SÃO PAULO - O pregão de terça-feira foi de ajuste no preço do dólar no mercado
à vista. A cotação subiu acertando valor com o mercado futuro, que no fim datarde de segunda-feira tinha passado por firme movimento de alta. Por contadisso, o hiato de preços tinha de ser fechado.No fim do dia, o dólar comercial apontava alta de 0,50%, a R$ 1,789 na venda,maior cotação desde 1 de julho de 2010. No intradia, a moeda fez mínima a R$1,768 (-0,67%) e subiu a R$ 1,803 (+1,29%).Da mínima do ano, registrada em 26 de julho, a R$ 1,537, o preço da moedaamericana já subiu 16,40%.Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar pronto subiu 0,70%, para R$1,7965. O volume negociado no dia somou US$ 86,75 milhões, contra US$ 175milhões no pregão anterior.Alinhado ao movimento de câmbio externo do dia, o dólar para outubro tinhabaixa de 0,85%, a R$ 1,7915, antes do ajuste final. Ontem, o contrato subiu3,85%, a R$ 1,807, fechando na máxima do dia.No câmbio externo, o dólar também perdeu valor ante seus principais rivaisconforme a preocupação com a Grécia diminuiu e os agentes adotaram uma posturaum pouco mais otimista enquanto aguardam o resultado da reunião do FederalReserve (Fed), banco central americano. Amanhã será conhecida a decisão docolegiado sobre a adoção ou não de novas medidas de estímulo.O Dollar Index, que mede o desempenho da divisa americana ante uma cesta demoedas, apontava queda de 0,32%, a 77,10 pontos. Já o euro rondava aestabilidade a US$ 1,367, depois de subir a US$ 1,374.De volta ao câmbio local, os especialistas do HSBC acreditam que essa recenteescalada de alta no preço do dólar estaria próxima do fim.A instituição acredita em uma normalização da taxa de câmbio na linha entre R$1,60 e R$ 1,70, desde que as condições globais permitam. Entre os fatores quedariam suporte a esse movimento estão pontos técnicos, como o próprio preço,bem como a redução do risco de novas intervenções e a continuidade de firmefluxo de investimento externo.Outro ponto destacado pelo HSBC é que o "choque" proveniente da mudança de rumoda política monetária já teria sido absorvido, com o mercado de juros futuroscolocando na conta uma redução de 150 pontos-base no juro básico.Mais um fator que suporta a visão do banco são as commodities, que seguem bemdemandadas, o que representa um ponto se suporte relevante para o preço do real."Nós amenizamos, mas ainda não abandonamos nossa visão otimista com relação aoreal. Acreditamos em taxa de câmbio em R$ 1,65 no fim do ano, contra US$ 1,52na previsão anterior", diz o banco em relatório.Mercado futuroOs dados apresentados hoje pela BM&F reforçam uma percepção surgida ontem nasmesas de operação de que havia um novo comprador atuando no dólar futuro.Não se sabe quem seria o tomador ou quantos seriam, mas de acordo com umespecialista, boa parte da nova demanda teria sido originada por um fundoestrangeiro que está utilizando o mercado de câmbio local para se proteger dapiora de quadro externo.Tal fundo teria vendido papéis europeus e comprado dólar no mercado local, poistrabalha com novas desvalorizações do real no caso de piora de humor externo.Os dados apresentados mostram um aumento de 36.176 novos contratos comprados dedólar na segunda-feira, o que equivale a US$ 1,808 bilhão. Também foi efetuadauma redução de posição vendida de 5.736 contratos, ou US$ 286 milhões.Dessa forma, a posição comprara do estrangeiro em dólar futuro subiu em US$2,095 bilhões no pregão de ontem, para US$ 4,399 bilhões.Se o estrangeiro compra dólar futuro alguém necessariamente tem de vender.Nesse caso, os bancos são a maior contraparte. As instituições financeirasampliaram a posição vendida em dólar futuro em US$ 1,66 bilhão, para US$ 6,031bilhões.Colocando na conta as posições em cupom cambial (DDI - juro em dólar) temos oestrangeiro com posição global ainda vendida em US$ 9,07 bilhões. E os bancosainda comprados, mas em apenas US$ 956 milhões.Isso decorre do fato de os estrangeiros conservarem um estoque vendido em cupomcambial de US$ 13,473 bilhões. Enquanto os bancos possuem US$ 6,987 bilhões emcompras de cupom cambial.
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