Em dia de liquidações, café registra fortes perdas na ICE
Os contratos futuros de café arábica negociados na ICE Futures US encerraram esta quarta-feira com perdas intensas, em uma sessão marcada por vendas bastante fortes dos grandes fundos e também de especuladores. Após uma abertura com retrações apenas modestas, o café passou a ser pressionado e algumas ordens de venda mais fortes abriram espaço para vários stops, com o julho rompendo rapidamente o nível de 300,00 centavos de dólar por libra e ampliando ainda mais as quedas.
O café apenas nesta quarta passou a refletir a fraqueza das commodities que, ao longo de toda a semana vêm registrando retrações em mercados diversos, como o de grãos, que acumulou consideráveis baixas nas últimas sessões. A quarta-feira foi, em geral, um dia negativo para todos os mercados, com as bolsas de valores também tendo recuos nos Estados Unidos, ao passo que o dólar se manteve estável em relação a uma cesta de moedas internacionais.
No encerramento do dia, o julho em Nova Iorque teve queda de 1.165 pontos com 294,50 centavos, sendo a máxima em 306,80 e a mínima em 291,20 centavos por libra, com o setembro registrando oscilação negativa de 1.160 pontos, com a libra a 297,30 centavos, sendo a máxima em 309,50 e a mínima em 294,10 centavos por libra. Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição julho registrou queda de 34 dólares, com 2.577 dólares por tonelada, com o setembro tendo valorização de 33 dólares, com 2.596 dólares por tonelada.
De acordo com analistas internacionais, as liquidações generalizadas fizeram com que o café voltasse para seu menor patamar de preços desde o último dia 26 de abril. Com isso, o julho reverteu uma tendência de ganhos, que teve na terça-feira o registro de preço de 308,90 centavos, maior nível em 14 anos e próximo da máxima de maio de 1997, quando atingiu o patamar de 318,00 centavos. A construção desses níveis de preço foi registrada ao longo dos últimos meses, que foram amplamente favoráveis para o café, que saltou de 164,40 centavos por libra no começo de agosto do ano passado para a máxima da última terça.
Uma divergência bearish (baixista) foi verificada no Índice de Força Relativa no período de 14 dias, indicador bastante analisado por operadores. Enquanto esse índice batia em 78,18 pontos em 9 de março, quando o julho era negociado a 298,00 centavos, o indicador, no último dia 3 de maio, quando as máximas foram processadas, recuou para 69,61 pontos. Tal divergência, segundo os analistas internacionais, seria um sinal baixista.
Paul Hare, vice-presidente executivo do Linn Group, disse que "eu estaria liquidando um pouco das posições compradas neste momento, justamente por conta de o mercado estar demonstrando estar um pouco alto demais", disse. "Não queria ficar vendido, mas talvez diminuir o volume comprado", sustentou. Analisando o cenário gráfico, Hare disse que o mercado global para o café ainda demonstra uma tendência de alta intacta. O especialista ressaltou que tal tendência só seria interrompida se o julho conseguisse se posicionar abaixo da zona de 286,85 a 285,00 centavos, que é a baixa de 26 de abril. "Se formos para baixo de 285,00 centavos já poderíamos nos preocupar, já que estamos trabalhando com níveis históricos de alta e um recuo assim poderia ser um indicativo de uma reação de baixa e, poderia, inclusive demonstrar, no gráfico semanal, que o movimento altista estaria no fim", observou.
Tomas Bonilla, diretor da Instituição de Estudos e Estatísticas Econômicas de El Salvador, indicou que o país poderá ter uma produção de café de 1,8 milhão de sacas na atual temporada, acima das 1,7 milhão de sacas previstas anteriormente. No ano anterior, o país teve uma baixa recordo na oferta de café, com 1,1 milhão de sacas, devido, basicamente, a problemas climáticos. Com os preços favoráveis, Bonilla crê que o país embarque 1,6 milhão de sacas, quase o dobro do registrado em 2010 — 816 mil sacas.
Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram alta de 2.430 sacas indo para 1.609.831 sacas. O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 27.362 lotes, com as opções tendo 3.649 calls e 7.234 puts. Tecnicamente, o julho na ICE Futures US tem uma resistência em 306,80, 307,00, 307,50, 208,00, 308,50, 308,90-309,00, 309,50, 309,90-310,00, 310,50, 311,00 e 311,50 centavos de dólar por libra peso, com o suporte em 291,20, 291,00, 290,50, 290,10-290,00, 289,50, 289,00, 288,50, 288,00, 287,50, 287,00 e 286,50 centavos por libra.
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