Os bancos centrais das principais economias declararam durante a semana que tomarão medidas para estimular o crescimento (EUA) e também para garantir recursos necessários para recapitalizar os bancos que estão frágeis (zona do Euro).
As notícias foram recebidas com alívio pelo mercado financeiro e as bolsas fecharam com alta entre 2% e 4%, com exceção de alguns emergentes e do Japão.
O corte na nota da dívida de Itália e Espanha por duas agências de risco não conseguiu atrapalhar a recuperação provocada pela “rede” de proteção que se desenha mais uma vez à custa dos principais governos. A solução, embora criticada por muitos pela falta de cuidado que alguns bancos tiveram em financiar papéis que deveriam ter custado mais barato, parece ser menos dolorosa do que deixar quebrar alguma grande instituição financeira – ainda que esta opinião não seja compartilhada por todos.
Os índices das commodities conseguiram subir também nos últimos cinco dias liderados pelos ganhos de metais, e energia (menos o gás natural), e entre os poucos produtos que caíram o café foi um deles.
O movimento negativo do nosso mercado aconteceu basicamente na sexta-feira, um dia depois de Nova Iorque subir respondendo também à valorização da moeda brasileira. A queda no último dia da semana foi preocupante para os altistas não apenas pela sua magnitude, mas pelo baixo volume negociado, e pela divulgação do relatório de posicionamento dos “traders”(COT) que mostrou o quão pouco a indústria tem comprado o arábica.
As agências de notícias culpam a chuva e a florada no Brasil pela baixa, e talvez possamos complementar dizendo que há um pouco mais de oferta de negócios de cafés suaves aparecendo. Ratificações de incremento de área plantada em alguns países da África, assim como um crescimento de produção de Honduras e uma potencial safra grande brasileira, pode também ter contribuído para que fundos continuem não querendo comprar o terminal. Em função da redução da posição comprada dos “non-commercials”, o volume bruto-comprado deles está há menos de mil lotes do menor nível que se tem em registro para o relatório do CFTC. Entretanto o que de fato vai dar uma alavanca de recuperação para este mercado é o aumento da posição vendida destes participantes, misturado com uma estabilização da figura técnica (gráfico), para que então possamos ver os diferenciais ficarem mais próximos do “normal”.
Como assim normal? De uma semana para outra enquanto o “C” caiu US$ 6.02 por saca, a BM&F subiu US$ 8.25 por saca, fazendo com que a arbitragem entre os dois mercados encerrasse o período com US$ 14.31 centavos por libra positivo, ou em outras palavras o natural brasileiro entregue na bolsa de São Paulo vale mais do que qualquer outro café-lavado entregue na bolsa de Nova Iorque (incluindo é claro o colombiano). Ou seja, enquanto o mundo acha negativa a notícia da florada no Brasil, os produtores brasileiros não acham, pois neste momento não precisam vender o café que tem, e tão pouco têm a certeza de que a próxima safra já está garantida.
Para o café do tipo robusta rumores de atraso da safra de Vietnã ajudaram a manter o nível do terminal praticamente inalterado, ainda que os estoques certificados representem 44% do número de contratos em aberto, o maior nível desde novembro de 2009.
O gráfico semanal nos dá a impressão de podermos ver uma nova queda do contrato da ICE, algo que deixa poucas novas explicações para serem usadas caso isto de fato aconteça. Uma continuação da firmeza do Real pode eventualmente reverter o quadro.
Uma ótima semana e muito bons negócios para todos,
Rodrigo Corrêa da Costa
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