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segunda-feira, 25 de junho de 2012

Banco Central alerta para excesso de endividamento no Brasil

O caminho escolhido nos últimos anos para promover o crescimento econômico -


crédito - se tornou insustentável e pode levar o Brasil ao desastre. Ao lado de

outros emergentes, o País poderia conduzir a economia global a uma nova crise

financeira. O alerta é do BIS, o banco central dos bancos centrais, que neste fim de

semana reuniu os BCs de todo o mundo na Basileia.
Depois de anos de rasgados elogios à economia brasileira, o informe anual não

deixa dúvidas: o País já vive uma "desaceleração acentuada" e precisará agir com

urgência para mudar de rota. O BIS levanta a hipótese de que o endividamento no

Brasil já estaria em nível perigoso e vê riscos até de um boom imobiliário com

repercussões negativas no futuro. Alexandre Tombini, presidente do BC brasileiro,

esteve na reunião, mas se recusou a falar com a imprensa.

O BIS fez duas duras advertências. A primeira, aos países ricos: a injeção de

trilhões de dólares na economia inunda de forma perigosa os emergentes. "Isso cria

riscos nos emergentes similares aos que foram vistos nas economias avançadas nos

anos que precederam à crise."
O segundo recado chamou ainda mais atenção: ou os emergentes mudam de

modelo de crescimento ou verão a explosão de bolhas, com repercussão global.

Segundo o BIS, essas economias "enfrentam o risco de experimentar sua própria

versão do ciclo de expansão e estouro".

Para Jaime Caruana, diretor-gerente do BIS, os emergentes vivem um "crescimento

desequilibrado". Ele lembrou que esse cenário deixou "fortes danos nos países

avançados". A preocupação com os emergentes não ocorre por acaso.

Nos últimos quatro anos, eles foram responsáveis por 75% do crescimento global e

uma queda agora jogaria a economia mundial numa crise potencialmente pior que

a de 2008/2009. O BIS não disfarça a preocupação com o modelo da expansão

brasileira e aponta que o País registrou em três anos a quinta maior expansão em

créditos do planeta.

O crescimento médio de 13% foi três vezes superior ao aumento do Produto

Interno Bruto (PIB). Para o BIS, qualquer taxa que seja seis pontos porcentuais

acima da expansão do PIB é considerada insustentável. A diferença entre a

expansão de crédito e do PIB nos países emergentes está acima da tendência

histórica e, segundo o BIS, é um "presságio" de crise.



O BIS é claro: quer evitar que mercados como o do Brasil sofram em poucos anos o

mesmo drama da Europa hoje. Para isso, essas economias devem aproveitar que

ainda não entraram em recessão para reformar seus modelos de crescimento,

abandonando o modelo dependente de crédito e encontrar "fontes domésticas" de

expansão. "O modelo em muitos emergentes tem de mudar", disse Stephen

Cecchetti, economista-chefe do BIS. "Essas economias precisam tomar um caminho

sustentável." (Estado S.Paulo)









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