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quinta-feira, 7 de julho de 2011

Piora o cenário mundial

Piora o cenário mundial
OESP
O cenário da economia mundial é hoje mais sombrio do que há uma semana, quando a ministra francesa Christine Lagarde foi eleita para dirigir o Fundo Monetário Internacional (FMI). A situação na Europa, já complicada pela crise grega, ficou mais assustadora com o rebaixamento de Portugal pela agência Moody"s de classificação de risco. Do outro lado do mundo, a principal locomotiva da economia global, a China, pode ter de avançar com menor velocidade por causa das preocupações com a inflação. Até a ajuda à Grécia ficou mais problemática, depois da ameaça da Standard & Poor"s de considerar o país em "calote seletivo" se os bancos privados participarem de uma reestruturação de sua dívida pública.Ontem, em sua primeira entrevista como diretora-gerente do FMI, Lagarde tentou exibir um moderado otimismo. A crise financeira de 2008 foi superada e o mundo está em recuperação, afirmou, mas logo em seguida acrescentou uma série de ressalvas: o crescimento é desequilibrado, há risco de superaquecimento nos emergentes, ameaçados por um fluxo muito grande de capitais, e, é claro, a Europa continua enfrentando o desafio das dívidas soberanas.A gravidade do quadro força os diretores e técnicos do Fundo a retardar as férias de verão. Antes de sair eles terão de sacramentar a liberação da nova parcela da ajuda ao governo grego. A União Europeia já aprovou a liberação. Falta a decisão do Fundo para o Tesouro grego ter acesso a mais um reforço de 12 bilhões. Essa providência será tomada numa reunião marcada para a próxima sexta-feira.Os problemas europeus tornam-se mais complicados com a desastrosa intervenção das agências de classificação de risco. A Moody"s impôs um rebaixamento de quatro níveis, de uma só vez, aos títulos públicos de Portugal. É preciso limitar o poder das agências, disse o ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäeuble, mostrando-se irritado e perplexo diante da reclassificação de Portugal. O governo português, lembrou o ministro, está adiantado no cumprimento de suas metas fiscais e nada poderia justificar o rebaixamento. A questão é séria porque os bancos enfrentam restrições legais para emprestar a países com baixa classificação.Na China, o banco central anunciou o terceiro aumento dos juros neste ano e o quinto desde o início do aperto monetário. A taxa de empréstimo de um ano subirá de 6,31% para 6,56%. A taxa de depósito passará de 3,25% para 3,50%. Houve reação imediata nos mercados de commodities. Se a economia chinesa crescer menos, a demanda de produtos básicos também aumentará mais lentamente. Na manhã de ontem as cotações do petróleo e dos metais caíram nos principais mercados.O caso chinês ainda apresenta uma complicação especial, desconhecida até há pouco tempo. Os governos locais - províncias e municípios - deviam no fim de 2010 o equivalente a US$ 1,65 trilhão. Isso correspondia a 29,6% do Produto Interno Bruto (PIB) estimado para o ano. O Conselho Estatal determinou a adoção de políticas para a correção do problema. Também isso poderá resultar em restrição ao crescimento econômico, mas esse efeito dependerá de como os governos locais consigam refinanciar seus compromissos.As autoridades chinesas vêm tentando ajustar a economia do País há mais de um ano, com medidas de restrição ao crédito, mas o crescimento continuou acelerado, apesar disso. Neste ano o banco central intensificou o aperto monetário, diante da persistente ameaça da inflação.Um crescimento menor da economia chinesa pode ser positivo para todos a médio prazo, mas seus efeitos imediatos podem ser muito ruins. Um freio nos preços das commodities poderá prejudicar a receita comercial do Brasil e impor maior cuidado com as contas externas.Mas o momento é especialmente impróprio para uma desaceleração chinesa por causa da estagnação de boa parte da Europa e da perda de impulso da economia americana. No caso dos Estados Unidos, a situação é agravada pelo impasse em torno do teto da dívida pública. Se o Congresso rejeitar a elevação do teto, o governo será forçado a um arrocho econômico brutal. Nenhum país sairá ileso.

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