Roubini: Se Grécia sair, haverá corrida aos depósitos em Portugal, Espanha e Itália
O economista norte-americano Nouriel Roubini alertou hoje para o colapso da zona euro se a Grécia sair da moeda única, sublinhando que este cenário "sairia mais caro" à Alemanha do que ajudar os parceiros europeus. "Quem cortar a corrente aos gregos, provocará o desmoronamento total da zona euro", disse o professor de economia, que se tornou famoso por ter sido um dos que previu a quebra do mercado imobiliário norte-americano e a subsequente crise económica e financeira internacional, a partir de 2007. Se a Grécia entrar em colapso "haverá uma corrida aos depósitos nos bancos em Portugal na Espanha e na Itália", alertou o ex-conselheiro da administração norte-americana, traçando um cenário que muitos analistas consideram possível, se a aliança da esquerda radical helénica, a Syriza, que pretende denunciar o memorando de entendimento com a 'troika', ganhar as legislativas do próximo domingo. Perante os riscos de um contágio ainda maior a várias economias da moeda única, Roubini acha aconselhável manter a Grécia no euro, ou pela menos possibilitar-lhe uma saída gradual, ou seja, continuar a ajudar financeiramente Atenas, mesmo se o país voltar à sua antiga moeda, o Dracma. "Ambas as soluções são mais baratas para os contribuintes alemães do que deixar a zona euro afundar-se", sublinhou Roubini. Em entrevista conjunta com o professor de economia da Universidade norte-americana de Harvard ao site Spiegel Online, Roubini explicou ainda o que pode acontecer à maior economia europeia se a zona euro implodir. "O bem-estar alemão depende da união monetária, porque os exportadores alemães têm vantagens com o euro, a zona euro absorve 42 por cento das exportações alemãs, e não interessa à Alemanha ter metade deste mercado em recessão", vincou Roubini. As exportações da Alemanha para Espanha, Grécia, Itália e Portugal caíram acentuadamente no primeiro trimestre de 2012, segundo dados publicados no princípio deste mês pelo Instituto Federal de Estatística (Destatis). As vendas alemãs a Itália recuaram 7,6 por cento, à Espanha 7,8 por cento, a Portugal 14 por cento e à Grécia 9,8 por cento, no referido período, em comparação com igual trimestre de 2011, revelou o Destatis.
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