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terça-feira, 17 de setembro de 2013

Chuvas no Brasil entram no radar dos baixistas e café despenca na ICE

  Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US fecharam esta terça-feira no menor patamar de preços em mais de 49 meses, consolidando, assim, o viés baixista que "persegue" o mercado cafeeiro desde maio de 2011. Em uma sessão relativamente mais movimentada, os negócios estiveram focados, predominantemente, em liquidações especulativas, com o dezembro rompendo, na segunda metade da sessão, dois importantes suportes: o de 115,25 centavos, que era a mínima de 49 meses recentemente tocada, e o referencial psicológico de 115,00 centavos.

As vendas efetivas do dia vieram também na esteira da retomada das chuvas no cinturão cafeeiro brasileiro. O centro-sul do país vinha de uma seca de quase dois meses, com baixíssima umidade relativa do ar e com alguns dias de temperaturas dignas de verão. As chuvas registradas entre segunda e terça-feira deverão ser suficientes para que o processo de floração das lavouras avance e a expectativa é que as plantas passem a ter um desenvolvimento normal, garantindo, assim, a safra de 2014, que será de ciclo bianual de alta. Ou seja, o Brasil irá colocar no mercado um volume ainda maior que o registrado no atual exercício. Se por um lado a chuva dá tranquilidade ao produtor e permite a ele se programar para que a safra tenha um andamento dentro dos parâmetros necessários, por outro abre espaço para que os especuladores atuem ainda mais no lado vendedor e se sintam estimulados a testar novos níveis de baixa. Para alguns operadores, o "alvo" natural, a partir de agora é o de 110,00 centavos, no qual o dezembro poderá passar a flutuar.

No encerramento do dia em Nova Iorque, a posição dezembro teve queda de 430 pontos, com 114,95 centavos de dólar por libra peso, com a máxima em 114,25 centavos e a mínima de 119,20 centavos, com o março registrando baixa de 425 pontos, com 118,00 centavos por libra, com a máxima em 117,35 centavos e a mínima em 122,15 centavos. Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição novembro teve retração de 49 dólares, com 1.681 dólares por tonelada, com o janeiro tendo perda de 51 dólares, no nível de 1.674 dólares por tonelada.

De acordo com analistas internacionais, o dia na bolsa nova-iorquina esteve dissociado no cenário externo. Os bears (baixistas) pegaram carona nas chuvas do Brasil e passaram a liquidar mais fortemente, conseguindo, até com certa tranquilidade, romper as mínimas recentes. O dólar teve uma terça-feira de quedas em relação a várias moedas internacionais e uma retração ainda mais incisiva no confronto com o real brasileiro. Já as commodities ficaram relativamente pressionadas, com quedas para a maior parte do complexo soft e também para os grãos, com exceção do trigo.

"As chuvas tiveram uma leitura imediata de que a safra brasileira de 2014 vai se desenvolver sem maiores contratempos. Diante do histórico de clima e produção, principalmente nas últimas cinco ou dez temporadas, se verifica que essa percepção se justifica. Normalmente temos uma saída de inverno muito seca, até com dias de calor excessivo, e a retomada das chuvas, que garante a florada e o posterior pegamento. Muita gente começa, a partir de agora, a especular sobre o tamanho da safra do ano que vem e há muitos operadores falando em números muito robustos. Isso só vai contribuir para aumentar essa pressão em um mercado já muito especulado", disse um trader.

Os estoques de café verde dos Estados Unidos apresentaram um aumento de 129.195 sacas no final de agosto, atingindo a marca de 5.561.576 sacas, de acordo com dados divulgados pela GCA (Associação de Café Verde dos Estados Unidos). Em 31 de julho, os estoques do país chegavam a 5.432.381 sacas.

Em agosto, as exportações de café do Vietnã caíram 18,5% ante o mesmo mês de 2012, para 83,7 mil toneladas, indicou o departamento de alfândega do país indo-asiático. O volume ficou um pouco acima das expectativas do mercado. No período de janeiro a agosto, o país remeteu 968.400 toneladas ao exterior, o que significa uma queda de 23,7% em relação ao mesmo período do ano anterior.

As exportações brasileiras no mês de setembro, até o dia 16, totalizaram 742.436 sacas de café, alta de 31,33% em relação às 565.310 sacas embarcadas no mesmo período do mês anterior, de acordo com informações do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).

Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram queda de 1.722 sacas, indo para 2.781.263 sacas. O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 30.444 lotes, com as opções tendo 4.102 calls e 2.452 puts — floor mais eletrônico. Tecnicamente, o dezembro na ICE Futures US tem resistência em 119,20, 119,50, 119,90-120,00, 120,50, 120,75, 121,00-121,05, 121,10, 121,50, 122,00, 122,50, 122,20, 122,50, 122,75, 123,00, 123,50, 124,00, 124,50-124,60 e 124,90-125,00 centavos de dólar, com o suporte em 114,25, 114,00, 113,50, 113,00, 112,50, 112,00, 111,50, 111,00, 110,50, 110,10-110,00, 109,50, 109,00, 108,50, 108,00 e 107,50 centavos.





Pressão contínua: Londres tem dia de perdas substanciais

  Os contratos futuros de café robusta despencaram nesta terça-feira na Euronext/Liffe, em uma sessão caracterizada por fortes liquidações especulativas e por um volume mais consistente que aquele que vinha sendo trabalhado ao longo dos últimos dias nessa casa de comercialização britânica.

De acordo com analistas internacionais, mais uma vez os robustas sofreram a influência das arbitragens e seguiram a tendência de Nova Iorque. Os arábicas na bolsa norte-americana tiveram um dia de fortes baixas, com os preços flutuando próximos dos menores patamares em mais de quatro anos. A manutenção de um viés técnico baixista e o fim de uma estiagem que já durava quase dois meses e que se somava a temperaturas elevadas e pouca umidade relativa do ar no cinturão cafeeiro do Brasil deram o tom para que os players saíssem liquidando, abrindo espaço para que os preços tocassem em novas mínimas.

"Estamos, efetivamente, cumprindo uma nova etapa de baixa para os robustas. Hoje chegamos a tocar a mínima de 1.660 dólares por tonelada. Os preços conseguiram, por algum tempo, se sustentar, mas diante de um quadro técnico tão deprimido, o que se observa é que as cartas estão nas mãos dos baixistas e eles se mostram ativos", disse um trader.

O novembro teve uma movimentação ao longo do dia de 12,3 mil contratos, contra 3,76 mil do janeiro. O spread entre as posições novembro e janeiro ficou em 7 dólares. No encerramento do dia, o novembro teve retração de 49 dólares, com 1.681 dólares por tonelada, com o janeiro tendo perda de 51 dólares, no nível de 1.674 dólares por tonelada.

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