Uma das bandeiras de campanha do governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia, foi a criação e gestão do Fundo Estadual do Café, como política para o fortalecimento de uma das atividades econômicas mais estratégicas do Estado. Visando à sua constituição, representantes do setor se reuniram para debater a origem e destino do fundo setorial, na quinta-feira (29), na Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Cidade Administrativa, em Belo Horizonte.
Depois de apresentados relatos de experiências em outras culturas, foram criadas duas comissões para elaboração de um projeto estruturador para a constituição e destinação do Fundo. A comissão que tratará das aplicações potenciais e estratégicas para o Fundo ficou sob a coordenação do gerente executivo do Polo de Excelência do Café (PEC), sediado na Universidade Federal de Lavras (UFLA), Edinaldo José Abrahão. A comissão que tratará da origem dos recursos para constituição do Fundo ficou sob a coordenação de Francisco Maurício Barbosa Simões, presidente do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg).
Estas comissões serão constituídas por representações e lideranças regionais presentes na reunião, que teve a coordenação do secretário adjunto da Seapa, Paulo Romano. Participam da discussão sobre o Fundo Estadual do Café representantes da Secretaria da Fazenda, Emater, Faemg, CNA, ABIC, Sindicafé, BDMG, UFLA, Centro de Excelência de Viçosa e Polo de Excelência do Café. Representantes das cooperativas de cafeicultores também serão consultados.
Em pauta na reunião, a necessidade de estruturar a criação do Fundo que, a pedido do governador do Estado, deverá ser implantado até junho deste ano. A justificativa para criação do Fundo pode ser avaliada pelos números. Em Minas Gerais são cerca de 100 mil produtores de café, responsáveis pela metade da produção nacional, com a geração de 500.000 empregos diretos e 1.500.000 de maneira indireta (comércio, cooperativas, transporte, etc.). Do ponto de vista industrial, são consumidas no Estado cerca de três milhões de sacas.
Transformando conhecimento em desenvolvimento
Durante a reunião, o gerente do PEC, Edinaldo Abrahão, reforçou a necessidade de serem instituídas políticas públicas que contribuam para o avanço da cafeicultura mineira, não apenas criação de um fundo de socorro ao endividamento do setor. Destacou a importância de se tratar de um fundo que promova a competitividade da cadeia como um todo, evitando prioridades segmentadas. “Não podemos ficar olhando para o retrovisor. Somos a maior cafeicultura do mundo e devemos apoiar a transformação do conhecimento historicamente acumulado para o desenvolvimento econômico e social de todos os elos do sistema agroindustrial do café mineiro”, afirmou.
Dentre as necessidades prioritárias, Abrahão citou a vulnerabilidade do setor perante o desconhecimento de seu próprio parque cafeeiro e de suas potencialidades de mercado pela falta de uma caracterização detalhada da qualidade produzida em cada região do Estado. Ressaltou ainda alguns temas que têm sido defendidos pelo PEC, como o fortalecimento do Programa Certifica Minas Café com a valorização do café certificado, a necessidade de treinamento de profissionais que servem o café em estabelecimentos comerciais e hotéis e a importância de um programa de inteligência competitiva por meio de um Bureau. Citou ainda a necessidade de um programa de renovação das lavouras do Estado, com atenção à sustentabilidade da cultura.
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