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quinta-feira, 21 de julho de 2011

Ciclo de alta de juros está próximo do fim

Ciclo de alta de juros está próximo do fim
O ciclo de alta da taxa de juros está próximo do fim. Esse foi o recado extraído do comunicado apresentado pelo colegiado do Comitê de Política Monetária (Copom), que sem surpresa subiu a Selic para 12,50% ao ano. Essa taxa é a mais alta desde janeiro de 2009.O comunicado apresentado junto com a decisão teve a seguinte redação: "Avaliando o cenário prospectivo e o balanço de riscos para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, neste momento, elevar a taxa Selic para 12,50% ao ano, sem viés".Como se vê, o termo "suficientemente prolongado" foi suprimido, o que será visto por parte do mercado como uma indicação de que o ciclo, de fato, chegou ao fim.O termo, introduzindo no comunicado da reunião de abril e repetido em junho, ganhou status de "sinalizador", ou seja, indicava o que viria pela frente.Copom muda comunicado, mas não se comprometeNo entanto, conforme notou o economista-sênior do Espirito Santo Investment Bank, Flávio Serrano, o laconismo do comunicado não dá margem para conclusões, ou seja, não dá para descartar, completamente, uma alta também em agosto. O que se pode afirmar com maior grau de certeza, segundo o especialista, é que o ajuste iniciado em janeiro está próximo do fim.No caso de Serrano, essa decisão do Copom reforça sua aposta de que o ciclo, de fato, acabou por aqui.Uma visão mais clara do que foi discutido pelo Copom só na quinta-feira da semana que vem, que traz a ata da reunião. O teor das discussões, bem como o peso dados às variáveis domésticas e externas, ajudarão os agentes a fazer o ajuste fino nas suas projeções.Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), tal comunicado do BC pode levar a curva de juros futuros a perder o pouco prêmio dos vencimentos curtos, que já vinham mostrando uma redução nas apostas quanto a um aperto em agosto.Fica a dúvida sobre qual será a reação entre os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) de prazo mais dilatado. Se a percepção dominante for a de que o ciclo acabou, as taxas devem subir. Pois a parada pode ser vista como prematura para garantir um Indice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 4,5% em 2012.O que podemos esperar, com alguma certeza, é um debate mais acirrado dentro do mercado e da academia sobre esse aceno do BC. Certamente, o grupo que espera mais duas ou três altas, vai indicar que o BC comete o mesmo erro do ano passado, quando fez o último ajuste de alta na Selic em julho. Do outro lado estarão os agentes que acreditam que a autoridade monetária já fez bastante e que os efeitos dessa alta de juros, somados à restrição fiscal e medidas prudenciais ainda vão aparecer com mais força.No câmbio, o dólar comercial marcou o segundo dia de baixa ante o real. A moeda caiu 0,51%, para R$ 1,559 na venda. E a expectativa é de que o R$ 1,550 raso pode ser testado nesta quinta-feira.Isso depende do desfecho de uma esperada reunião de líderes na Europa, que pode dar alguma diretriz sobre como lidar com o endividamento da Grécia. Se o resultado for positivo aos olhos do mercado, nada impede que o euro volte a tomar fôlego, o que resulta em menor demanda generalizada por dólar. Ontem, a moeda comum retomou a linha de US$ 1,42.De volta ao front local, entre o fim da manhã e começo da tarde, o dólar parou de cair, mesmo com a firme baixa observada lá fora. Nas mesas, agentes comentavam a preocupação com alguma medida do governo.Afinal de contas, depois que o dólar foi a mínimas não vistas desde 1999, no começo do mês, a R$ 1,553, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ameaçou novas ações restritivas.Falando em canetas do governo, o fim de tarde foi agitado nas mesas que operam dólar futuro. O contrato de agosto, que chegou a cair 0,50%, e fazer mínima a R$ 1,561, rapidamente recuperou as perdas e passou a apontar leve alta de 0,06%, a R$ 1,569, antes do ajuste final.Junto com a virada de preço veio a história de que o governo poderia rever a Resolução 2.689, que rege o investimento estrangeiro no país.Independentemente da medida, a visão entre os agentes do mercado continua a mesma. Aumento de impostos, alongamento de prazos ou restrições nos derivativos são todas ações de efeito pontual. No máximo, tiram volume do mercado local, pois incentivam a operação com real em praças de negociação fora do país.Como disse o gerente da mesa da Advanced Corretora, Reginaldo Siaca, a fonte dessa valorização da moeda brasileira é e sempre foi uma só: a elevada taxa de juros doméstica. E o diferencial entre o juro brasileiro e externo só cresce.Eduardo Campos - Valor

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