SÃO PAULO - O pregão de quarta-feira foi de superlativos no mercado de câmbio. O dólar teve o maior tombo diário em nove meses e viu sua cotação voltar aos patamares anteriores à fase mais aguda da crise financeira de 2008.
Em forte queda desde a abertura, o dólar comercial terminou o dia com baixa de 1,51%, maior queda diária desde 10 de junho de 2010, valendo R$ 1,629 na venda, menor cotação desde 27 de agosto de 2008. No mês, o preço da moeda acumula perda de 2,04%.
Na roda de pronto da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) o dólar pronto cedeu 1,22%, a R$ 1,6313. O volume subiu de US$ 162,25 milhões para US$ 221,25 milhões.
Também na BM&F, o dólar para abril apontava baixa de 1,12%, a R$ 1,6285, antes do ajuste final de posições. O contratos para março, que já apresenta grande liquidez, recuava 1,08%, a R$ 1,6395, também antes do ajuste final.
Entre as explicações para baixa, temos a decepção dos comprados com as medidas tomadas pelo governo na área cambial. A elevação de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) anunciada ontem, não surpreendeu. Então quem estava apostando na alta foi obrigado a rever apostas.
Os agentes também notaram algum movimento de entrada de recursos no mercado. Percepção de ganha respaldo no elevado volume negociado no interbancário. Foram mais de US$ 4,9 bilhões.
Também temos fatores técnicos. O mercado veio de uma sequência de "stops" de posição. Ou seja, agentes atingiram limites de perda e viraram a mão de comprado para vendido, adicionando pressão vendedora no mercado.
Também em pauta, a formação da Ptax (média das cotações ponderada pelo volume) que liquidará os contratos futuros. Como se pode notar, os vendidos estão passeando pelo mercado, trazendo a taxa para os valores que melhor lhes convém.
Segundo diretor da Futura Corretora, André Ferreira, não importa qual a explicação, mas tamanha oscilação de preço com volumes elevados indicam que tem alguma coisa errada acontecendo no mercado.
A percepção do especialista é que os agentes estão atuando fortemente na formação da Ptax, aproveitando que o mercado parece sem defesas. Mesmo assim, diz Ferreira, falta alguma ação do governo, pois essa movimentação está com cara de forte especulação.
Um sinal de que o mercado não pretende ficar vendido por muito tempo veio com o resultado do leilão de swap cambial reverso (operação que equivale à compra de dólares no mercado futuro).
O Banco Central (BC) ofertou 30 mil contratos em três vencimentos, mas o mercado tomou apenas 5.850 swaps, menos de 20%.
De acordo com Ferreira, isso mostra que o mercado não acredita que o dólar vá cair muito mais do que isso, pois a compra do swap pressupõe expectativa de valorização do real, já que a remuneração dos contratos envolve a variação cambial em determinado período, além da taxa de juros.
(Eduardo Campos | Valor)
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