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segunda-feira, 2 de maio de 2011

Olheiros de safra tentam prever custos nos EUA

WALL STREET JOURNAL AMERICAS
02/05/2011



Tom Polansek | The Wall Street Journal

Vários grandes fabricantes de alimentos seguirão esta semana para os campos de trigo do Estado do Kansas em busca de uma previsão da safra americana e, possivelmente, do custo das commodities nos próximos meses.

A General Mills Inc, a Sara Lee Corp. e a Nestlé SA devem enviar funcionários para o grande celeiro dos Estados Unidos, para participar da temporada anual de visitas às plantações do Estado. Eles se juntarão a autoridades, representantes de moinhos e jornalistas que tentam avaliar o impacto da seca na safra de trigo do Kansas.

Um número recorde de pessoas deve participar das visitas, devido aos temores crescentes sobre o impacto da safra ruim no preço do trigo, disse Ben Handcock, vice-presidente executivo do Conselho de Qualidade do Trigo, uma associação do setor que patrocina as visitas.

O Kansas produziu 16% do trigo americano e é o maior produtor do país de trigo de inverno vermelho duro, a variedade que é moída para produzir farinha de pão. O preço dessa variedade quase dobrou desde meados do ano passado, devido a temores de baixa nos estoques. Se a safra do Kansas for pior que o esperado, o impacto pode elevar os custos tanto dos fabricantes de alimentos quanto dos restaurantes.

"Todo mundo quer conferir essa safra ruim para ter certeza que é verdade", disse Handcock.

A alta das commodities já impulsionou o custo da farinha, de adoçantes à base de milho e da carne, entre outros produtos usados por fabricantes de alimentos e restaurantes. A General Mills e a Kellogg Co. já aumentaram os preços em resposta à alta dos grãos e outras commodities. O McDonald's Corp. também está reajustando os preços e dobrou recentemente a previsão de alta das commodities nos EUA este ano, para uma faixa de 4% a 4,5%.

A Kellogg, a Sara Lee e a Kraft Foods Inc. vão divulgar seus resultados em paralelo às visitas. A Sysco Corp., importante distribuidora de alimentos para restaurantes, entre outros clientes, divulgará os resultados esta semana.

O custo das commodities deve ser um fator crucial para muitas empresas de alimentos. Para a Kraft, "as expectativas de inflação no custo das commodities aumentaram diante da alta no queijo, na carne e no café", escreveu a analista Alexia Howard, da Sanford C. Bernstein, num relatório divulgado semana passada.

A fabricante de cereais matinais e macarrão Ralcorp Holdings Inc. deve enfrentar pressão no custo das commodities no decorrer do ano, e também à medida que forem concluídos seus hedges contra alta nos preços, especialmente no trigo, disse Howard.

Os funcionários e outros que participarão das visitas, conhecidos como olheiros de safra, vão explorar os campos para contar as sementes e medir as plantas com o objetivo de prever o rendimento médio antes de a colheita começar, em algumas semanas. A previsão pode influenciar a estratégia de aquisição de grãos das empresas e as previsões dos preços das commodities. O grupo que visita as lavouras vai divulgar no fim de quinta uma estimativa da safra de trigo do Kansas.

A colheitas das planícies do sul dos EUA, que ocorre antes de outras colheitas importantes como milho e soja, pode determinar se a alta das commodities é uma distorção em apenas um ano ou um problema persistente. As empresas provavelmente terão de pagar mais se os produtores divulgarem uma safra menor que a esperada e houver uma alta no mercado de futuros.

Os analistas já preveem uma perda significativa na safra de trigo por causa da seca que vai do sul do Texas ao Kansas e ao Colorado. O Citigroup prevê que os produtores vão colher 17,8 milhões de toneladas de trigo de inverno vermelho duro, um declínio de 30% ante o ano passado.

"As Pizza Huts da vida e todo mundo por aí vão estar de olho", disse Sid Love, analista da corretora local Kropf & Love Consulting.

Quando divulgou os resultados, no mês passado, a Yum Brands Inc., dona da Pizza Hut e outras redes de fast food, calculou que a inflação das commodities deve chegar a 7% este ano.

A alta do petróleo também está alimentando as preocupações com a alta do preço das commodities agrícolas. O contrato futuro da gasolina atingiu na semana passada a maior cotação em 33 meses, depois que Ben Bernanke, o presidente do banco central americano, o Fed, disse que o banco não tem como conter a alta das matéria-primas.

O Fed manteve os juros próximos do zero em sua reunião mensal, na semana passada, e considerou "transitória" a alta do petróleo, dos grãos e do algodão. Bernanke, na primeira entrevista coletiva já realizada depois de uma reunião do conselho de política monetária, notou que a demanda crescente por combustíveis nos mercados emergentes e a turbulência no Oriente Médio e no Norte da África limitaram o que o banco central americano pode fazer para suavizar a alta das commodities.

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