivos e isso está sendo refletido nos terminais. Na visão da consultoria alemã F.O. Licht, os participantes continuam muito preocupados com os prejuízos à produção no Brasil e isso tem feito com que as compras se multipliquem. Em um comunicado, um analista da empresa não descarta a manutenção do rally. E essa tendência é reforçada por novos levantamentos meteorológicos. A empresa Somar indicou nesta quarta-feira que as condições de seca tendem a persistir no centro-sul do Brasil. Algumas chuvas poderiam ser registradas, mas elas tendem a ser esporádicas e com volumes abaixo do necessário para suplantar o déficit hídrico existente na maior parte das lavouras.

No encerramento do dia em Nova Iorque, a posição março teve ganho de 1.910 pontos, com 171,75 centavos de dólar por libra peso, com a máxima em 172,90 centavos e a mínima de 150,85 centavos, com o maio registrando alta de 1.775 pontos, com 172,60 centavos por libra, com a máxima em 173,90 centavos e a mínima em 152,90 centavos. Na Euronext/Liffe, o março teve alta de101 dólares, com 1.982 dólares por tonelada, com o maio tendo valorização de 82dólares, para o nível de 1.957 dólares por tonelada.

De acordo com analistas internacionais, o dia foi caracterizado por "emoções violentas" na bolsa norte-americana. O março atingiu a máxima de 172,90 centavos, com avanço de mais de impressionantes 2 mil pontos, numa clara caracterização do nervosismo dos players. Os operadores avaliam e reavaliam os números da oferta mundial de café, sem, contudo, contar com uma referência clara, já que seria totalmente impreciso se falar em um número para a quebra de safra brasileira. O café operou totalmente dissociado do segmento externo, que teve bolsas de valores nos Estados Unidos próximas da estabilidade e alta do dólar em relação a uma cesta de moedas internacionais. As commodities softs tiveram um dia positivo, com os ganhos mais expressivos para o café (11%) e para o açúcar (2%), que também vem sendo influenciado pelo clima brasileiro.

Na parte técnica, as rolagens de posições se mostraram bastante efetivas. Nesta quinta-feira tem início o período de notificação do contrato de março na casa de comercialização norte-americana.

"A tendência seria de termos algumas correções ou mesmo realizações, afinal, subimos mais de mil pontos na terça-feira. Mas o que verificamos foi uma sessão de altas agressivas e de rompimentos de resistências com incrível facilidade. Evidentemente, a questão do clima deixou os players muito apreensivos. Afinal, não se tem um dado concreto em mãos. Quando se tem uma geada, por exemplo, em dois ou três dias é possível dimensionar o prejuízo. Neste momento, o cenário é bem diverso. Alguns especialistas dizem 5% de quebra, outros 10%, outros 20%. São muitos números lançados, mas que na planilha significarão milhões de sacas. E diante de tanta incerteza, são vários os players que vão às compras para se proteger", disse um trader.

Os estoques de café verde dos Estados Unidos apresentaram uma diminuição de 57.380 sacas no final de janeiro, somando 5.029.338 sacas, de acordo com dados divulgados pela GCA (Green Coffee Association). Em 31 de dezembro, por sua vez, os estoques do país eram de 5.086.718 sacas. A diminuição mais efetiva de estoques se deu no armazém de Nova Orleans, com queda de 57.162 sacas, ao passo que o armazém de San Francisco computou uma retração de 34.180 sacas. Já o armazém de Baltimore teve um aumento de 47.476 sacas.

A receita cambial com exportação de café verde apresentou queda de 27,62% em janeiro passado, em comparação com o mesmo mês de 2013. O faturamento alcançou 339,1 milhões de dólares, ante 468,5 milhões de dólares, conforme relatório da Secretaria de Produção e Agroenergia, do Ministério da Agricultura, com base em números da Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Apesar da queda da receita, que se deu por conta da queda no preço médio de exportação que recuou para 33,10% no período, de 3.319 dólares por tonelada para 2.220 dólares por tonelada, o volume embarcado no período teve aumento de 8,19%, para 152.730 toneladas ante 141.174 toneladas no primeiro mês de 2013.

As exportações brasileiras no mês de fevereiro, até o dia 17, totalizaram 945.429 sacas de café, queda de 0,33% em relação às 948.564 sacas embarcadas no mesmo período do mês anterior, de acordo com informações do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).

Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram alta de 878 sacas, indo para 2.632.118 sacas.

Tecnicamente, o março na ICE Futures US tem resistência 172,90, 173,00, 173,50, 174,00, 174,50, 175,00-175,05, 175,50, 176,00, 176,50,177,00, 177,50, 178,00, 178,50 e 179,00 centavos de dólar, com o suporte em 150,85, 150,50, 150,10-150,00, 149,50, 149,00, 148,50, 148,00, 147,50, 147,00,146,50, 146,00, 145,50, 145,10-145,00 e 144,50 centavos.



Londres mantém embalo de alta e maio rompe os 1.900 dólares

Os contratos futuros de café robusta negociados na Euronext/Liffe encerraram esta quarta-feira com fortes ganhos, permitindo que a posição maio passasse a operar acima dos 1.900 dólares. O pregão foi caracterizado por significativas aquisições de especuladores e de fundos, que seguiram o comportamento de Nova Iorque, que teve, pelo segundo dia consecutivo, uma alta intensa, rompendo sucessivas resistências.

De acordo com analistas internacionais, a sessão na bolsa londrina foi caracterizada pela manutenção das rolagens remanescentes e por uma forte ação compradora especulativa. A posição maio chegou a tocar na máxima de1.982 dólares, melhor nível de preço desde 19 de julho de 2013. As ações de arbitragem contribuíram decisivamente para os ganhos do pregão, ao passo que as origens voltaram a se mostrar bastante discretas, acreditando em preços ainda mais incisivos.

"A questão climática no Brasil realmente mexeu com o comportamento dos mercados. Se para os arábicas os ganhos estão sendo fortes, Londres também não fica atrás e consegue avanços expressivos. É uma mudança profunda no comportamento do mercado, que agora especula sobre a disponibilidade de café, o que poderá favorecer os robustas, já que, em caso de oferta limitada do Brasil, eles é que voltarão a ser demandados mais significativamente. Algo, aliás, que ocorreu até há algum tempo", disse um trader.

O março teve uma movimentação ao longo do dia de 5,23 mil contratos, contra 17,0 mil do maio. O spread entre as posições março e maio ficou em 25 dólares.

No encerramento do dia, o março teve alta de 101 dólares, com 1.982 dólares por tonelada, com o maio tendo valorização de 82 dólares, para o nível de 1.957 dólares por tonelada.

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