Equívocos sobre a agricultura
Hèlio Tollini
Mestre em economia rural pela Universidade Federal de Viçosa (MG) e Ph.D. em economia pela Universidade do Estado da Carolina do Norte (EUA)
O setor agropecuário brasileiro não precisa de grandes subsídios para expandir sua produção e competir internacionalmente. É um setor eficiente na comparação com outros países. Os avanços que tem mostrado foram fruto de políticas públicas, que não envolveram grandes transferências, e do trabalho e da assunção de riscos pelos empresários rurais. O governo sabe da importância do setor e o apoia. Por isso, é estranho que setores da sociedade brasileira promovam campanhas contra a agricultura.
Recentemente, um anúncio na televisão alardeava ser a carne bovina produzida com a destruição da Amazônia. O anúncio parece ter sido produzido por brasileiros, tendo como alvo os consumidores estrangeiros. Alguns anos atrás, quando a soja "tropical" ainda nem existia, anúncios em países europeus diziam que a Europa não devia comprar soja brasileira porque ela era produzida com a destruição da Amazônia! Isso também é explorar a ignorância alheia. A quem interessa tal tipo de desinformação? Quem financia essas campanhas na mídia?
Outra ideia dirigida contra o país é a de que os direitos dos trabalhadores não são respeitados. Certamente, há produtores agrícolas que não respeitam esses direitos, como há produtores em outros setores da economia que também não o fazem. Por exemplo, já foram vistos operários trabalhando em aeroportos brasileiros debaixo de chuva intensa, sem qualquer proteção. Não se ouviu ninguém reclamar mais respeito com esses trabalhadores.
A impressão é a de que o interesse não é pela proteção do meio ambiente ou do trabalhador brasileiro, mas apenas o de onerar o sistema produtivo da agricultura e o de facilitar a competição por aqueles que não são competitivos. Aparentemente, há países estrangeiros que financiam ações governamentais no Brasil com o objetivo de proteger trabalhadores agrícolas. É muito importante proteger todos os trabalhadores, tanto os da agricultura como os de outros setores. E, para isso, o Brasil não deveria aceitar ajuda financeira de outros países. Deveria ser ação prioritária para o governo brasileiro e ser totalmente financiada com recursos do orçamento nacional.
Ninguém desconhece que a conquista de mercados externos é importante para a agricultura e para os demais setores da economia brasileira. O Brasil precisa produzir para si mesmo e para a exportação. Seria erro fundamental limitar o crescimento da economia brasileira ao crescimento apenas da demanda interna, Se a agricultura compete eficientemente nos mercados internacionais, toda a sociedade brasileira se beneficia, Ganham os que conseguem emprego na produção e comercialização e ganham também os agricultores que não exportam, pois passam a contar com mercado interno melhor, já que parte da produção dos outros produtores vai para o exterior.
Causa estranheza que o governo procure apoiar a agricultura enquanto outros grupos trabalham para denegrir a imagem dos produtos agropecuários do país nos grandes mercados internacionais, afirmando que eles são produzidos com a destruição da Amazônia. Notícia recente atribui a autoria do filme denegridor da imagem da pecuária nacional a importante órgão governamental. Essa é uma acusação muito séria. É necessário examinar rigorosamente a autoria e a origem dos recursos que financiaram a elaboração desse filme. A notícia dizia também que havia a possibilidade de ser criada uma Comissão Parlamentar de Inquérito para averiguar esse assunto. O governo deve fazer essa investigação, tanto no Legislativo quanto no Executivo. Espera-se que o Brasil tenha atitude firme quanto à preservação da Amazônia e quanto à necessidade de competir internacionalmente, não limitando nossas oportunidades apenas ao crescimento do mercado interno.
É hora das autoridades brasileiras esclarecerem a origem e os responsáveis por esses ataques. Não se conhece outro país no mundo em que a agricultura seja tão atacada quanto no Brasil. Por enquanto, a agricultura segue crescendo, competindo, e gerando empregos e renda para população brasileira. Apesar de seus detratores, o agronegócio continua aumentando sua produtividade e expandindo negócios. Os que pretendem que o agronegócio brasileiro deixe de exportar deveriam pensar no grande número de famílias brasileiras que dependem dessa exportação para obter seu susten
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