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segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

No Paraná há quem ainda insista na cultura

  Em 2013, por causa das fortes geadas, muitos produtores de café que já estavam desanimados com a cultura, aproveitaram para erradicar o que ainda restava de cafezal em suas propriedades. No município de Cianorte, a 85 quilômetros de Maringá, a estimativa de técnicos é que pelo menos 40% dos cafezais foram eliminados. Nas últimas décadas, a cidade se destacou por ser polo de importante região produtora. Entretanto, apesar das incertezas que tomam conta da atividade, há cafeicultores que não desistem. É o caso de Ivo Garcia, dono de 80 mil pés em sociedade com o irmão João Batista e o sogro Antonio Botian. Garcia se recorda que em 2007 vendeu a maior parte de sua produção a R$ 470 a saca de 60 quilos . Hoje, o preço do produto varia entre R$ 180 a R$ 230. “Não dá nem para empatar”, lamenta o produtor, explicando que 60% dos gastos, hoje em dia, são consumidos com mão de obra. “A gente é persistente e continua cuidando bem do café”, afirma Garcia. Mas ele admite que já está cansado de ser chamado de louco por ainda insistir na cultura. “O pessoal vem, olha e diz que precisa arrancar logo esse negócio, porque não compensa mais”, acrescenta. O proprietário explica que só preserva sua lavoura de café porque mantém, com os sócios, outra fonte de renda que, aliás, tem sido bastante lucrativa: a mandioca. “Nunca ganhamos tanto dinheiro”, revela Garcia, lembrando que o preço da tonelada está entre R$ 570 e R$ 600. Com a escassez da matéria prima no país, a cotação da raiz acabou ficando “acima do normal” nos últimos meses, afirma o produtor. Segundo ele, em um alqueire é possível colher de 50 a mais de 70 toneladas e o custo de produção é inferior a um quarto do preço atual. “Um alqueire bem cuidado de mandioca pode render até 77 toneladas, como é o meu caso, assegurando um lucro líquido de R$ 30 mil. Não tem coisa melhor.” Garcia acrescenta que em sua propriedade, a mandioca está garantindo a sobrevivência do café, mas não esconde a preocupação com o futuro dessa cultura: “se continuar assim, ninguém aguenta muito tempo”. E arremata: “Vamos ver gente arrancando café até mesmo no Triângulo Mineiro”. No município de Floraí, a 50 quilômetros de Maringá, Laerte Ariosa se recorda dos bons tempos da cafeicultura, quando a atividade gerava emprego para muita gente e os proprietários conseguiam ganhar dinheiro. Dono de 5 alqueires, onde cultiva grãos, Ariosa conta que erradicou seu cafezal logo após a geada de 1975 e não quis mais saber. “Hoje em dia, só se vê produtores arrancando sua lavoura”, conclui.

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