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quarta-feira, 4 de abril de 2012

Com dois novos sócios, Ipanema Coffees traça estratégia de expansão

Com dois novos sócios, Ipanema Coffees traça estratégia de expansão
A Ipanema Coffees, uma das maiores empresas de produção de cafés especiais do Brasil, quer aproveitar a entrada de dois novos sócios de peso em seu capital para ampliar o volume de produção e se consolidar como um grande "player" mundial no segmento. A empresa finalizou, depois de 18 meses de negociação, a venda de uma participação de 36,5% para as holdings Mitsubishi Corporation, japonesa, e Tchibo, alemã. O valor da transação não foi divulgado, mas em entrevista ontem ao Valor, um dia depois dela ter sido anunciada, a companhia informou que pretende investir cerca de R$ 25 milhões em seus planos de expansão nos próximos quatro anos.Focada na produção e comercialização de cafés especiais, a Ipanema Coffees foi fundada em 1969 pelos grupos Bozano, Simonsen e Gafisa. Após alguns anos, a empresa permaneceu sob o comando da ML Participações, dos fundadores da Gafisa. Em 2006, o Grupo Gávea  comprou uma participação na Ipanema, mas dois anos depois vendeu a fatia na Ipanema para a mais importante empresa de café da Escandinávia, a Kaffehuset Friele.Na negociação finalizada na semana passada e confirmada na segunda-feira, a Ipanema vendeu 20% de suas ações para a Mitsubishi Corporation, com operações em diversos setores da economia, e 16,5% para a Tchibo, holding alemã que é dona da marca Nivea e que controla uma torrefadora de mesmo nome em seu país. Não por acaso, a primeira operação de exportação da Ipanema, em 1991, foi destinada justamente à Tchibo.As duas holdings agora se juntam aos sócios anteriores - além da Friele, as brasileiras ML Participações e Paraguaçu Participações  -, que para a acomodação dos novos parceiros terão suas participações diluídas. Washington Luiz Alves Rodrigues, presidente da Ipanema Coffees, diz que a estrutura de gestão da empresa deverá ser mantida. "Durante um, dois anos, não teremos grandes alterações". A primeira reunião com os novos acionistas para montar o plano estratégico da companhia está marcada para meados deste mês.O executivo diz que, num primeiro momento, o negócio poderia parecer apenas uma forma de as empresas estrangeiras fazerem a originação do produto, pois ambas já são clientes da Ipanema Coffees. Mas, como foram as holdings que adquiriram a participação, ele afirma que o negócio faz parte da estratégia das empresas em obter conhecimento do agronegócio brasileiro em geral e no café em particular, dada a força do país no segmento. "Para a Ipanema, o negócio representa ter acesso a um mundo de informações que essas holdings têm sobre o mercado".A produção da companhia está dividida em três fazendas no sul de Minas Gerais, com 5,5 mil hectares no total. A produção anual média é de 120 mil a 150 mil sacas (em anos de ciclo de alto rendimento, diante da bienalidade da cultura). Com estimativa de investimentos superiores a R$ 20 milhões nos próximos quatro anos para expandir a área irrigada e R$ 5 milhões em equipamentos, a colheita pode saltar para 160 mil sacas, com picos de 200 mil.A área plantada foi reduzida recentemente para a renovação de cafezais com irrigação em áreas que devem voltar a produzir em dois anos. Há nas propriedades da Ipanema 750 hectares irrigados. O objetivo é chegar a 2 mil em cinco anos. A atual redução de áreas deve diminuir o faturamento da companhia em 2012 para R$ 100 milhões, ante R$ 140 milhões no ano passado. "Em 2013 devemos voltar aos R$ 140 milhões", acredita Rodrigues.Cerca de 80% dos cafés produzidos pela Ipanema vão para 25 países. São 12 blends diferentes, ajustados para cada tipo de mercado. A empresa considera que o mercado interno ainda não comporta volumes expressivos de cafés especiais. Mesmo assim, tem um projeto de longo prazo para ampliar sua participação no Brasil. A primeira experiência de uma indústria torrefadora, em 1995, naufragou porque o mercado de cafés especiais sequer existia no país. A retomada aconteceu em 2005, com a torrefação no sul de Minas. Hoje, a comercialização do produto industrializado representa apenas 5% da receita total da companhia.

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