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terça-feira, 5 de novembro de 2013

CONSUMO DO TIPO ARÁBICA AUMENTA À MEDIDA QUE O PREÇO CAI
 Os consumidores de café no Brasil, América, Leste Europeu e
Oriente Médio deverão colocar mais grãos arábica em seus cafés no próximo
ano, à medida que os baixos preços atraem mais demanda pelo produto de melhor
qualidade.
    Um excedente do maior produtor desse grão, o Brasil, após duas colheitas
abundantes sucessivas, ajudou a reduzir os preços para o menor valor em quatro
anos e meio nessa semana, o que deverá impulsionar os torrefadores a aumentar o
uso do grão em suas misturas.
    Porém, os consumidores que detectarem o sabor mais doce e suave em suas
xícaras provavelmente estarão mais sugestionados do que de fato perceberão a
diferença, já que os torrefadores farão mudanças nas misturas que não
poderão ser notadas pelos consumidores.
    Uma pesquisa com 10 comerciantes e torrefadores internacionais de café
mostrou que entre 3 e 4 milhões de sacas de 60 quilos de café - de um
mercado total de mais de 140 milhões - deverão ser trocadas de robusta para
arábica em 2013/14. Os grãos arábica são normalmente encontrados em marcas
de alta qualidade e tipicamente comercializados com um preço maior do que os
grãos robusta, mais resistentes e ricos em cafeína, que são amplamente usados
em bebidas espontâneas.
    Ultimamente, a diferença de preços e menor classificação entre alguns
dos grãos arábicas e dos robustas diminuiu, surgindo uma reversão na
tendência de 2011/12, quando os torrefadores aumentaram a proporção de
robusta em seus blends para cerca de 5 milhões de sacas globalmente, devido aos
preços historicamente altos dos arábicas.
    "Claramente isso está acontecendo, embora eu não ache que será uma
mudança tão grande como vimos na redução dos arábicas em 2011/12", disse
um analista europeu. "A maior mudança é no Brasil".
    O maior produtor de café do mundo também é um dos maiores consumidores,
usando mais de 20 milhões de sacas por ano. Até 1,5 milhão de sacas do
consumo de café doméstico robusta do Brasil deverão ser trocadas por arábica
em 2013/14.
    Os torrefadores de café, que tipicamente não revelam seus blends,
aumentaram a substituição de arábicas com robustas após os futuros do
arábica no ICE aumentarem para seu maior valor em 34 anos em maio de 2011 e o
prêmio sobre o robusta ter alcançado US$ 1,90/libra. O prêmio vem desde
então caindo para menos de 40 centavos e os negociantes disseram que esse
poderá cair ainda mais.
    Há um amplo espectro de qualidades dentro das variedades arábica e
robusta, de forma que os prêmios variam entre diferentes classificações, com
os comerciantes notando que o arábica do Brasil foi comercializado com
descontos em relação a alguns robustas no mês passado. "Haverá uma
substituição, mas a quantidade dependerá da qualidade dos arábicas de baixa
classificação", disse um trader de uma torrefadora internacional.
    Além do Brasil, os comerciantes e torrefadores disseram que América,
Leste Europeu e Oriente Médio também poderão ver alguma substituição, disse
o trader, notando que os mercados emergentes de café são menos sensíveis às
mudanças no sabor.
    "Em países emergentes, as pessoas vão mais pelos preços do que por
qualquer outra coisa; elas não são tão exigentes quanto à qualidade",
disse o chefe de uma comerciante internacional de café, acrescentando que o
mercado na Europa Ocidental não é tão flexível.
    A produção de café do Brasil aumenta e cai de um ano para o outro devido
a seu ciclo bianual, à medida que os cafezais de arábica precisam de tempo
para se recuperar após render grandes quantidades de cerejas. As variações
entre os anos "on" e "off" têm diminuído, entretanto, parcialmente
devido às melhoras no manejo, replantio de arvores, com variedades de maior
rendimento e maior uso de fertilizantes e irrigação.
    A Organização Internacional de Café (OIC) ainda não publicou suas
previsões para 2013/14. Estima-se que a produção global em 2012/13 foi de
145,2 milhões de sacas, das quais dois quintos são de robusta. A OIC disse que
o consumo mundial em 2012 cresceu em 2,2%, para 142 milhões de sacas. O
crescimento futuro deverá ser focado na Ásia, região onde a maioria do café
robusta é produzida, e onde o café é mais consumido na forma solúvel.
   "Eu não acho que (a substituição) significa que a demanda por robusta
está caindo. Eu acho que a demanda na Ásia está forte o suficiente para
compensar isso. A demanda por robusta e arábica crescerão nesse ano", disse
um trader.

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