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sexta-feira, 20 de novembro de 2009

ENCAFÉ - Deficit (Vaivém das commodities) O consumo de café cresce, mas a produção não acompanha.


FOLHA DE S. PAULO - SP

20/11/2009

Deficit (Vaivém das commodities)

O consumo de café cresce, mas a produção não acompanha. Na safra 2008/9, enquanto a produção mundial foi de 128 milhões de sacas, o consumo esteve em 130 milhões. Em 2009/10, conforme números ainda preliminares, a safra fica entre 123 milhões e 125 milhões, para um consumo entre 131 milhões e 132 milhões.

Estoques baixos

A avaliação foi feita por Néstor Osorio, diretor- executivo da OIC (Organização Internacional do Café). Nos números do organismo internacional, os estoques chegaram ao fundo do poço. Em 2008, recuaram para 17,3 milhões de sacas nos países produtores; neste ano, podem ficar próximos de 15 milhões. Em 2000, eram de 55 milhões de sacas.


Crescimento

Mas se os estoques caem nos países produtores, sobem nos importadores. Diante de eventuais problemas de abastecimento, europeus, norte-americanos e japoneses se anteciparam e compraram mais. Os estoques dos importadores estão em 26 milhões de sacas.


Os problemas

Os principias problemas que levaram os importadores a formarem estoques maiores foram as incertezas com as quebras de safra na Colômbia e na América Central. Renovação de cafezais, chuvas e atraso no desenvolvimento da safra fizeram esses países perder pelo menos 4,5 milhões de sacas.


Bom ou ruim?

E as incertezas de produção ainda são grandes, diz Osorio. Ele cita o exemplo da Colômbia, cuja safra poderá ser de apenas 8 milhões a 8,5 milhões de sacas, mas poderá também atingir 10 milhões. Houve atraso, e a colheita do café que deveria ser colhida agora só irá ocorrer a partir de janeiro.


Preços

Esses problemas na safra 2009/10 devem dar uma sustentação aos preços do café no curto prazo. No médio prazo, quem vai determinar os preços será a safra brasileira, diz Osorio. O presidente da OIC não quis fazer estimativas para a safra brasileira, mas há previsões de 50 milhões a 55 milhões de sacas.


Câmbio

A estabilidade ou até uma eventual alta nos preços do café não é a solução no momento para os produtores. As moedas brasileira e colombiana se valorizaram muito perante o dólar e os produtores perdem renda. Para complicar, os custos dos insumos, mesmo com a queda registrada neste ano, ainda continuam elevados.


Qualidade 1

Osorio diz que o blend do café também está mudando, o que pode diminuir a qualidade do produto final. Há dez anos, o consumo mundial era composto de 70% de arábica e 30% de robusta. Na safra 2008/9, esses percentuais estavam em 61% e em 39%, respectivamente.


Qualidade 2

Representantes das indústrias estão reunidos no 17º Encafé (um encontro anual das indústrias) em Camaçari (BA). Neste ano, a discussão é exatamente sobre o crescimento dos cafés de qualidade. Almir José da Silva Filho, presidente da Abic, diz que o caminho é esse, mas que é necessário retirar do setor os "mal-intencionados ou mal-informados", que ainda confundem qualidade com produto ruim.

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