Café volta a recuar na ICE Futures e faz nova mínima
Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US tiveram uma segunda-feira de quedas, com a posição dezembro rompendo o seu primeiro suporte, em 113,20 centavos de dólar por libra peso, e tocando no menor nível de preço em 55 meses, ampliando, ainda mais, o sentimento baixista que ronda a bolsa nova-iorquina desde maio de 2011.
A sessão foi caracterizada por um volume apenas modesto de negócios executados e com a ação técnica de operadores, que passaram a efetuar, ainda na parte da manhã, o acionamento de ordens vendedoras, culminando no rompimento do suporte e na busca por novas baixas.
Alguns players avaliam que o mercado ainda tem espaço para recuar, apesar da verificação de algumas compras de comerciais nas mínimas. Para esses participantes, a tendência natural seria o dezembro buscar os 110,00 centavos, diante de um cenário marcado pela disponibilidade ampla do grão. Tais participantes ressaltaram que o Brasil continua a ser a bola da vez, com uma safra de 2013 sendo considerada muito boa, mesmo num ano de bienalidade baixa, ao passo que a safra 2014 está sendo preparada, com as floradas tendo sido consideráveis muito produtivas, segundo especialistas locais. Para melhorar ainda mais esse cenário, o centro-sul brasileiro vem registrando boas chuvas ao longo dos últimos dias, eliminando, assim, o déficit hídrico e abrindo espaço para que as plantas possam desenvolver plenamente os grãos para a safra de 2014 que, na visão de alguns entendidos do segmento, poderia ser recorde para o maior produtor mundial de café.
No encerramento do dia em Nova Iorque, a posição dezembro teve baixa de 195 pontos, com 112,70 centavos de dólar por libra peso, com a máxima em 114,70 centavos e a mínima de 112,30 centavos, com o março registrando desvalorização de 190 pontos, com 115,80 centavos por libra, com a máxima em 117,75 centavos e a mínima em 115,50 centavos. Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição novembro teve queda de 29 dólares, com 1.602 dólares por tonelada, com o janeiro tendo desvalorização de 33 dólares, para o nível de 1.585 dólares por tonelada.
De acordo com analistas internacionais, o dia foi caracterizado por algumas liquidações especulativas, que permitiram, logo pela manhã, fazer com que o dezembro fosse alçado para um nível próximo de 112,00 centavos de dólar, sendo que no restante do pregão poucas mudanças fossem percebidas. O mercado externo teve um dia de poucas oscilações para as bolsas de valores nos Estados Unidos e também para o dólar em relação a várias moedas internacionais, incluindo o real. Por sua vez, diversas commodities tiveram um dia de perdas, sendo que praticamente todo o complexo de softs apresentou um dia de recuo.
"O café vinha dando claros sinais de estar sobrevendido e não conseguiu nem sequer efetuar uma correção básica. A tendência natural era os baixistas voltarem a dar as cartas, dada essa apatia dos compradores. E precisou de apenas um dia de vendas mais efetuads para rompermos, maus uma vez, um suporte importante e tocarmos nas mínimas de 50 meses, sendo que poderemos, até de uma forma natural, buscar um patamar próximo dos 110,00 centavos", disse um trader.
O banco de investimentos Goldman Sachs reduziu em 7,7% sua projeção para os preços futuros do café arábica, de 130,00 para 120,00 centavos de dólar por libra em três, seis e 12 meses na ICE Futures US. Na avaliação do banco, o clima favorável deve impulsionar a safra e ampliar os estoques. Segundo a instituição, os futuros do arábica mantiveram a tendência de retração ao longo das últimas semanas, refletindo a produção maior do que esperada na Colômbia e clima favorável à próxima safra no Brasil. "Os estoques nos países consumidores são estimados estar ao redor de 24.5 milhões de sacas no final de agosto, acima dos 22.9 milhões de agosto de 2012. Somam-se a estes em torno de 2 milhões de sacas na principal origem do robusta, e um bom bocado no Brasil, aonde acredita-se que da safra anterior foi carregado em torno de 3 meses do volume que é exportado mais o que é consumido. Não é a toa que meu amigo José Roberto Mendonça de Barros disse nesta semana, em sua palestra na Encafé, que as perspectivas de preço realmente não são animadoras, citando também o câmbio como um fator que deve impactar negativamente", indicou Rodrigo Corrêa da Costa, da Archer Consulting.
As exportações brasileiras no mês de outubro, até o dia 18, totalizaram 1.118.760 sacas de café, alta de 26,64% em relação às 921.406 sacas embarcadas no mesmo período do mês anterior, de acordo com informações do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).
Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram queda de 1.263 sacas, indo para 2.747.336 sacas. Tecnicamente, o dezembro na ICE Futures US tem resistência em 114,70, 114,90-115,00, 115,10 115,50, 116,00, 116,35, 116,50, 117,00, 117,50, 117,65, 117,95-118,00, 118,50, 119,00, 119,20, 119,50, 119,90-120,00, 120,50, 120,75, 121,00-121,05, 121,10, 121,50, 122,00, 122,50, 122,20 e 122,50 centavos de dólar, com o suporte em 112,30, 112,00, 111,50, 111,00, 110,50, 110,10-110,00, 109,50, 109,00, 108,50, 108,00, 107,50, 107,00 e 106,50 centavos.
Londres tem nova pressão vendedora e mantém ritmo de perdas
Os contratos futuros de café robusta negociados na Euronext/Liffe encerraram esta segunda-feira com perdas, com a posição novembro chegando, durante parte do pregão, a flutuar abaixo do intervalo psicológico de 1.600 dólares. Ao final dos trabalhos, no entanto, as perdas tiveram ligeira desaceleração, influenciadas basicamente por algumas aquisições de comerciais.
De acordo com analistas internacionais, o dia foi marcado pela continuidade do viés negativo para os preços do grão. Os vendedores são majoritários, ao passo que algumas aquisições somente são observadas nas baixas. Depois do vencimento das opções que garantiram preços acima dos 1.700 dólares por alguns dias, o mercado vê a predominância dos vendedores, guiados, principalmente, por um quadro de disponibilidade ampla, amparado na safra vietnamita. Diante disso, operadores já trabalham com a expectativa de quedas consideráveis e certos players não descartam ver o primeiro contrato mais próximo dos 1.500 dólares.
"Tivemos uma sessão negativa, com algumas rolagens remanescentes sendo observadas. Até o final do mês deveremos ter o 'esvaziamento' do outubro. Parte das baixas também seguiu Nova Iorque que, após a letargia dos últimos dias, teve uma sessão de baixas mais consistentes e até de rompimento do suporte e, nas arbitragens, houve também a 'contaminação'", disse um trader.
O novembro teve uma movimentação ao longo do dia de 5,17 mil contratos, contra 8,37 mil do janeiro. O spread entre as posições novembro e janeiro ficou em 17 dólares. No encerramento do dia, o novembro teve queda de 29 dólares, com 1.602 dólares por tonelada, com o janeiro tendo desvalorização de 33 dólares, para o nível de 1.585 dólares por tonelada.
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