Páginas

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Uma safra de laranja grande e remuneradora

Uma safra de laranja grande e remuneradora



Uma safra gorda e em geral remuneradora para produtores de laranja e indústrias

de suco. Assim deverá ser a temporada citrícola que se inicia em São Paulo, o

principal polo desse segmento no mundo, como sinalizam estimativas divulgadas

esta semana.

Na quinta-feira, Conab e Secretaria da Agricultura do Estado anunciaram, na

feira Agrishow de Ribeirão Preto, que a colheita paulista deverá alcançar 355

milhões de caixas de 40,8 quilos neste ciclo 2011/12. Do total, detalhou o

Instituto de Economia Agrícola (IEA), vinculado à secretaria, 303 milhões

deverão ser destinadas às indústrias de suco e 52 milhões vão abastecer o

mercado in natura.

Não há base de comparação para o levantamento conjunto, mas as estimativas de

mercado dimensionaram a safra passada em cerca de 300 milhões de caixas.

Haverá, portanto, um forte aumento, corroborado pelas projeções das próprias

indústrias.

Na segunda-feira, a CitrusBR, que representa as quatro grandes indústrias

exportadoras de suco do país (Cutrale, Citrosuco, Citrovita e Louis Dreyfus)

previu a colheita no cinturão citrícola de São Paulo e Minas Gerais, onde está

toda a matéria-prima utilizada pelas empresas, em 387 milhões de caixas. Também

não há base de comparação, mas a entidade reconheceu que será uma "grande

safra".

Ainda que a temporada 2010/11 tenha sido favorável às indústrias - já que a

oferta foi magra mas os preços do suco permaneceram elevados - e em geral

também positiva para os citricultores, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi,

declarou em Ribeirão Preto que a volatilidade dos preços pagos pela fruta é

motivo de preocupação. O ministro lembrou que, no ciclo, a caixa vendida pelos

citricultores variou de R$ 5 a R$ 15.

"Estamos dispostos a fazer um esforço para procurar uma forma de construir um

sistema que possa proteger o produtor de situações adversas e de variações

muito acentuadas de preços, mas queremos ouvir os produtores para ver como

poderemos fazer isso", afirmou Rossi, conforme sua assessoria de imprensa.

Consultada pelo Valor, Margarete Boteon, pesquisadora do Cepea/Esalq, previu

uma safra 2011/12 positiva para a cadeia produtiva, mas lembrou que houve

muitos problemas em 2010/11.

Em primeiro lugar, afirmou, os baixos preços pagos pelas indústrias em 2009

limitou os investimentos nos pomares, o que sempre prejudica a produtividade.

Depois, e principalmente, houve problemas climáticos sérios, que derrubaram a

oferta e fizeram com que muitos produtores não pudessem aproveitar a

recuperação dos preços. E os custos também subiram por causa da mão de obra e

em razão de doenças como greening e cancro cítrico.

Segundo o IEA, a mesma seca que afetou a safra 2010/11 beneficia a 2011/12. "O

longo período de estiagem que prejudicou a safra passada foi fundamental para

estressar a planta e induzir a excelente florada", informa o IEA em comunicado.

Conforme Margarete, a colheita da nova temporada ainda está muito no início.

Apesar dos preços recordes alcançados no mercado paulista na entressafra de

fevereiro, março e abril, quando a caixa chegou a bater em R$ 25, ela não

acredita que as cotações superarão os R$ 15 de 2010/11, quase três vezes mais

que em 2009/10. No ciclo passado, esse valor predominou no mercado spot e

também nos contratos novos de fornecimento de citricultores e indústrias.

Segundo o IEA, a área plantada de laranja em São Paulo alcança 601,6 mil

hectares - 549,6 mil de pomares em produção, com produtividade prevista em

671,6 caixas por hectare, 8,6% superior à da safra passada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário