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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Encafe

ENCAFÉ: DIRETOR DO CECAFÉ ACREDITA EM REAÇÃO DO MERCADO NO CURTO PRAZO
Os preços do café têm tudo para voltar a se sustentar no
curto prazo e apresentar uma recuperação na Bolsa de Mercadorias de Nova
York, que baliza as cotações internacionais do arábica, nos próximos 30 a 60
dias. A opinião é do diretor geral do Cecafé (Conselho dos Exportadores de
Café do Brasil), Guilherme Braga, que deu entrevista exclusiva à Agência
SAFRAS durante o 20o Encafé (Encontro Nacional da Indústria do Café), que
ocorre de 28 de novembro a 02 de dezembro, em Mata de São João, na Bahia.
Guilherme Braga disse que não esperava por uma queda como a vista na
bolsa, já que os fundamentos seguem positivos. "Não há excesso de oferta,
tanto que o Brasil vai exportar de 4,5 a 5,0 milhões de sacas a menos em
2012", comentou. O estoque global segue limitado e agora ainda é período de
frio no Hemisfério Norte, quando cresce o consumo.
A "desculpa" de que o cenário macroeconômico é negativo não basta
para tanta queda, observa, até porque a crise na Europa e problemas nos Estados
Unidos e outras regiões consumidoras não trazem grandes mudanças no consumo.
"A situação é firme nos fundamentos", reitera. Recentemente, a maior
substituição de arábica por robusta em blends pode ser indicada como fator
baixista para o arábica. Mesmo assim, o mercado já teve tempo para absorver
isso. A chegada da safra da América Central e da Colômbia no caso do arábica,
e no Vietnã do robusta, agora no fim do ano inegavelmente pesa sobre as
cotações, mas o equilíbrio de oferta e demanda persiste. "Os estoques de
robusta caíram e os de arábica também na mão dos consumidores", avalia
Braga.
Para o diretor do Cecafé, a bolsa de NY varia de humor segundo outros
fatores que não os fundamentais, acompanhando fatores técnicos. Mas isso vale
para o curto prazo, porque no longo o mercado segue os fundamentos de oferta e
demanda. Ele acredita que o mercado em 30 a 60 dias pode voltar a US$ 1,65 a US$
1,70 por libra-peso em Nova York. "Também não vejo espaço para grandes
altas", adverte. "O volume de negócios está menor, não só por causa do
produtor. O lado comprador está mesmo adiando compras", indica.
Recentes quedas podem estar sendo vistas, analisa Braga, com a chegada do
vencimento do contrato dezembro em NY. Quando se aproxima o período de
entregas, os comprados liquidam posições para não receber os cafés
certificados da bolsa, normalmente de safras "velhas" e que não tem tanto
deságio no preço em reclassificação por isso.
Guilherme Braga salientou que os cafés finos arábica brasileiros estão
bem valorizados no mercado internacional, com prêmios hoje acima do preço de
NY de 25 a 30 centavos de dólar por libra-peso. "A safra desse ano no Brasil
foi boa, mas não tão boa de qualidade por causa de problemas climáticos, e o
produtor vende primeiro os cafés mais fracos, por isso há escassez desses
grãos finos, que estão com prêmios acima da nossa concorrência", apontou.
Os cafés de qualidade superior do arábica, chamados diferenciados,
representam 20% das exportações desta safra, segundo Braga, devido ao clima
chuvoso na etapa final de maturação dos grãos e durante a colheita, que
afetaram a qualidade. Na safra passada representou 25% das exportações do
arábica. O produtor segura a oferta de qualidade e o exportador reflete isso, e
os prêmios de exportação sobem.

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