Uma safra de laranja grande e remuneradora
Uma safra gorda e em geral remuneradora para produtores de laranja e indústrias
de suco. Assim deverá ser a temporada citrícola que se inicia em São Paulo, o
principal polo desse segmento no mundo, como sinalizam estimativas divulgadas
esta semana.
Na quinta-feira, Conab e Secretaria da Agricultura do Estado anunciaram, na
feira Agrishow de Ribeirão Preto, que a colheita paulista deverá alcançar 355
milhões de caixas de 40,8 quilos neste ciclo 2011/12. Do total, detalhou o
Instituto de Economia Agrícola (IEA), vinculado à secretaria, 303 milhões
deverão ser destinadas às indústrias de suco e 52 milhões vão abastecer o
mercado in natura.
Não há base de comparação para o levantamento conjunto, mas as estimativas de
mercado dimensionaram a safra passada em cerca de 300 milhões de caixas.
Haverá, portanto, um forte aumento, corroborado pelas projeções das próprias
indústrias.
Na segunda-feira, a CitrusBR, que representa as quatro grandes indústrias
exportadoras de suco do país (Cutrale, Citrosuco, Citrovita e Louis Dreyfus)
previu a colheita no cinturão citrícola de São Paulo e Minas Gerais, onde está
toda a matéria-prima utilizada pelas empresas, em 387 milhões de caixas. Também
não há base de comparação, mas a entidade reconheceu que será uma "grande
safra".
Ainda que a temporada 2010/11 tenha sido favorável às indústrias - já que a
oferta foi magra mas os preços do suco permaneceram elevados - e em geral
também positiva para os citricultores, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi,
declarou em Ribeirão Preto que a volatilidade dos preços pagos pela fruta é
motivo de preocupação. O ministro lembrou que, no ciclo, a caixa vendida pelos
citricultores variou de R$ 5 a R$ 15.
"Estamos dispostos a fazer um esforço para procurar uma forma de construir um
sistema que possa proteger o produtor de situações adversas e de variações
muito acentuadas de preços, mas queremos ouvir os produtores para ver como
poderemos fazer isso", afirmou Rossi, conforme sua assessoria de imprensa.
Consultada pelo Valor, Margarete Boteon, pesquisadora do Cepea/Esalq, previu
uma safra 2011/12 positiva para a cadeia produtiva, mas lembrou que houve
muitos problemas em 2010/11.
Em primeiro lugar, afirmou, os baixos preços pagos pelas indústrias em 2009
limitou os investimentos nos pomares, o que sempre prejudica a produtividade.
Depois, e principalmente, houve problemas climáticos sérios, que derrubaram a
oferta e fizeram com que muitos produtores não pudessem aproveitar a
recuperação dos preços. E os custos também subiram por causa da mão de obra e
em razão de doenças como greening e cancro cítrico.
Segundo o IEA, a mesma seca que afetou a safra 2010/11 beneficia a 2011/12. "O
longo período de estiagem que prejudicou a safra passada foi fundamental para
estressar a planta e induzir a excelente florada", informa o IEA em comunicado.
Conforme Margarete, a colheita da nova temporada ainda está muito no início.
Apesar dos preços recordes alcançados no mercado paulista na entressafra de
fevereiro, março e abril, quando a caixa chegou a bater em R$ 25, ela não
acredita que as cotações superarão os R$ 15 de 2010/11, quase três vezes mais
que em 2009/10. No ciclo passado, esse valor predominou no mercado spot e
também nos contratos novos de fornecimento de citricultores e indústrias.
Segundo o IEA, a área plantada de laranja em São Paulo alcança 601,6 mil
hectares - 549,6 mil de pomares em produção, com produtividade prevista em
671,6 caixas por hectare, 8,6% superior à da safra passada.
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