FUNDOS E COMERCIAIS POUCO MEXEM EM SUAS POSIÇÕES
A Ucrânia agiu duramente contra os militantes separatistas, e Moscou respondeu com novas ameaças e movimentação de tropas na fronteira leste do país. A situação é delicada e caminha para colocar em xeque os Estados Unidos, que pode se ver forçado a fazer mais do que pressionar por sanções e verbalizar sua insatisfação.
A economia Russa deteriora e o banco central teve que aumentar as taxas de juros para conter inflação e tentar “atrair” investidores a comprar títulos da dívida – em leilão no começo da semana não houve demanda pelos títulos oferecidos. O rublo voltou a enfraquecer, sendo até agora a moeda mais desvalorizada no ano após o peso argentino.
O Real Brasileiro também escorregou na sexta-feira após o banco central sinalizar que pode dar menos suporte à moeda. As ações dos mercados emergentes cederam para o menor nível em um mês, e os índices americanos ficaram de lado.
O café em Nova Iorque fez nova alta, atingindo US$ 219 centavos por libra, mas fechando a 12 centavos da máxima, com o último negócio da sexta-feira sendo a US$ 14.10 centavos do topo, ou US$ 204.90 centavos por libra-peso. Londres não conseguiu romper os 2200 dólares por tonelada, e uma nova tomada de lucros do “C” vai arrastar o robusta junto.
As exportações do Vietnã no mês de abril devem ficar em 3.67 milhões de sacas, totalizando 16.73 milhões de sacas desde outubro – sendo que metade do volume foi exportado em apenas dois meses. Há mais cinco meses para que outras 12 milhões de sacas migrem para os destinos, sem falar que há um pequeno carry-over que pode aumentar levemente o número.
Do Brasil aparecem mais ofertas no mercado físico local e no FOB, com os agentes se esforçando para abrir espaço nos armazéns e se preparar para receber cafés da safra 14/15. O esforço certamente também provém da necessidade de desamarrar um pouco o fluxo de caixa, leia-se transferir suas fixações, já que muitos devem estar preocupados com eventuais novas altas do mercado futuro.
Em uma nova revisão do tamanho da safra brasileira divulgada no começo da semana por uma grande trading-house, a estimativa da produção ficou em 45.5 milhões de sacas. Com isto, segundo a empresa, o déficit mundial vai ser de 11 milhões de sacas – e provavelmente não diminuirá muito no ano safra 15/6.
Pelo que parece não veremos novos números que modifiquem muito o cenário pelo menos por outros quatros meses, quando grande parte da colheita já terá acontecido. A munição dos altistas até lá será um eventual inverno chuvoso, com a chance do El-Nino ter aumentado em 65% segundo alguns institutos de meteorologia, ou um inverno muito frio que pode expor ainda mais o parque cafeeiro no Brasil. Aos baixistas resta mencionar um mercado carente de vendedores, e uma eventual liquidação dos fundos, que é um argumento fraco por estarem bastante dentro do dinheiro.
O Commitment of Traders tem nos mostrado que os participantes não estão com mais fôlego de aumentar suas posições na bolsa, quer sejam os fundos quanto os comerciais. Os primeiros há algumas semanas basicamente não alteraram suas posições, assim como os últimos que mantém virtualmente o mesmo número de contratos em aberto, tanto do lado comprado como vendido. Isto explica a volatilidade alta no intraday, e pode provocar derrapagens grandes nas próximas sessões.
A análise técnica ainda favorece um movimento de alta enquanto o contrato de julho não fechar abaixo de 198.80, que caso aconteça pode levar os preços para próximo de 180 centavos, nível que deve encontrar inicialmente um bom suporte.
Meu gut feeling, aos que sempre perguntam, é que o mercado vai cair nesta semana dado o fechamento da sexta-feira – que não tem servido muito de parâmetro ultimamente.
Eita teimosia, não é?!
Boa semana e muito bons negócios a todos.
Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting
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