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terça-feira, 6 de setembro de 2011

Clube dos endinheirados

Portfólio é exclusivo para quem tem mais de R$ 50 milhões em conta No mundo fechado dos endinheirados, existem os mais milionários que os outros. São os chamados ultra high net worth individuals, clientes com de mais de R$ 50 milhões para investir. Para essa faixa, os bancos reservam produtos especiais, normalmente de menor liquidez e com prazos mais longos. Entre os mais procurados estão os fundos de private equity - que compram participações em empresas ainda não listadas na Bolsa. Trata-se de uma opção para quem não tem pressa, mas com boas perspectivas de retorno. O prazo de maturação gira entre quatro e oito anos e o retorno previsto é algo em torno de 150% dos Certificados de Depósito Bancário (CDI).Para João Albino Winkelmann, diretor de private banking do Bradesco, o Brasil está em um bom momento para private equity. Ele aponta o radar para empresas envolvidas em obras de pequenas centrais elétricas, rodovias, usinas, reforma de estádios e aeroportos.No início do ano, o BTG Pactual lançou um fundo de private equity que captou US$ 1,6 bilhão, dos quais R$ 400 milhões vieram de clientes da própria instituição. O tíquete foi de R$ 15 milhões. Caberá ao gestor procurar as ofertas de compra de empresas. "Há oportunidades em vários setores como consumo, farmácia e investimentos para atender as necessidades as classes C e D", afirma Renato Cohn, head do BTG Pactual.Nem todas as instituições de private trabalham com produtos específicos. O Itaú-Unibanco atua em private equity e fundos imobiliários com a gestora Kinea, mas indica fundos de terceiros caso o cliente peça algo mais especializado. "A área de fundos de private é totalmente diferente do varejo, no qual muitas vezes o que muda é a taxa de administração entre um banco e outro. Temos uma ampla prateleira, mas às vezes o cliente está interessado em outro tipo de investimento e aí indicamos um gestor especializado", diz Charles Ferraz, responsável de global wealth solutions do Itaú Private Bank. Ferraz recomenda que produtos com essa configuração respondam por até 5% da carteira. "Não se deve concentrar e sim diversificar."Para o perfil ultra high, o HSBC desenvolve operações estruturadas e fundos de fundos (espécie de multimercado com ativos de diferentes gestores), que rendeu 115% do CDI entre 2008 e 2009, diz Marcelo Muradian, diretor de investimentos do HSBC Private. Recentemente, o banco criou três fundos próprios de capital protegido. O de moedas captou R$ 50 milhões e foi montado com a coroa norueguesa, dólar australiano e dólar neozeolandês, que estavam com performance acima da moeda americana. "Rendeu 120% do CDI", diz Muradian. As demais operações foram uma cesta de 20 commodities, para a qual foram captados R$ 65 milhões, e um fundo de ouro, que deu 1,5% de retorno sobre o produto vendido em Londres.O Banco do Brasil desenvolve fundos exclusivos, produtos customizados, para os quais não tem valor mínimo para a aplicação. "Vai mais de um diagnóstico da situação financeira do cliente e de suas necessidades do que de um valor para aplicação", diz Carlos Takahashi, presidente da BB DTVM."Em fundos exclusivos, temos mandato desde 105% do CDI até clientes que fazem fundos de fundos para bater o Ibovespa", afirma Christiano Ehlers, superintendente do private do Santander.Há ainda a recomendação dos especialistas para a compra de títulos de renda fixa de longo prazo, como os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), emitidos por uma companhia securitizadora com lastro em um empreendimento imobiliário. A vantagem para as pessoas físicas: são isentos de tributação. A aplicação mínima é de R$ 300 mil. Outro título privado de renda fixa recomendado na área de private para o público de faixa mais alta são as Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), isentas de Imposto de Renda. A LCA está lastreada em dívidas agrícolas e permite ganhos expressivos, mas são caras. O investimento mínimo é de R$ 500 mil.

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