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segunda-feira, 25 de julho de 2011

Moeda valorizada e infraestru​tura ameaçam expansão 25/07

Moeda valorizada e infraestrutura ameaçam expansão A sobrevalorização da moeda e os gargalos de infraestrutura são apontados como duas das principais ameaças ao crescimento do Uruguai nos próximos anos. Especialistas advertem sobre o possível esgotamento da capacidade do porto de Montevidéu até 2015. Quanto à taxa de câmbio, a preocupação é com a perda de competitividade das exportações, já que o peso uruguaio acumula valorização de quase 40% frente ao dólar, em relação a meados de 2004.Essa é outra evidência da interconexão crescente com o Brasil. Até 2002, quando o Uruguai abandonou o sistema de bandas cambiais e deixou sua moeda flutuar livremente, o peso uruguaio vinha seguindo os passos do peso argentino. Desde então, a moeda uruguaia tem mantido uma relação cada vez mais direta com as variações do real."A partir do governo de Tabaré Vásquez (2005-2010), houve um alinhamento do peso uruguaio com o real e o euro. No governo Mujica (desde março de 2010), o peso ficou, na prática, atado ao real", observa Álvaro Queijo, vice-presidente da União de Exportadores do Uruguai.Em artigo publicado há três semanas no jornal "El País", intitulado "Brasil domina o nosso dólar", os economistas Horacio Bafico e Gustavo Michelin demonstraram como as projeções recolhidas periodicamente pelos bancos centrais do Brasil e do Uruguai, com analistas do mercado financeiro, indicam movimentos praticamente idênticos das respectivas moedas nacionais entre março de 2010 e junho de 2011. A valorização do peso é apontada como uma das responsáveis pelo déficit em conta corrente. "O problema maior não é o valor nominal do dólar, mas o aumento dos custos de produção", diz Queijo. A inflação acumulada em 12 meses, até junho, alcançou 8,6%, enquanto trabalhadores negociam reajustes salariais em torno de 10% e o governo reluta em frear o gasto público. "A taxa de câmbio deveria estar em 22 pesos por dólar ou, no mínimo, em 20 pesos", afirma o empresário. Na semana passada, havia chegado a 18,46.O que também preocupa é a saturação da infraestrutura. A estatal de energia Ancap apresentou ao presidente José Mujica um plano para investir na recuperação e expansão da malha ferroviária, a fim de transportar seus produtos, afirmou ao Valor o presidente da empresa, Raúl Sendic. Na área aeroportuária, o novo terminal de Montevidéu - sob concessão do grupo Aeropuertos Argentina - foi inaugurado no fim de 2009 e é provavelmente um dos mais modernos da América do Sul.A questão portuária desperta temores no setor privado. Em junho, a movimentação de contêineres no porto de Montevidéu bateu recorde histórico, alcançando 80.040 teus (contêineres de 20 pés). O crescimento no primeiro semestre foi de 45% em relação a igual período do ano passado. "Vemos uma saturação da estrutura atual até 2015", comenta Roberto Mérola, diretor da Schandy, holding que controla a Montecon, maior operadora portuária de Montevidéu, com cerca de 200 mil teus anuais.Um dos grandes gargalos, segundo Mérola, é a existência de apenas um cais com calado superior a 34 pés. A última licitação para expandir o porto, realizada em 2010, terminou sem a apresentação de propostas.Apesar disso, Mérola demonstra otimismo com o futuro da economia uruguaia. "Há um fator conjuntural, que não sabemos como se comportará, que é o preço das commodities. Mas essas oportunidades se podem aproveitar bem ou mal, e o Uruguai está aproveitando bem."mesmp

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