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terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Clima no Brasil garante alta de mais de mil pontos para café na ICE

Um dia de ganhos incisivos. Assim pode ser descrita esta segunda-feira na ICE Futures US, com os contratos negociados de café arábica. Desde a abertura, num nível próximo das máximas da semana passada, os preços se mostraram firmes e vários stops de compra foram identificados ao longo da sessão, permitindo que o março rompesse várias etapas e atingisse, ao longo da tarde, seu melhor nível desde16 de maio do ano passado. Compras de especuladores e fundos nortearam as ações na casa de comercialização norte-americana. Tais aquisições vieram na esteirado clima no Brasil. Esse fator, até há alguns dias, era uma boa especulação entre os players que, no entanto, já demonstram um temor efetivo de que o calor intenso e as chuvas irregulares poderão fazer com que a produção de 2014 do Brasil seja ainda mais comprometida. É interessante lembrar que o país já via a safra deste exercício como inferior a dos dois anos passados, por conta do estresse natural das plantas e também por causa dos investimentos menos efetivos nos tratos culturais. Agora, porém, já se especula que os prejuízos poderão ser efetivos. Regiões chaves para a produção cafeeira do Brasil, como o cerrado e o sul mineiro, a mogiana e a alta paulista e o norte do Paraná continuam a sofrer uma onda de calor radical. No Estado de São Paulo, o janeiro foi encerrado com as maiores médias de temperatura desde 1943. Além do calor gritante, essas zonas produtoras ainda sofrem com níveis de chuva muito baixos. Tradicionalmente, o janeiro e fevereiro se mostram muito chuvosos e esse volume hídrico se mostra ideal para que os grãos de café se "encham" e estejam, por volta de maio, com peso consistente para serem colhidos. Diante dessa escassez de água, a tendência é que os grãos se tornem menores e sofram também problemas relacionados à qualidade.

No encerramento do dia em Nova Iorque, a posição março teve ganho de 1.075 pontos, com 135,95 centavos de dólar por libra peso, com a máxima em 136,40 centavos ea mínima de 125,00 centavos, com o maio registrando avanço de 1.065 pontos, com137,85 centavos por libra, com a máxima em 138,30 centavos e a mínima em 126,95 centavos. Na Euronext/Liffe, o março teve alta de 56 dólares, com 1.867 dólares por tonelada, com o maio tendo valorização de 60 dólares, para o nível de 1.839 dólares por tonelada.

De acordo com analistas internacionais, o dia foi marcado pelas especulações entre os players sobre o clima no Brasil. Vários relatos de empresas especializada sem meteorologia correram de mão em mão. Os dados que apontam que o cenário atual poderá continuar a ser verificado por um período ainda considerável deixaram muitos dos participantes em alerta e isso imediatamente se refletiu nos terminais. Rapidamente, níveis como de 128,00, 130,00 e até mesmo 135,00 centavos foram rompidos, permitindo um fechamento bastante sólido para o café.

"Tivemos uma sessão em que os compradores predominaram e os ganhos foram maiores que até mesmo aqueles esperados por operadores mais otimistas. A força compradora se mostrou intensa, principalmente na segunda metade do dia. Alguns players já falam em prejuízos concretos para a safra brasileira, o que teria motivado essa corrida compradora. Parece ser cedo para se falar em quebra ou em percentuais, afinal, nem sequer as chuvas foram retomadas no cinturão cafeeiro brasileiro. As altas talvez tenham sido proeminentes demais, o que pode demandar uma correção natural, mas é possível que o mercado passa a atuar em patamares mais altos, diante de uma realidade brasileira bem diferente daquela esperada ao final do ano passado, por exemplo", disse um trader.

"Só notícias baixistas já estavam precificadas, e que surpresas deveriam ser positivas para as cotações – no caso agora climáticas e de revisões de safras menores, não apenas para Brasil mas para a América Central. O tempo seco no principal país produtor gera opiniões para todos os gostos, desde as céticas que não crêem em perdas – e que alguns lembram as observações de Décio Ribeiro, que falava que café vem da África, e portanto uma planta extremamente resistente à seca – até as mais alarmantes que já quantificam perdas de mais de 5 milhões. O mais razoável, creio, é imaginarmos que a produtividade deve sim ser afetada, mas para dizer o quanto há que se esperar um pouco mais", indicou Rodrigo Corrêa da Costa, da Archer Consulting.

Modelos meteorológicos de médio prazo mostram que não estão previstas chuvas sobre as regiões produtoras de café do Brasil, pelo menos até 20 de fevereiro. Com isso, a expectativa é de uma reversão do atual quadro de baixa disponibilidade hídrica. Segundo especialistas, é provável que os cafezais entrem em estresse hídrico ao longo desse período, prejudicando o enchimento dos grãos, que deverão ficar mais leves e de menor tamanho na safra. Segundo a empresa Somar, até o dia 20 de fevereiro, deverão ocorrer chuvas apenas na forma de pancadas e, sobretudo, isoladas. Assim, alguns cafezais não serão prejudicados por esse quadro de calor e pouca água. Já a empresa Climatempo ressalta que não há previsão de chuva significativa nas áreas produtoras de café pelo menos até a segunda semana de fevereiro e que uma grande massa de ar quente e seco predomina sobre o Estado de Minas Gerais nos próximos dias.

Tecnicamente, o março na ICE Futures US tem resistência 136,40-136,50, 137,00, 137,50, 138,00,138,35, 138,50, 139,00, 139,50, 139,90-140,00, 140,50, 141,00, 141,50, 142,00,142,50 e 143,00 centavos de dólar, com o suporte 125,00, 124,50, 124,00,123,50, 123,00, 122,50, 122,00, 121,50, 121,00, 120,50, 120,10-120,00, 119,50,119,00, 118,50, 118,00, 117,50, 117,15 e 117,00 centavos.




Londres segue Nova Iorque e tem dia de fortes ganhos para café

Os contratos futuros de café robusta negociados na Euronext/Liffe tiveram uma segunda-feira de fortes ganhos, em uma sessão bastante movimentada, com um volume cerca de três vezes superior à média recente da bolsa britânica. O dia se caracterizou por compras especulativas e de fundos, sendo que os ganhos também foram sustentados pela oferta limitada de origens, dado que os asiáticos, principalmente o Vietnã, continuam de lado por conta das comemorações do ano novo lunar.

De acordo com analistas internacionais, o março atingiu nesta segunda-feira seu melhor patamar de preços desde 16 de agosto do ano passado. Os ganhos vieram na esteira de aquisições especulativas, mas também por conta de compras mais efetivas seguindo o bom comportamento de Nova Iorque, onde os arábicas subiram de forma intensa, refletindo a preocupação dos players com a possibilidade de as temperaturas altas e as chuvas irregulares comprometerem a safra brasileira de café.

"Muitos players que atuam nas arbitragens não pensaram duas vezes em adquirir mais efetivamente, seguindo as altas pronunciadas de Nova Iorque. O clima vinha sendo uma especulação junto a muitos operadores, mas, diante de vários levantamentos de empresas de meteorologia, que indicam que o cenário não deverá ter mudanças no curtíssimo prazo, a preocupação com prejuízos concretos cresceu e se reflete nas bolsas", disse um trader.

O março teve uma movimentação ao longo do dia de 15,8 mil contratos, contra 17,0 mil do maio. O spread entre as posições março e maio ficou em 28 dólares.

No encerramento do dia, o março teve alta de 56 dólares, com 1.867 dólares por tonelada, com o maio tendo valorização de 60 dólares, para o nível de 1.839 dólares por tonelada.

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