Os contratos futuros de café arábica tiveram mais um dia de fortes perdas na ICE Futures US, com os preços batendo nos menores níveis em nove meses, atingindo os patamares de 25 de janeiro.
Diante da continuidade da pressão externa, com o temor de um agravamento da situação recessiva, especuladores e fundos se mostraram amplamente vendedores ao longo do dia e as perdas, que já vinham sendo incisivas ao longo dos últimos dias, apenas se ampliaram. Com muitos players partindo para segmentos como o do dólar, a moeda se valorizou e as origens também se sentiram estimuladas a efetuar liquidações, o que contribuiu para que as perdas se acentuassem.
No after-hours, as perdas desaceleraram e o dezembro fechou próximo do nível de 234,50 cents. Tecnicamente, o mercado se mostra extremamente baixista, com as resistências mais efetivas conseguindo ser rompidas sem maiores problemas.
Fundamentalmente, o mercado destaca a possibilidade de ampliação das chuvas no centro-sul do Brasil nos próximos dias, fato que, se consumado, dará fôlego para floradas e também para o pegamento.
No encerramento do dia, o dezembro em Nova Iorque teve queda de 780 pontos com 231,45 centavos, sendo a máxima em 241,95 e a mínima em 230,80 centavos por libra, com o março tendo retração de 770 pontos, com a libra a 234,60 centavos, sendo a máxima em 245,00 e a mínima em 234,05 centavos por libra. Na Euronext/Liffe, em Londres, a posição novembro registrou queda de 75 dólares, com 1.951 dólares por tonelada, com o janeiro tendo desvalorização de 73 dólares, com 1.983 dólares por tonelada.
Segundo analistas internacionais, o mercado voltou a demonstrar toda sua faceta negativa, caindo fortemente e seguindo o péssimo comportamento das commodities e da economia global como um todo. "Nós simplesmente sofremos com liquidações especulativas massivas. Todo mundo está atemorizado com o colapso financeiro", disse Jack Scoville, vice-presidente da Price Futures Group.
O café, ao longo desta semana, despencou 12% em Nova Iorque. Segundo o trader, com as perdas acentuadas as indústrias de torrefação realizaram algumas compras no período. "Os torrefadores estiveram bem ativos ao longo dos últimos três dias e estão recompondo um pouco de suas reservas para o final deste ano e começo do próximo. Eles ainda vão ter de adquirir para garantir que suas marcas estejam nas gôndolas dos supermercados", indicou o especialista.
Depois de o Federal Reserve pintar um quadro sombrio sobre a economia dos Estados Unidos na quarta-feira, os mercados ficaram nervosos e muitos players se refugiaram no dólar. Isso pressionou, por exemplo, o real brasileiro, o que fez com que os produtores do país se sentissem estimulados a liquidar mais incisivamente, já que vendem em dólar e recebem na moeda local que, segundo a consultoria EBS, teve 3,8% de retração ao longo desta semana. "Com o dólar tão forte, você talvez venda um pouco a mais do que aquilo que você não queria vender", sustentou Christian Wolthers, presidente da divisão de café verde da Wolthers Americas, ao se referir aos cafeicultores.
"Os fundamentos do mercado de café não se alteraram e continuam sólidos. Agora é preciso aguardar os desdobramentos das medidas que estão sendo tomadas pelas autoridades econômicas do hemisfério norte e sua influência sobre o rumo dos mercados nas próximas semanas", indicou o Escritório Carvalhaes, em seu comentário semanal.
O Vietnã deverá exportar 30 mil toneladas métricas de café em setembro, cerca de 500 mil sacas, total 16,7% menor que o registrado em agosto, previu o Escritório Geral de Estatísticas do país. A receita dos embarques deverá cair neste mês para 70 milhões de dólares, ante 83 milhões de dólares do mês passado. A previsão de remessas para a temporada 2010/2011 foi mantida em 1,16 milhão de toneladas métricas. A safra do país em 2011/2012, que se inicia em uma semana,é estimada em 18 milhões de sacas.
As exportações de café do Brasil em setembro, até o dia 22, somaram 1.600.339 sacas, contra1.699.950 sacas registradas no mesmo período de agosto, informou o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).
Os estoques certificados de café na bolsa de Nova Iorque tiveram queda de 3.410 sacas, indo para 1.434.411 sacas. O volume negociado no dia na ICE Futures US foi estimado em 24.504 lotes, com as opções tendo 7.432 calls e 7.628 puts. Tecnicamente, o setembro na ICE Futures US tem uma resistência em 241,95-242,00, 242,50, 243,00, 243,50, 244,00, 244,50, 244,90-245,00 e 245,50 centavos de dólar por libra peso, com o suporte em 230,80, 230,50, 230,10-230,00, 229,50, 229,00, 228,50, 228,00, 227,50, 227,00 e 226,50 centavos por libra.
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