Café não para de cair na ICE e fica abaixo dos 110 centavos - A situação é crítica
Os contratos futuros de café arábica registraram nova retração nesta sexta-feira na ICE Futures US, bateram nos menores patamares em mais de 55 meses e viram o dezembro encerrar a semana abaixo do nível psicológico de 110,00 centavos. Em um cenário amplamente baixista, o café não consegue nem sequer esboçar reação e vê um movimento vendedor coordenado, principalmente por parte dos especuladores, que levam os preços a recuar de maneira consistente.
Ao longo desta semana, o primeiro contrato na casa de comercialização norte-americana apresentou retração de 4,84%. Operadores continuam a ressaltar que o fluxo de oferta do grão é consistente e que isso pressiona efetivamente os terminais. Adicionalmente, alguns players avaliam que as ofertas brasileiras se mantêm bastante ativas, principalmente com os produtores dessa origem aproveitando alguns diferenciais cambiais.
O mercado solenemente ignorou o plano governamental brasileiro de retirar cerca de 3 milhões de sacas do mercado, já que crê que a disponibilidade será tão consistente que esse montante de café não mudará o curso do atual cenário.
No encerramento do dia em Nova Iorque, a posição dezembro teve baixa de 120 pontos, com 109,10 centavos de dólar por libra peso, com a máxima em 111,45 centavos e a mínima de 108,80 centavos, com o março registrando desvalorização de 125 pontos, com 112,30 centavos por libra, com a máxima em 114,60 centavos e a mínima em 112,00 centavos. Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição novembro teve queda de 40 dólares, com 1.559 dólares por tonelada, com o janeiro tendo desvalorização de 44 dólares, para o nível de 1.538 dólares por tonelada.
De acordo com analistas internacionais, o ressurgimento das cinzas do café colombiano também é um fator de pressão sobre o mercado. Essa origem amargou praticamente quatro temporadas com produções bastante baixas, resultado de um programa de renovação e de problemas climáticos, mas neste 2013 voltou a registrar números de safra interessantes. Uma avaliação do banco Macquarie indicou que a Colômbia poderá ter uma safra de 9,5 milhões de sacas. Já a Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia, principal entidade representativa do setor no país, trabalha com projeções de mais de 10 milhões de sacas.
"Temos café barato no mercado e hoje vemos um diferencial entre arábicas e robusta muito mais limitado que nos picos de cotação, como em maio de 2011. A demanda por cafés brasileiros para compor alguns blends é bastante interessante. O cenário de mercado tende a não mudar e poderemos colecionar mais perdas para o grão. O mercado está francamente sobrevendido, entretanto, não encontramos um suporte no lado comprador. A situação é crítica", disse um trader.
O café viveu um dia dissociado dos mercados externos, que tiveram bolsas de valores em alta e ganho para várias commodities, como petróleo, cacau, açúcar e suco de laranja. Por outro lado, o milho, soja e o trigo experimentaram perdas nesta sexta-feira.
Entre janeiro e a segunda semana de outubro deste ano, a Federação Nacional de Cafeicultores da Colômbia contabilizou mais de um milhão de sacas de cafés especiais exportados, um marco nos registros dessa entidade. De acordo com estatísticas da Federação, é a primeira vez, em menos de 10 meses, que mais de um milhão de sacas de cafés especiais são remetidos ao exterior, excluindo as vendas de cafés especiais no mercado interno do país andino. De acordo com o diretor executivo da entidade, Luis Genaro Muñoz, essa importante conquista é o resultado da estratégia de valor agregado e diferenciação liderado pela Federação de Cafeicultores, que permite a escalada dos produtores de cafés especiais na cadeia de valor.
As exportações brasileiras no mês de outubro, até o dia 23, totalizaram 1.327.782 sacas de café, em relação às 1.571.687 sacas embarcadas no mesmo período do mês anterior, de acordo com informações do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).
Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram queda de 5.342 sacas, indo para 2.727.399 sacas. O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 26.753 lotes, com as opções tendo 4.545 calls e 1.704 puts — floor mais eletrônico. Tecnicamente, o dezembro na ICE Futures US tem resistência em 114,45-111,50, 111,85, 112,00, 112,50, 113,00, 113,35, 113,50, 114,00, 114,50, 114,70, 114,90-115,00, 115,10 115,50, 116,00, 116,35, 116,50, 117,00, 117,50, 117,65, 117,95-118,00, 118,50 e 119,00 centavos de dólar, com o suporte em 108,80, 108,50, 108,00, 107,50, 107,00, 106,50, 106,00, 105,50, 105,10-105,00, 104,50, 104,00 e 103,50 centavos.
Londres mantém viés baixista e cai quase 5% ao longo da semana
Os contratos futuros de café robusta negociados na Euronext/Liffe encerraram esta sexta-feira com fortes perdas. A posição janeiro rompeu o nível de 1.550 dólares e fechou abaixo desse nível psicológico, apenas confirmando a tendência baixista reinante. Vários players já admitem que a tendência natural é o janeiro buscar o nível de 1.500 dólares. A semana foi das mais negativas para os robustas, sendo que a segunda posição finalizou o período com perda de 4,94%.
De acordo com analistas internacionais, a sessão desta sexta-feira foi caracterizada por fortes liquidações, principalmente na segunda metade do dia, sem que os compradores dessem uma contrapartida. A sessão foi finalizada com o janeiro se posicionando muito proximamente da mínima do pregão. As rolagens de posições continuam, com a posição novembro vendo seu volume de contratos em aberto diminuir gradativamente.
"Londres continua a sofrer com a pressão do Vietnã. A nova safra do país começa a chegar às mesas de comercialização, ainda que lentamente. No entanto, ainda há um estoque considerável da safra passada e esse café vem sendo ofertado mais significativamente. Temos de lembrar que ao longo do ano os produtores do país seguraram esses grãos, em busca de preços mais consistentes. Agora, diante de uma nova safra gigante próxima de ser colhida, fica difícil qualquer movimento de retenção", disse um trader.
O novembro teve uma movimentação ao longo do dia de 2,36 mil contratos, contra 8,29 mil do janeiro. O spread entre as posições novembro e janeiro ficou em 21 dólares. No encerramento do dia, o novembro teve queda de 40 dólares, com 1.559 dólares por tonelada, com o janeiro tendo desvalorização de 44 dólares, para o nível de 1.538 dólares por tonelada.
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