Outubro chega e chuvas são aguardadas, por Rodrigo Costa
O envio de um projeto de lei na Rússia para que a corte do país autorize o confisco de ativos estrangeiros provocou agitação e queda forte das bolsas, forçando o fechamento negativo na semana da maioria dos índices mundiais.
As operações de ataque ao IS (sigla em inglês do Estado Islâmico) coordenadas pelos Estados Unidos com o apoio de algumas nações árabes, França e parcialmente do Reino Unido contribuíram para que os investidores realocassem recursos para o dólar, fazendo a moeda americana atingir o mais alto patamar desde julho de 2010.
As commodities tiveram comportamento misto, com o açúcar subindo quase 10% em cinco dias, seguido pelas matérias-primas energéticas, e o café no meio também recuperando. Grãos e metais industriais sentiram mais o efeito da firmeza do dólar e cederam desde sexta-feira, dia 19 de setembro.
O movimento do arábica em Nova Iorque foi volátil com intervalos de negociação de mais de US$ 8.00 centavos nas três últimas sessões, tendo como fatores positivos não ter rompido a mínima da semana anterior, US$ 176.40, e encerrado a apenas US$ 3.75 da máxima (189.40) – o que não é muito dadas as condições recentes.
Londres oscilou menos e por ora tem conseguido ficar no meio dos 1900 dólares por tonelada apesar da proximidade da colheita no Vietnã, que não parece que trará uma pressão vendedora muito grande a princípio.
Fundamentalmente a novidade foi a primeira divulgação de uma estimativa de safra brasileira para 15/16, iniciada pela F.O.Licht. O número da consultoria alemã é de 43 milhões de sacas, ou 3 milhões de sacas a menos do que as 46 milhões do ciclo corrente. A produção mundial para 14/15 é estimada em 145.5 milhões de sacas, abaixo das 152.9 milhões de 13/14. A entidade diz que caso as perdas no Brasil sejam maiores os preços podem ultrapassar o pico de 1997, que foi de US$ 318.00 centavos. Outro dado interessante do relatório foi refrescar nossa memória que a última vez que houve dois anos consecutivos de produções decrescentes foi em 93/94, quando o mundo produzia 91.4 milhões de sacas – com o Brasil produzindo 27.2 milhões de sacas, e o Vietnã 3 milhões de sacas.
O mercado físico girou um pouco nas origens, principalmente na Colômbia que está na boca da safra, e os diferenciais não alteraram muito para o mercado FOB e spot, que continua vendo uma indústria abastecida e sem pressa de ir às compras.
O fim do mês de setembro fará com que a atenção dos participantes fique ainda mais focada nos mapas meteorológicos e no volume de precipitações, pois a temporada das chuvas não pode atrasar. As chuvas também precisam ser regulares para não causar maiores perdas nas lavouras que sofreram com a seca no começo do ano e com chuvas abaixo da média durante os últimos meses.
Os fundos reduziram ainda mais sua posição comprada, dentro do que esperávamos, e os comerciais estão com o dedo no gatilho para aumentar suas coberturas, seja em eventuais novas baixas, ou inevitavelmente a qualquer preço que eventualmente os futuros se encontrem tão logo os livros voltem a ficar mais “magros” – na últimas duas semanas houve um aumento do long destes participantes.
Tecnicamente os fundos devem voltar a comprar o mercado acima de US$ 190 centavos por libra. O real brasileiro desvalorizando faz com que os US$ 219.00 por libra sejam equivalentes a US$ 207.10 centavos por libra, com a moeda negociando a 2.45. Por ora não parece que isto deva alterar muito o comportamento dos produtores, que vão esperar a florada e a fixação das flores para voltar com mais apetite ao mercado.
Uma boa semana e muito bons negócios a todos.
Rodrigo Costa*
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